6.8.08

Black inside

Imagem: Tchalé Figueira

Os suecos já foram vikings. Hoje são europeus “normais”, mas o que terá ficado incrustado de viking no código genético (cultural) dos suecos? This is the point: heritage.

Nós temos de herança negra:

  • O Carnaval, de forma indirecta, claro, porque partiu do continente, foi parar ao Brasil e outros tantos países (Colômbia, Caraíbas, etc.) e refluiu para Cabo Verde. Isso na variante de SV. Porque desconfio que a Tabanka de Santiago terá influências do Carnaval original, carregado de simbologia sócio-cultural.
  • A Tabanka. Não conheço ritual mais rico em CV. Que outra manifestação se organiza como a Tabanka? Com as suas temporadas, as suas hierarquias, as suas funções, os seus reis e as outras personagens? Que outra manifestação tem mais sincretismo que a Tabanka em CV?
  • O Sanjon. Embora do ponto de vista religioso esteja enquadrado no ciclo das festas juninas cristãs (S.João, S.António, S.Pedro), o negro meteu aí o pé (ou a bunda, neste caso), com o Kolá. Não me parece muito de cristão aquele bater de coisa-na-coisa.
  • A música. Batuque, Finanson, Funaná…Morna. Morna não? Há controvérsias.
  • A Língua. O nosso lexical é maioritariamente português, mas a estrutura do Caboverdiano é da matriz das línguas africanas que a compõem.
  • A ginga, a dança, o sorriso, a malandragem e outras coisas mais.

Sei que já começo a soar a racista. Mas, é assim: a nossa componente europeia está aí e é “oficial”; a componente africana precisa de trabalho de reabilitação, por isso sou africanista, por militância, porque na verdade acredito na Cultural Universal. Ora vejam lá: há europeu mais africano que português? Ou seja, latu sensu, as Culturas se interpenetram, se cruzam e se fortificam. Mas conhecer a história e a génese é fundamental.

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