31.10.08

Lixo é um indicador de ignorância

Imagem: cover design by John Gall

Aproveitando a pergunta de um dos meus visitantes favoritos, Catarina Cardoso (oi Cata!), se lixo dá dinheiro, aqui vai um raciocínio:

Sim, o lixo dá dinheiro! Se com inceneradora ou não, eu sei que é preciso mais inteligência no tratamento do lixo. Aliás, à montante, é preciso mais inteligência em não gerar lixo. É preciso sentido de ecologia, de responsabilidade ambiental. Se há matéria que é verdadeiramente global é o ambiente. Tenho para mim que nunca seria necessário produzir lixo, se as nossas atitudes fossem outras. Mas, admitindo que não é possível o nosso nível de conforto sem produção de lixo, ainda assim a palavra incomoda-me, porque revela ignorância:

Lixo é uma palavra genérica, que denomina o material que não sabemos lidar. Quando encontramos uma utilidade para algum desse material, deixa de ser chamado de lixo, para passar a ser chamado de "matéria-prima". Ou seja, com um pouco de raciocínio, o lixo é sempre matéria-prima para um outro processo. A transformação de um material em outro material gera por sua vez outros produtos, que devem ser tratados, antes de cairem no contentor genérico denominado "lixo". No caso de material tóxico, ou radioactivo, todo o processo de tratamento tem que ser rigorosamente controlado, porque o produto da sua transformação para ser letal.

Agora digam-me: como é que um país, que não consegue organizar uma porcaria de aterro sanitário, que não aprendeu ainda a NÃO sujar, um país que está de costas voltadas para questões ambientais, vai conseguir lidar com lixo perigoso?

É preciso fazer mais do que contas aos tostões. É preciso fazer contas à vida.

30.10.08

Actos grandes fazem homens grandes

Imagem: cartaz do filme "O sonho comanda a vida"...comanda, sim senhor

Ulisses Correia e Silva declarou publicamente os seus rendimentos. Para mim é uma grande treta esta manobra publicitária.

1 - É a lei, por isso nada de heróico por aí.
2 - É o que ele declarou. Não devia ser uma autoridade qualquer a fazer esta investigação?
3 - Não é garantia de nada, pois o que vale mesmo é o homem chegar ao fim do mandato, com a mesma verticalidade que neste momento quer fazer crer.

Muita gente põe-se a adivinhar se eu serei da esquerda ou da direita, do amarelo ou do verde, de isto ou daquilo. Eu só acredito na cidadania e é tudo. De momento sou pró-Ulisses, porque, apesar de ele mal conseguir cumprimentar as pessoas, isso não me importa. Ele fala bem, sei que é trabalhador, é inteligente e está a querer mostrar um autoridade na administração da cidade, que é o maior déficit desta cidade. O meu problema, a minha desilusão existencial, é que a política tem poderes ocultos e já tenho idade suficiente para ter assistido a umas boas reviravoltas.

Não me interessa a declaração de rendimentos e património do Dr.Ulisses. Interessa-me é que ele seja grande, que contrarie os lobbies que estão a destruir a cidade, que tenha uma política coerente, que faça uma gestão profissional, que mantenha o meu respeito por ele. De resto pode o homem milionar que não me interessa.

Actos pequenos fazem homens pequenos

Imagem: Francis Bacon
Esta assisti passando de carro.

No outro lado da estrada vinha uma pessoa conhecida. Armei um sorriso a preparar-me pelo nosso cruzamento. Ao lado da estrada fica um barranco, onde moram pessoas, embora não se as reconheça como pessoas e não se reconheça o barranco como zona e que, tudo juntado, pensamos que barrancos são lixeiras. É o que deve ter pensado a minha pessoa conhecida. Quando já estava pronto para soltar o sorriso, já perto de nos cruzarmos, vejo que sai da janela do seu carro, disparado, uma casca de banana! O choque do inesperado acaba-me com o sorriso. Mas, se não há Deus, há forças misteriosas que nos pregam partidas: a casca foi de encontro a um poste, não caiu no barranco, em cima da casa de alguém, ou em cima de alguém, retornando para a estrada. Ele passou e não me viu, ou fingiu que não me viu, ou tão somente foi apanhado de surpresa pela pequena correcção do destino, que impediu que a casca de banana desaparecesse pelo barranco abaixo e ficasse bem destacado, amarelo, em cima do asfalto.

A vida pode ter continuado, com toda a pose e o brilho do seu carro, das suas roupas, das coisas que tem, que faz e que mostra, mas nesse momento o homem foi pequenino.

