28.11.08

Filmes da minha vida

Há filmes e filmes. Há dias em que temos a felicidade de ver uma estrondosa obra de arte, que nos muda a perspectiva. Não importa se é unanimamente espectacular para todos. Importa é que para nós, naquele momento, aquele tema, aquele realizador, aqueles actores e todas as outras dezenas de pessoas que trabalharam no filme, cumpriram o objectivo de nos perturbar a alma.

Este filme, "Maria cheia de graça", fez isso em mim. Ainda não sei bem explicar qual é a parte responsável por este desassossego: se foi a realização tremendamente naturalista, se foi o tema angustiante, se foi a representação ou se foi a linda actiz. Mas fê-lo. E por alguma razão tem tantos prémios.

Como não temos salas de cinema, só posso dizer que procurem nos vossos video-clubes.

27.11.08

Hiena à solta

Cartoon by Hiena
Ninguém pára este Hiena, o nosso cartoonista de serviço, com os seus golpes finos. Como lhe disse no seu blog, ele mata uma pessoa, a pessoa morre e fica por saber como morreu. Mata como os ninjas. Ele é que é um verdadeiro HIENANATOR.

Abraço Hiena.

25.11.08

Diluir o discurso

Vamos lá diluir o discurso um pouco sobre o Governo, para não parecer autismo a questão do Ministério da Cultura. Se tivesse que classificar o Governo, sabendo que muitos ministros apanham má nota, por estarem no sector que estão, de 0 a 10:

Primeiro-Ministro. Eu gostaria de ter um chefe da Oposição que me permitisse dizer que José Maria Neves não será o meu Primeiro-Ministro em 2011, mas não é o caso. JMN, no meu ponto de vista, fez política virada para os negócios e descuidou-se gravemente do Social e do Cultural. Mesmo assim, mesmo para os Negócios há falhas redondas: TACV em falência técnica; grave problema de Energia; Transportes Marítimos ainda não é realidade; Formação Profissional é insuficiente; não ter conseguido aprovar as Reformas da Justiça é um fracasso político; as PME nacionais estão sufocadas; as Telecomunicações continuam bloqueadas, com as altas tarifas, etc. As Infraestruturas é das raras área que me regozijo, ainda assim com críticas quanto às prioridades, por exemplo das Estradas em detrimento da rede pública de Água, Esgotos, Electricidade e Telecomunicações. Porque a Oposição desilude completamente, este Premier, pelo menos, garante a "paz institucional". Nota 6.

Ministro das Infraestruturas, Transportes e Telecomunicações. Manuel Inocêncio Sousa causa-me grande respeito. A grandeza de um homem é feita de História e este tem uma história política de grande valor. Não me esquecerei que, enquanto o PAICV esteve na oposição e muitos fugiram, este homem manteve-se inamovível na sua convicção política. Enquanto MITT porém as coisas têm desandado. Não o perdoo pela questão dos TACV. É ausente da minha actual área profissional, Telecomunicações. Cabo Verde tem uma oportunidade económica com as Novas Tecnologias, mas estamos 1 década atrasados e a culpa é maioritariamente das Telecomunicações (preços). Nota 5.

Ministro da Saúde. Sabem quanto ganham as enfermeiras? E os "serventes"? E os médicos? E os especialistas? Mas, tem aumentado os Recursos Humanos nesta área. Benvindo o curso superior de Enfermagem. Grande conquista o hospital Santiago Norte. Mas por favor tratem das condições de vida dos profissionais que, religiosamente, mantêm um nível adequeado de serviço. Nota 4.

Ministra da Reforma do Estado e da Defesa. Cristina Fontes Lima, caso não saibam, é uma pioneira na política CV, pós independência. Eu gosto de convicções e ela as têm. E ela participa da vida social do país, coisa que poucos ministros fazem. Ou seja, vai a exposições, concertos, lançamento de livros e outros eventos. Quanto à governação, a Reforma do Estado é uma realidade, embora as próprias contradições do país não a deixem avançar mais. Defesa é para repensar totalmente. Eu a vejo mais como uma diplomata do que uma governante. Nota 6.

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades. Não gosto do homem. É um dos ressurgidos do PAICV, como se nada tivesse acontecido. Saltou do Ministério da Economia para os Negócios Estrangeiros como se nada tivesse acontecido, safa-se sempre e há qualquer na conversa dele que não me agrada. Nota 3.

