Imagem: "Kondominiu abertu", da série Praia.MixNo cumprimento matinal habitual, mamã passa-me uma mãozinha na cabeça, inspecciona-me de alto a baixo, naquele olhar só de mãe. Sinto-me sempre um fedelho nesse gesto, mas é uma bênção ver a a mãe todos os dias. Trocamos assuntos rápidos. Nessa manhã ela estava furiosa:
- Ontem vi na televisão, o problema das casas clandestinas. Quando é que esse pessoal vai aprender!? Só visto como as pessoas constroem nas encostas, dentro das ribeiras, umas em cima das outras...! Quando que esse pessoal vai aprender? Esse pessoal não se educa: sujam a cidade, desorganizam a cidade...É preciso educar esse pessoal. Isto não pode continuar assim!
Pois mamã, isto não pode continuar assim. De resto, este pessoal só tem uma partinha da culpa. O pessoal precisa morar, dormir, comer, defecar e deitar o lixo nalgum lugar. O pessoal precisa viver e fazem-no como podem. É bem certo que o pessoal (nós) precisa de civilidade, mas como será isso possível, sem uma política de habitação, sem infraestruturas de saneamento básico, sem acesso à água e todo o resto? Como será isso possível, numa sociedade tão injusta? Mamã, é fácil chutar o miserável e culpá-lo de ser miserável. É fácil continuarmos a culpar o pessoal de sujar e desorganizar a cidade, mas o problema é bem mais profundo que "o pessoal". Para quando uma verdadeira cidade?
- Ontem vi na televisão, o problema das casas clandestinas. Quando é que esse pessoal vai aprender!? Só visto como as pessoas constroem nas encostas, dentro das ribeiras, umas em cima das outras...! Quando que esse pessoal vai aprender? Esse pessoal não se educa: sujam a cidade, desorganizam a cidade...É preciso educar esse pessoal. Isto não pode continuar assim!
Pois mamã, isto não pode continuar assim. De resto, este pessoal só tem uma partinha da culpa. O pessoal precisa morar, dormir, comer, defecar e deitar o lixo nalgum lugar. O pessoal precisa viver e fazem-no como podem. É bem certo que o pessoal (nós) precisa de civilidade, mas como será isso possível, sem uma política de habitação, sem infraestruturas de saneamento básico, sem acesso à água e todo o resto? Como será isso possível, numa sociedade tão injusta? Mamã, é fácil chutar o miserável e culpá-lo de ser miserável. É fácil continuarmos a culpar o pessoal de sujar e desorganizar a cidade, mas o problema é bem mais profundo que "o pessoal". Para quando uma verdadeira cidade?
5 comentários:
"1 love", jovem, sima tem stado ta flado pa li na blogsroll
pode ser qui nu tchiga la um dia
ti lá, nu continua ta culpa 'gentes'. sempre ê más fácil qui fazi algum cusa ou exigi a quem realmenti di direito
Concordo totalmente contigo, César! Que pertinente... É incrível a desresponsabilização social que tenho ouvido - fico boquiaberta.
Será que as pessoas constroem casas clandestinas e sem condições nenhumas só porque querem e lhes apetece? Será que não gostariam de ter uma casa/ apartamento alto-standing???
Tenho ouvido, inclusivamente, pessoas que não trabalham, que vivem de rendimentos próprios ou de outrem a dizer que @s empregad@s não gostam de trabalhar... pudera! El@s gostariam de trabalhar quase sem folgas, em ocupações precárias e de elevado trabalho físico e sem grandes estimulos ou perspectivas de evolução e ganhar 8 contitos por mês?!
Desde quando deixamos de "calçar nos sapatos" dos outros antes de os criticarmos?!
P.S.: E com isto não pretendo desculpabilizar... apenas reflectir...
Oh Catarina, as pessoas que constroem a casa nas "ladeiras",sem condições nenhum,na sua maioria,quarto à quato, ou bloco à bloco,não o fazem porque lhes apetece...é claro que todos gostariam de morar num apartamento,o problema é que a maioria nao pode e nao consegue..e o estado nao faz nada para ajudar...
Anómimo, não fiz nenhuma afirmação nesse sentido, pelo contrário, foi uma pergunta irónica...
Pois Pedro...também eu estaria apaixonado, vendo os milharzitos a cair na conta bancária.
Não é ilegal enriquecer-se; é a maneira como isto está acontecendo. Uma das coisas que vangloriamos é de termos instituições fortes. O problema é a bitola de comparação: em relação ao nosso continente, temos super instituições, mas será desejável? Será de louvar o desempenho do Tribunal de Contas? Ou a Assembleia Nacional? Será ético termos tantos deputados (70?) a chupar do Estado como chupam e a defender a República como defendem?
Somos bodónas se pensarmos que somos.
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