29.10.08

Bombástico!

Agora é que são elas! "Cabo Verde poderá receber lixo tóxico da Europa"...Confiram esta notícia. Como disse um visitante de Bianda, ou a notícia é verdadeira, ou trata-se de uma atómica falta de responsabilidade dos Orgãos de Informação.

Atão, qual é o espanto? Qual é a vossa concepção de "parceria especial com a Europa"? Acharam que é por causa dos nossos olhos bonitos e da nossa pele (ligeiramente) menos escura que os pretos é que nos tornávamos "parceiros"? Meus caros, Cabo Verde é parceiro porque é menino comportado, não tem por hábito reclamar a valer e nem tem forças para isso.

Atão, acham pena o pessoal que vive do lixo? E nosotros que não apanhamos lixo em contentores, vivemos do quê?

28.10.08

Ostensivíssimo

Convenhamos: este carro é um absurdo de luxo para o Presidente da Câmara da Praia. Numa cidade como esta, que pessoas comem do lixo, que 60% das casas da cidade não tem uma ligação à rede pública de esgotos, convenhamos mais uma vez, uma cidade POBRE PÁ CARALHO, um Presidente de Câmara que ostenta uma carro desses, até dá ares de gozo.

Ainda por cima, já sabemos como é, por efeito de imitação, todo o Estado vai ter carros desses nos próximos tempos. O dinheirama que é sustentar esses monstros, deuses!! E agora Oposição? Nada a reclamar?

Eu é que estou maluco ou todo o resto é que está maluco?

27.10.08

...pergunta João Branco, in Nação, 23/10/2008

Estado grave

In Expresso das Ilhas, 23/10/2008
Que país é este em que a honra dos homens, e não homens quaisquer, homens que encarnam o Estado, é vilipendiada publicamente e esses mesmos homens não cobram? Ou serão esses homens realmente vis? Que país é este que milhares de contos circulam por assuntos obscuros, sem que venha alguém do Estado explicar aos cidadão quanto à mentira ou a verdade de tais acusações. Quando vamos ter um pouco de respeito por este Estado que não se respeita a si mesmo?

Fosse eu a ser chamado de ladrão, processaria esses mentirosos! Fosse eu a ser chamado de corrupto, tão às claras, ainda por cima tendo sido eu Ministro, e não um Ministro qualquer, um Ministro que tutelava a Polícia Nacional (!), juraria pela minha honra que reporia a verdade e não descansaria enquanto não metesse esses mentirosos na cadeia.

Fosse eu, claro.

Trauma, preconceito e medo

Dito por João Branco, in jornal Nação, de 23/10/2008
Na verdade não há trauma, nem medo, nem preconceito em alimentar uma rede de parasitas que não tem mais nada a fazer e vivem à custa do erário público, porque há vários anos que esta rede existe e custa caro ao erário público. Sustentar um Ministro, os seus assessores, os seus conselheiros, os seus directores, os presidentes de institutos, os consultores e mais uma data de denominações, sem resultados, sem projectos, sem perpectivas, é publicamente imoral. Em empresas privadas, pagam-nos para produzir resultados concretos e se não o fazemos, vamos para o olho da rua, puro e simplesmente. No sector público isto nunca acontece, como se dinheiro público não custasse os absurdos% que pago de impostos.

Pois João, caso de saúde mental.

22.10.08

Digníssimo de uma cidade

Vai acontecer de novo!

Quem não viu da primeira vez, que vá ver, porque vale a pena. É um espectáculo como João Paulo Brito já nos acustumou: encenação segura, cena a cena, gesto a gesto, movimento a movimento.

O texto é um dos que mais já gostei do Mário Lúcio: inteligente, um tanto rebuscado aqui e ali (é do autor esse estilo) mas com uma mão mais moderada e, por consequência, mais fácil para o espectador.

As actuações, Raquel e Vadi, são a chave do espectáculo: não são personagens fáceis, roçam o absurdo, o que quer dizer que facilmente deslizam para o ridículo. São personagens em que mesmo a inclinação da cabeça conta muito. Eu custumo dizer que o Jota é um torturador de actores, porque não perdoa nenhum olhar a mais ou a menos. Mas, é assim que se eleva o nível. Por tudo isso, o que os actores conseguiram foi grande.

A cenografia sofreu de execução. Aqui uma nota importante: enquanto não criarmos uma rotina de espectáculos, não poderão aparecer profissionais que executem correctamente um cenário: carpinteiros, ferreiros, etc. É uma das grandes valias do Mindelact: a rotina criou profissionais que já conhecem algumas especificidades de um espectáculo de palco. Entre a ideia do cenário e o cenário em si, ficou um mundo de coisas por fazer.