Ministra das Finanças. Cristina Duarte é uma força da natureza. O melhor do Governo. Nota 8.

Ministro da Administração Interna. Lívio Lopes, uma tocha apagada. Nota 1.

Ministra da Justiça. Ainda não há tempo para a avaliar, mas o sector da Justiça merece um valente cascudo, pela incapacidade de aprovar o pacote de reformas para a Justiça. Nota 3.

Ministra da Economia, Crescimento e Competitividade. Fátima Fialho entrou a querer sacudir as coisas e tem mostrado boa atitude, mas o sector em si está de rastos. A crise energética por si só deita tudo por terra. O desemprego elevado é indicador de incompetência de qualquer Governo. O Empreendodorismo é só conversa. Competitividade? O que é isso? Competitivos em relação a quem? Ademais, essa conversa de crescimento a 2 dígitos parece-me pura demagogia, em que as Estatísticas Económicas (ou a falta delas, ou a existência dúbia delas) são a culpa. Nota 4.

Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social. Madalena Neves é das pessoas que trabalham muito e não precisam se exibir. Foi posta neste ministério a ver se recupera o atraso da anterior gestão. A nódoa neste sector, para mim, é a Formação Profissional, que ainda é encarado como Educação de segunda. Nota 4.

Ministro Adjunto e da Juventude e Desportos. Sinceramente!...Nota 0.

Ministro do Ambiente, do Desenvolvimento Rural e dos Recursos Marinhos. Um discurso confuso. Não tem percurso no sector. Não tem pinta. Nota 3.

Ministra da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território. Alguém consegue explicar o que Sara Lopes faz no Governo? Ainda por cima com uma pasta desta tamanho? Nota 0.

Ministro da Cultura. Este blog é quase inteiramente dedicado a ele. Nota 0.

Ministra da Educação e Ensino Superior. Vera Duarte é outra grande senhora da política CV. Vamos ver como se safa. O sector é o maior fracasso de Cabo Verde de todos os tempos. Tudo devia ter começado aqui. Tenho dois exemplos: Cuba, embora deteste o regime; Estónia, independente há apenas 16 anos. Nota 3.

Ministra da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares. A minha jovem amiga Janira Hopffer Almada tem feito um incrível esforço para provar aos críticos que este ministério faz sentido e que ela aí está por mérito. Sim, ela é um fenómeno de inteligência e trabalho, mas o ministério não faz sentido. Nota 3.

Em resumo, este Governo só não cairá porque a Oposição tem sido péssima. Ai de nós se continuar a mesma lógica. Ai de nós se a Oposição não mudar o discurso incrivelmente baixo, se não se apresentar como uma colectividade de grandes homens desta terra, se não transmitir confiança e solidez. O Governo mantêm-se de pé, mas a que custo? Digo, a que custo em termos de $.

24.11.08

História da Cultura

Imagem: João Nelson, há 22 anos atrás

O pessoal do Ministério da Cultura abriu a boca, numa fiada de palavras decoradas. Andam a insultar a inteligência de cada qual. Mas isso é bom! Inflama os ânimos e dá vontade de mandar tudo pelos ares. Mas, invés disso, vamos a uma soft war; bofetadas com luvas de seda.

Em 1986, há 22 anos atrás (caraças!) nascia uma revista cultural, uma das maiores da história cultural do país, não pelo tamanho, mas por representar uma alta densidade de pensamento: SOPINHA DE ALFABETO. Vejam os nomes: Mito, Filínto Elísio, João Nelson, Eurico Barros, Arménio Vieira, Vadinho Velhinho, Oliveira Barros...e outros tantos.

Revistas culturais já não há. O Artiletra é qualquer coisa de...extemporâneo. O Pretextos publica, mas quem sabe sequer da sua existência? Os jornais da praça têm um minúsculo caderno, que não devem ser chamado de "caderno cultural" por respeito à Cultura. Mas, o desaparecimento das revistas culturais é sintomático de uma coisa maior: o desaparecimento de movimentos culturais. Ou, de uma forma mais consentânea, os movimentos que existem (se assim podem ser chamados) não colam com a dinâmica actual da sociedade cabovediana. Ou, de uma forma extrapolatória, toda a Cultura, enquanto actividade organizada, perdeu o passo da história. Está ULTRAPASSADA.

