4.8.08

To be African or not to be

Imagem: Paramount Photographers

Um dos preconceitos básicos, que é preciso combater é que, quando falamos de África, falamos de preto e branco. Muitos dizem que este assunto tem pendor racial, que também é outro preconceito a abater. São preconceitos de ligeireza de abordagem. A questão de África e Africanidade tem a ver (sempre na minha modesta opinião) com a valorização das Culturas Africanas e com o sentimento de ser, ou não, “Africano”. O que observo, e do que sei de investigar o tema, é que somos africanos, e gostamos, mas quando se trata de assumir esta “condição”, a coisa muda de figura; entramos num rol de justificativas e alternativas.

Mas ser africano é comer com as mãos e vestir-se com bubus? O senegalês que não tem esses comportamentos deixa de ser africano? Não, definitivamente. No nosso caso, assumir a Africanidade é assumir uma grande herança, maioritária. Não passa nunca por esquecer que temos tanta coisa europeia…americana, asiática…

A questão é que, enquanto não resolvermos esta questão, não vamos explorar este stock cultural magnífico (vejam o que aconteceu ao batuque quando saiu à rua, ou seja, Pantera, Tcheka, Princisito…) e vamos ter sempre este bloqueio em nos relacionar com outros países (e seus nativos) de África; sejam ele miseráveis ou não. Felizmente que o tempo cura tudo.

4 comentários:

Redy Wilson Lima disse...

Tocaste num ponto muito pertinente César: muitos cabo-verdianos adoram afirmar-se como africanos quando percebem que identificar-se assim lhes traga algum auto-estima e algumas vantagens (falo por exemplo do que vejo no Bairro Alto em Lisboa, os crioulos aderirem sem complexos ao estilo "afro" porque se pensa que as brancas europeias adoram ter algo com "afros" ou "rastas", e quando a conversa é falar mal de África foge-se logo com a desculpa "palerma" de que Cabo Verde não é África por isso e por aquilo.
A verdade é que nós os cabo-verdianos, infelizmente, ainda andamos à procura de uma identidade (e quando se fala de sampadjudus a coisa é mais grave ainda, com todo o respeito).
Mas, a culpa de tudo isso penso ser do nosso sistema de ensino que não dá nenhuma importância a esta questão e mais grave ainda, nos ensina através de um olhar eurocêntrico do mundo e de nós próprios.

Djassi disse...

Cezar,
un kuza ki bu ka ta mensiona, ma talvez bu devia, é o fatu ki ser Afrikanu ou nau é un kondison geografiku. Kultura di Egiptu e di Libia enkuantu pais Afrikanu, ka ten nada a ver ku kultura di Senegal e Giné Bissau. Kabu Verdi É Afrika! Ami é orgulhozu di keli. Nos kultura, sima txeu povu mestisu ta demonstra txeu faseta, ki mi també é orgulhozu.

Redy Wilson Lima disse...

Hiena

Nunca disse que o badiu é mais africano que sampadjudu, e não entro nessa de quem é mais africano (eu ou tu).
Quando digo que o sampadjudu, normalmente, tende em se considerar menos africano, primeiro não estou a generalizar e segundo digo porque todos sabemos como e porquê surgiu a expressão "badiuzinho". A verdade é que o pessoal do norte tende a se auto-considerar mais próximo do Europeu (por razões históricas e físicas tvz) que o badiu e considera o badiu como negrinho (antigo escravo) de CV (mas é óbbvio que todos não pensam desta forma). É claro que há muitos badios que tb se consideram mais europeus que africanos, problema deles que ainda andam à procura da sua identidade.
Ser africano ou não sente-se, está no espírito como referiste, e não na forma de vestir.

Catarina disse...

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