A iluminação...espero que desta vez funcione, porque é o elemento que cria os ambientes.

O som...com foi difícil encontrar os sons. Aqui mais uma vez a estória da rotina de espectáculos: na Praia, cada espectáculo é uma correria louca atrás de sons, adereços, figurinos e tudo o mais.

Enfim, vão lá ver o espectáculo. Sexta, às 20:30 e Sábado, às 19:30.

21.10.08

Estado de espírito

Esta foi uma conversa de restaurante. Não sei porquê, mas as conversas mais inspiradas aparecem em restaurantes e, muito especialmente, em bares. Por isso que é um acto de Cultura ter um bar no Palácio da Cultura. Lógico, não?!

Entre um golpe e outro na excelente feijoada da Tia, falávamos de Estado e Nação. Conversa de leigos, claro. A coisa começa precisamente aí: esses conceitos tem que entrar na banalidade das conversas de bares. Todo o leigo deve falar de Estado e Nação, sem temer a palmatória dos teóricos. Há déficit de Estado no nosso país e isso tem a ver com a falta de informação e formação em nós todos, do que seja isso. É uma faceta de Cidadania: saber o que é Estado, do que é constituído, quais são as suas funções e como legitima a sua acção, é ter conciência de Estado, é saber como participar e fortificá-lo. E não exercer essa cidadania leva a que a Nação não se identifique com o Estado.

A Nação caboverdiana é enorme, ultrapassando o território nacional. Temos o sentimento (eu tenho) que a Nação é forte. Somos uma país do mais débil que há em riquezas materiais, mas em contrapartida, a história que às vezes é mãe, às vezes é madrasta (coitada da madrasta, figura malfadada da história), construiu-nos uma Cultura forte, concisa, homogénea, expressiva, tanto que por séculos, entra colonialista, sai colonialista, entra burguesia, sai burguesia, a Cultura, como quem diz Povo, como quem diz Nação, mantêm-se (ainda) forte. Se assim não fosse, como explicar a força com que nos apresentamos ao mundo?!

Mas o Estado, como quem diz Burguesia, como quem diz Classe Média (e agora com laivos de Classe Alta), esse não é, de maneira nenhuma, e agora mais do que nunca, Nação. E no fundo a grande confusão que está reinando entre nós, com a face mais visível na violência, é mais uma episódio de Luta de Classes: a Burguesia, disfarçada de Estado, tenta impôr o seu estilo (excessivo) de vida; a Nação, efectivamente Povo, reage como pode: mata, rouba, esfola, faz xixi na rua, caga em tudo, cria esquemas e sobrevive.

E no final sou um Burquesinho de M...a tentar perceber o Estado de coisas, a tentar me integrar finalmente num Povo, que sei que pertenço, mas que não pratico na totalidade.

Está aberto a sessão de bocas. Quem manda a primeira?

17.10.08

ALUPEC BOYZ!!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA UH NHA MAI! KELI STA DIMAS!! Hiena ta mata algen!

Esta gajo, o Hiena, não pára de surpreender! O sentido da oportunidade, os cartoons sempre dentro do contexto...desengane-se quem pensar que o gajo faz chachada; ele trabalha com muito sentido de comunicação. E com elevado sentido de humor. Por isso uma admiração de Bianda, directamente para este espectacular blog: ojornaldahiena.wordpress.com

16.10.08

SOS Judicial

Imagem: BluBlu
Malta, este é um terreno que não percebo patavina. Não sei se à direita há minas, se à esquerda há precipício, quando começo a pensar que já entendo alguma coisa, vejo uma notícia que me desnorteia, enfim, preciso da vossa douta ajuda para perceber algumas coisas.

O Estado deixou de prestar, directamente, assistência judiciária, extinguindo o tal IPAJ, porque na altura acharam que os gajos mais pastavam que outra coisa, como de resto é prática em tudo o que é Estado. Como alternativa, estabeleceram uma parceria com a Ordem dos Advogado, que nascia no momento, em que o Estado paga uma quantia e a Ordem presta a assistência.