Antes de discutir o sexo dos anjos, convinha que olhássemos no espelho e perguntássemos: O QUE SE PASSA? O que significa afinal o fazer da Cultura, nos presentes dias? Antes que a Cultura tenha uma economia, ou que contribua para a economia, ela precisa se identificar.

Fuga em frente

Imagem: capa do livro "Animal Farm", por Shepard Fairey

Uma semana de ausência! Explicações impõem-se. Não é que um blogger tenha que se explicar, mas quando se têm um público "fidelizado", quando se recebe tantos inputs na rua e se ouve tantas palavras de apreço, então um blog deixa de ser tão pessoal como isso; é uma comunidade, de algum modo. Obrigado os que se indignaram com esta semana silenciosa.

Bom, estive numa espécie de catatonia depois do fórum sobre a Economia da Cultura. É que não posso com tanta desonestidade pegada. Uma pessoa fica a pensar se manda isto tudo àquela parte, se fica mudo ou se deixa a coisa passar, para retomar a serenidade dos dias. Foi o que fiz, mas mesmo assim fiquei com sequelas; não paro de pensar nesse tal fórum, um rol de palavras vãs.

O Ministro da Cultura, esse, já roça o absurdo, de tanto repetir os mesmos versos sem piada. Sr. Ministro, governar não se faz com versos; faz-se com políticas, programas e projectos. Para além disso, faz-se com verificação de resultados. Mandei-lhe um recado pela televisão. O Sr retorquiu também pela televisão. Desafio-lhe a apresentar os seus projectos, os seus resultados e os seus impactos concretos. Pois, falar é fácil.

O Sr Primeiro Ministro já teria perdido o mandato, se Cultura desse votos. Aí é que está, as acções para o sector da Cultura não tocam as pessoas directamente. Há coisas mais urgentes: água, energia, habitação, etc. Mas, sabemos nós bem que há coisa imediatas e há coisas definitivas: o investimento na Cultura é definitivo e estruturante. O Premier sabe bem disso, mas tanto se lha dá! Deu ao Ministério da Cultura 6 meses para apresentar um Plano Estratégico para a Cultura. AHAHAHHAHAHAH

É isso que chamo de fuga em frente...E a caravana continua.

12.11.08

Tropa

"...promoção, por método de escolha, de mais 21 militares nas classes de oficiais e sargento. De majores para tenentes-coronéis, foram promovidos Arsénio Gomes (director do Planeamento Estratégico do CEMFA), Didier Andrade (director do serviços de saúde), Carlos Nascimento Rodrigues (comandante Iª Região Militar de S.Vicente) e Eloy Gomes (comandante da III Região Militar). Este encontra-se em formação na Espanha desde Agosto deste ano. Outros sete capitães ascenderam à categoria de major. São eles: António Vaz, Carlos Dupret de Melo, Armindo Sá Nogueira Miranda, Arlindo Lima, Domingos Rocha, Mário Almeida e Octávio Tavares. A nível de sargentos ajudantes, quatro dos quais passaram para o posto de sargento-mor: José Augusto Cabral, Jorge Rodrigues, António Barros e Carlos Varela. Mas as promoções não ficam por aí. Seis sargentos ajudantes transitaram para a categoria de sargento-chefe. São eles Teotónio Mendes, Celestino Barros, João Baptista Andrade, Francisco Lopes, Frutuoso de Pina e Cesário Dupret."
In A Semana, 7/11/2008

Consta do Orçamento do Estado para 2008 que o Ministério da Defesa dispõe de 13 mil contos para "Despesas com pessoal", entre as quais 6 mil contos para "Pessoal do Quadro Especial". Agoram digam-me uma coisa: o quê exactamente faz a tropa nesta terra? E que raio de "Quadro Especial" é esse?