No entanto, a (De)Ordem, que já nos habituou a episódios tipo guerra de criancinhas, tipo o brinquedo é meu, não é meu, a bola é minha e cenas do género, parece que não anda a comportar-se muito bem. É assim: O Governo não tem dinheiro e por isso socorreu-se do Banco Mundial (sempre o gajo!) para poder pagar à (De)Ordem, para que este desse à mãozinha aos coitados. Entretanto, o Governo já devia alguns subsídios à (De)Ordem, porque diz a lei que a (De)Ordem deve ser subsidiada pelo Estado. Então, quando a (De)Ordem recebeu, finalmente, algum dinheirinho, resolveu que este não ia pagar a assistência, entenda-se pagar jovens estagiários do curso de Direito, ou, numa outra abordagem, trabalho mal remunerado, e que o dinheiro ia saldar a dívida dos subsídios. Começa o tiroteio. A Ministra da Justiça, que ao que parece não tem papas na língua, mandou umas bojardas à (De)Ordem. Esta pela sua vez chamou a Ministra de mentirosa. O Banco Mundial, que não gosta que o seu dinheirinho esteja em risco, exigiu a devolução imediata do empréstimo. O Governo teve que se virar para pagar o empréstimo. A (De)Ordem finalmente decidiu suspender a famosa Assistência. E no final da linha, os coitados se foderam.

Agora vêm as perguntas: O Estado subsidia a (De)Ordem? Porquê? Porque os gajos não têm dinheiro? Então não é a Ordem que os associados pagam altas quotas? A (De)Ordem não é privado? Mas se o Estado paga, é tão privado como isso? Mas se o Estado paga não devia impôr uma certa ordem? Mas...e se o Estado não paga? O que são afinal Casas de Direito, o que fazem, quanto custam e que função têm desempenhado? Quando é que as Ordens, de uma maneira geral, vão ser chamadas, sei lá, pelo Presidente da República, para que recebam uns cascudos? E quando vai finalmente a Ordem dos Advogados ter uma postura à altura da petulência dos seus membros?

Porra, tanta pergunta!

15.10.08

Digi&Tal

Imagem: Daniel Lee Xiao Jing
Depois de declarar (no A Semana, 10 Out.) amor absoluto aos livros e aos jornais impressos, de comparar a leitura no ecrã ao fazer amor virtual, de recusar tomar o meu cafezinho dos Sábados de manhã a ler um jornal ou um livro electrónicos, sai-me esta notícia:

"
Em 2018 as Feiras do Livro vão ser feitas de computadores? Talvez não, mas na Feira do Livro de Frankfurt discute-se o livro digital, ou a eventualidade de dentro de uma década o mercado dos livros estar invertido. Numa sondagem feita aos editores da feira, cerca de 40 por cento acredita que daqui a dez anos vão ser vendidos mais livros digitais do que a versão em papel impresso. " in, Público online.

A verdade é que o mundo se digitaliza a toda a força e não há nada a fazer com isso. A arte sedigitaliza, os serviços se digitalizam, as Comunicações se digitalizam e até as relações humanas se digitalizam: eu tenho bons amigos virtuais, ou seja, não nos conhecemos pessoalmente e já nos identificamos em isso e mais aquilo.

O digital vai dar que falar e eu estarei à espreitar, porque para além de gostar de umas coisas tradicionais, adoro a tecnologia...quando vem com amor, é claro.

13.10.08

Nova Semana

Imagem: Alexandre Orion

Saiu da hibernação o jornal A Semana. Saiu GORDO! Fez também um ligeiro lifting facial. Uma colecção notável de colunistas. E nas palavras, aquele orgulho de ser (presumo que ainda seja) o maior jornal impresso do país. O grande mérito do jornal A Semana é de ter história, de ter um grupo fiel de colaboradores e de conseguir mobilizar coisas surpreendentes, como os fóruns e a revista, que acabou por morrer à nascença, culpa da linha editorial, acho eu. O que me impressionou neste último número foi o debate entre Carlos Veiga e José Maria Neves: extenso, profundo, elucidativo na forma como as duas figuras pensam e muito, muito assunto para se pensar.

O jornal A Semana voltou. Pode ser que não esteja substancialmente diferente, essa onda das férias não gosto, pode ser que isto, pode ser que aquilo, mas o facto é que é um orgão de informação fundamental entre nós.

Coragem todas as semanas, pessoal!

10.10.08

Publicidade racista

...não entra chinês, índio, esquimó e muito menos crioulo. Exclusivo para brancos e para pretos.

Jornal indiscriminador

Que eu saiba os conteúdos dos jornais são cuidadosamente revistos pela equipa redacional. Mas publicidade passa tudo? Publicidade não é conteúdo? Porque publicidade rende umas massas, não se questiona o seu conteúdo? Ou o conteúdo foi visto, mas não foi considerado estapafúrdio? Ou o conteúdo, foi visto, foi considerado estapafúrdio, mas mesmo assim passou, porque...sabe-se lá porquê!