11.11.08

Carácter

Imagem: Pormenor de foto de Eneias Rodrigues/A Semana

Quem já teve oportunidade de trabalhar com esta senhora, eu já tive, sabe que ela é uma força da natureza: elegante, inteligente, determinada, trabalhadora,...implacável, para alguns. O certo é que é uma sorte tê-la na importante função de Ministra das Finanças. O jornal A Semana traz mais uma grande (enorme) entrevista, desta vez com esta senhora. Ao ler, fico com a sensação do seguinte:

A mulher faz uma boa gestão das contas, arruma a casa e introduz mais equilíbrio no sistema. Mas o sistema é lixado como tudo. Particularmente agradou-me a noção "contenção na despesas públicas". Não fiquei muito convencido da boa vontade do Governo em baixar os impostos. Ou de uma maneira genérica, não fiquei muito convencido da baixa do custo de vida, porque, ao mesmo tempo que se fala de baixa de impostos, fala-se de mais taxas (ecológica, iluminação pública, rodoviária, etc). Irrita-me a injecção de dinheiro nos TACV. O subsídio ao Fast Ferry não foi explicado convincentemente. A taxa de inflação continua a ser um brinquedo político, revelando-se um grande falta de honestidade para com o cidadão. Igualmente andam a brincar com a taxa de desemprego.

Quanto ao microcrédito, uma notícia interessante, tanto que improvável: a criação de um banco de financiamento às PME. Eu penso que um dos grandes bloqueios à nossa economia é o desempenho da iniciativa privada, não se tratando só da questão do financiamento. Para além de ser necessário, sim senhor, criar uma estrutura financeira apropriada às PMEs, é necessário mais ainda, uma revolução no sistema de ensino, académico e profissional, introduzir mais cultura de responsabilidade e partilhar com os cidadãos a visão de desenvolvimento do país, para que cada um saiba onde pode, com a sua força criativa e de trabalho, incrementar esta visão.

A entrevista da Sr.Ministra das Finanças incrementou a minha visão. Obrigado.

10.11.08

So long Makeba

Um sentido adeus a esta notável senhora, que se opôs ao apartheid, tendo-lhe valido o exílio por mais de 30 anos. Ganhou um grammy e foi uma das primeiras cantoras africanas a ter sucesso internacional. Uma notável africana, que partiu a noite passada juntar o seu espírito aos outros grandes espíritos.

Mayday

Manuel Inocêncio Sousa será um dos melhores ministros de José Maria Neves. Será? Pelo menos aquela cara permanentemente séria inspira solidez. Será certamente um dos mais fiéis militantes do PAICV. Lembro-me que, no tempo em que este partido esteve na oposição e muitos militantes "convictos" desapareceram de cena, este homem aguentou as pontas em S.Vicente. Nunca desistiu. Nunca deixou de chatear. A sua nomeação a Ministro de Estado e das Infraestruturas, politicamente, é um prémio justo. O problema é que nós, os cidadãos, precisamos é de governação real. Nós que somos accionistas no Estado, precisamos de gestores que não ponham o nosso precioso dinheiro em risco.

É intolerável que o Governo venha nos dizer que a empresa contractada para gerir os TACV deixaram um enorme buraco financeiro, a tal ponto que os TACV não conseguem sequer pagar os funcionários e que por isso vai ser injectado 500 mil contos nessa empresa. E o crime de gestão danosa? Porque não processamos a dita empresa? Que estava a fazer o Sr. Ministro quando nos dizia que a situação estava normal e que o Governo confiava nos tais impostores? Que tipo de controle financeiro fazia o gabinete do Ministro? Não será este um caso de gestão danosa do próprio Sr.Ministro?

Em países a sério Ministros caem quando acontecem coisas dessas. Aqui a caravana continua.

6.11.08

Metade cheio ou metade vazio?

Imagem: cartaz do filme "Lost Highway", de David Lynch
Quem mora na Praia e anda de carro deve sentir aquela pontada no kundindin (vulgo, cóccix) de toda a vez que o carro bate num buraco. Ainda por cima agora que tudo está em obras (uma salva a isso!). Esta cidade tem um ENORME problema de estradas de acesso; se uma estrada fecha-se para obras, é a maior confusão.

Alguém que me informe, por favor: como veio cá parar a circular? O dinheirinho, quero eu dizer. É que muitas vezes aparecem os tipos de fora (MCA, Banco Mundial, etc), esses tipos chamados Consultores, que ganham pipas de dinheiro dando-nos conselhos úteis de como devemos desenvolver e, plin, aparece uma circular. Excelente. É uma obra de grande envergadura, é futurística, marca a expansão da cidade, transportará os turistas directamente do aeroporto ao Golf Resort, sem passar pelas pocilgas da cidade, etc, etc. Só que de momento não tem uso nenhum.