De vez em quando aparece cada uma!!

3.10.08

I'M PROUD!

"José Luís Jesus eleito presidente do Tribunal Internacional para os Direitos do Mar" Fonte: A Semana

Cá por essas bandas do Bianda, adoramos homens de elevada estatura técnica e moral. Reparem que é um dos mais altos cargos internacionais que um CViano já foi indigitado. Quando dentro de casa, aspirantes a políticos vão tirando cambalhotas e a decidir, porque infelizmente têm espaço, o futuro desta terra, baralhando tudo, pondo em perigo os avanços já conseguidos até agora, notícias dessas são como o sol depos da chuva.

Boaventura aos Luíses: José Luís Jesus, Luís Fonseca...homens que nos inspiram.

2.10.08

Federação Caboverdiana de Blogs

Imagem: Pepa Prieto

O meu amigo e colega de trabalho (bom, ex-colega) Lamanary Pina, ou Songo, fez algo, ao mesmo tempo curioso, útil e generoso: reuniu muitos blogs made in CV, num único espaço: http://www.netvibes.com/blogcaboverde#General

Curioso, porque dá-nos a dimensão de como anda este fenómeno da blogaria cá por nossas bandas. E curioso também verificar que os blogs CV são sérios! Não digo formais; são sérios na forma dedicada como os seus "editores", como chamou João Branco, organizam a informação escrita e visual. Há muita bianda por aí.


Útil, porque é um verdadeiro portal. Entramos e, de acordo com o nosso estado de espírito, vamos mais para política, sociedade, economia, tecnologia, curiosidades,...

Generoso, porque é preciso trabalho, pesquisa e dedicação para pôr de pé a empresa.


Ganda cena, Songo!

1.10.08

Cidade adversa

Imagem: http://www.fastcompany.com/

Lição de hoje, gratuito aqui no Bianda: como sobreviver em condições adversas, típicas de desertos, meio do oceano ou na cidade da Praia. Desafio: tomar um banho. Problema: falta de luz e água.

Acordei, não havia luz. Hoje em dia, estar sem luz é como estar o céu encoberto e não haver sol: é a natureza, pronto, nada a fazer. Não havia luz, pronto. Não tendo água na rede pública, sem luz o motobomba não consegue bombar a água lá pra cima. Por azar tinha pouca reserva. Calculei que devia ter uns 5 a 10 litros de água. Tinha menos: 2 ou 3 litros; nem "banho de caneca" dava. Que chatice!...Bom, toca a inventar:


Tenham sempre em casa um alguidar largo. Coloquem o alguidar no polibam, ou banheira, e despejem a água que resta do tanque. Importante: reservem 25dl de água para escovar os dentes e outros 25dl para eventualidades (tirar o patê da cara, ou coisa parecida). Agora a parte difícil:


Tenham tudo à mão: champô, gel de banho, touca, etc. Tirem a roupa. Antes de começar, concentrem as atenções nas partes críticas: sovacos, cavidade anal, áreas limítrofes aos orgões reprodutores, entre os dedos dos pés: que são zonas de maior concentração do fungos causadores de odores pouco apropriados ao convívio humano. Atenção: toda a operação é feita equilibrando-se nas bordas do poliban, em posição baixada, debruçados sobre o alguidar; encontrar uma posição estável e cómoda é fundamental Comecem pelos sovacos, cabeça e tronco. A cavidade anal é um momento delicado de actuar; há duas possibilidades: de frente, que tem a vantagem de abranger as zonas genitais; por trás, mais efectivo, se a cavidade anal contiver pequenos detritos. O equilíbrio é o maior desafio neste momento (os riscos desta actividade estão descritos abaixo). Passando o momento anal, o resto é tudo mais fácil, mas tenha sempre em atenção o equilíbrio e as lesões (descritos abaixo).


Pronto. Como estou num momento de equilíbrio de forças, yin-yang, de toda a situação tiro as lições, o malefícios e os benefícios.

Benefícios: fiquei fresquinho como um alface, apesar da delicadeza da operação; exercitei as pernas; alonguei os músculos dorsais; exercitei a paciência e o espírito da positividade.


Riscos: podem ocorrer quedas ligeiras a graves, causando contusões ou entorses; se acontecer uma queda de bunda, só doi pela figura de parvo; uma distensão dos músculos do ombro pode ocorrer ao se tentar alcançar as partes remotas.


É importante respeitar a sequência das intervenções: não vá lavar a cavidade anal com a água dos pés e os sovacos com a água da cavidade anal. De resto é um banho memorável.