Enquanto isso, todos os dias, quatro vezes por dia, no mínimo, milhares de condutores sofrem pelos becos da cidade. Há duas posições aqui: boas estradas no interior da cidade, ou um grande estrada no exterior da cidade. Bravo pelas excelentes vias principais, que já estão a ser asfaltadas. Mas e as estradas de acesso? E a incrível rede de estraditas existentes, estreitas, esburacadas, não sinalizadas, mas super úteis? Alguma ideia?

5.11.08

Intolerância

...racial, religiosa, política, sexual.

Quando há intolerância em relação a um ser humano, há atitudes estúpidas, da mesma maneira que, quando não sabemos o que fazer com alguma coisa a atiramos para o lixo.

Doentes mentais eram tratados antigamente como demónios e eram encarcerados. Ainda há pouco tempo havia esta ideia de encarcerar o doente mental. No tempo da inquisição, em nome de Deus, a igreja católica mandava queimar pessoas vivas. A intolerância já levou a que pessoas de uma determinada cor fossem destratadas a níveis que nem imaginamos hoje em dia. Mas o pior de tudo é que, enquanto há seres humanos, há intolerância, que se manifesta, mesmo nos dias que correm, das maneiras mais esquisitas.

Estamos sempre na eminência de ser intolerantes. Quando tecemos certas considerações acerca das pessoas que acostam o nosso país em pirogas e embarcações não dignas de transportar qualquer ser vivo, somos intolerantes. Quando repudiamos a ideia que os Muçulmanos possam ter um programa na televisão nacional, como tem os católicos, somos intolerantes. Quando achamos que homosexuais devem ser tratados em clínicas comparáveis às de toxidependência, somos intolerantes.

O caboverdiano é um povo estranhamente intolerante. Será porque, apesar de estatisticamente ter escola, na verdade não tem educação? E falo de todos os níveis: do básico ao universitário.

Na imagem: execução de gays no Irão

Momento histórico

Eu não entrei na febre Obama. Publiquei um post que irritou algumas pessoas, aqui, em que recusava endeusificar o homem. Não acredito que os EUA deixem de ser o que são, que deixem de ter Guantanamo, que passem a ser julgados no Tribunal Internacional, que poluam (muito) menos, que iniciem guerras estupidamente, que parem de apoiar Israel incondicionalmente, que diminuam as bases militares no mundo, que tenham um sistema social mais justo, que promovam o Comércio livre, etc, etc. Mas tenho de reconhecer que a vitória de Obama nos EUA é uma grande vitória simbólica. Para mim esta vitória significa uma coisa: que o tempo de branco, preto, amarelo ou vermelho está a ficar REALMENTE uma coisa do passado.

Que estas eleições sirvam de exemplo a nações que ainda teimam em reprimir uma parte da sua população, com argumentos parvos de primeira, segunda ou não sei quantas gerações. Que paremos de ouvir altos dirigentes de países, pretensamente nossos parceiros, a atirar da boca para fora, considerações ligeiras. Fui claro Ferreira Leite?

4.11.08

Economia sexual

Um ilustre caboverdiano, economista, notabilizou-se pelas suas investigações no campo da Sexologia. Ao cruzar as duas ciências lançou as bases de uma nova teoria, que se pode apelidar de “Economia Sexual”.

Segundo a teoria, o sexo deve ter por fim exclusivo a (re)produção. Qualquer outra forma ou manifestação sexual é puro desperdício. A masturbação, por exemplo, é um acto que periga o factor de produção sémen, que está calculado em 5 litros, a sua existência total em cada par de testículos.

Ainda, segundo a teoria, o jovem rapaz deve se economizar até depois de casar. Uma vez casados, a jovem rapariga deve aprender a calcular o pico do seu período fértil, que será a data da maximização do acto sexual, em termos produtivos. O prazer decorrente do acto é um efeito indesejável, provocado pelo coito, que, por fricção, produz calor e excitação, comparados ao calor e ao fumo das fábricas. Investigações estão a ser feitas com vista a diminuir esses efeitos nocivos, de maneira a tornar o acto mais limpo possível. Assim, está a ser desenvolvido um dispositivo electrónico que o rapaz implanta no instrumento, que, ao apertar um botão, provoca a ejaculação, eliminando a necessidade do coito.

Economia de escala: sendo a proporção de mulheres em relação aos homens (segundo o investigador) de 7 para 1, o homem devia se casar com 7 mulheres, escolhidas de acordo com a sua aproximação do período fértil. O óptimo seria, que o rapaz as arrebanhasse num único dia, com uma única penetração cada, com um único espermatozóide em cada uma, conseguisse produzir um par de gémeos (no mínimo) em cada caso.

3.11.08

PLAGIADOR DE MEIA-TIGELA!

"Com o decorrer do tempo, o sexo, assim como as demais áreas sociais do quotidiano, foi sofrendo transformações. Assim sendo, ou infelizmente sendo assim, infiltram-se nos relacionamentos sexiaus entr os seres humanos práticas equivocadas, tais como: bestialidade, masturbação, sexopatia acústica, coprofagia, incesto, nascisismo, homossexualismo, sadismo, masoquismo, exibicionismo, voyerismo, fetichismo, travestismo, renifleurismo, frotteurismo, pluralismo, necrofilia, zoofilia, pedofilia, gerontofilia, e a lista dos ismos e filia continua por aí, como você pode notar e constactar, sem esquecer, porém que há ainda quem pretende conotar e atrapalhar...Bem haja liberdade democrática de expressão."
Manuel Fernades, economista, in A Semana, 31 de Outubro de 2008

Agora vejam este artigo na Internet aqui.

AINDA POR CIMA O IGNÓBIL É UM PLAGIADOR BÁSICO!!!!

A Semana, por favor!!!!! Não façam isso. Vocês são profissionais e o meu jornal favorito, desde que tenho meus vinte e pouco aninhos!

Homossexualismo: uma análise mais aparvalhada

Um ignóbil (só assim posso definir o tipo), de nome Manuel Fernandes, economista, resolveu escrever as suas teorias sobre a homosexualidade no jornal A Semana, do dia 31 de Outubro. O artigo é uma afronta à inteligência humana! O tipo (o ignóbil) mistura no mesmo artigo (por isso a ignobilidade) extractos de estudos científicos, escolhidos arbitrariamente e sem contextualização, considerações teológicas e umas piadinhas de (extremamente) mau gosto. O dito cujo ignóbil, de tão atrapalhado, confunde distúrbios mentais, ou mais precisamente doenças sérias, como é o caso da toxidependência, com a homosexualidade. O pior de tudo é que o tipo faz incursões perigosas aos direitos fundamentais das pessoas, como seja o direito à ESCOLHA. Se eu concordo ou não, pouco interessa; tenho é de respeitar a escolha que não é a minha.

Para o dito cujo ignóbil é dedicada a imagem acima que, como a própria imagem sugere, ilustra um casamento que presumidamente terá acontecido entre, pasmem, santos homosexuais católicos! Confiram esta história

(nota: o termo "palhaço" foi substituído pelo termo "ignóbil", porque respeito ao palhaço artista profissional e nobre)

A montra

Este post foi originado pelo alerta do Djinho aqui.

Foto: sacado do MC. Como não diz o autor, tb não pus aqui.

O Ministério da Cultura acaba de lançar o seu site, o que é óptimo, porque um site é um excelente indicador de actividade. Agora, das duas, uma: ou o pessoal do MC vai passar a inventar conteúdo para lá pôr, ou vão estar (mais) lixados comigo.

Os parabéns ao pessoal do PRIME uma empresa de serviços na área das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, formado por ex-colegas meus, que, garanto-vos, vão dar que falar nos próximos tempos. Pessoal, uma notinha: não vi os créditos fotográficos. Mau! De resto, a página é agradável, é leve, o design é de muito bom gosto.


Quanto ao meu querido MC, olha, parabéns também, independentemente da motivação que esteve por trás da iniciativa. Digam lá, a motivação foi: 1 - é chique ter um site? 2 - perceberam finalmente que é preciso estar no cyberespaço? 3 - tem carradas de coisas para nos comunicar?


E a partir de agora vou passar a medir a actividade do site com base no seguinte, publicado por vosotros:

"Missão
O Ministério da Cultura, abreviadamente designado(MC), é o departamento governamental responsável pela concepção, condução, execução e avaliação das políticas do Governo nos domínios da Cultura.

Tem como objectivos:
a) Promover a investigação, a identificação e a inventariação dos valores culturais do povo cabo-verdiano;
b) Fomentar a defesa e a valorização da língua cabo-verdiana;
c) Preservar, defender e valorizar o património histórico e cultural;
d) Incentivar a divulgação e dinamização culturais;
e) Promover a democratização da cultura, garantindo o acesso dos cidadãos à criação e fruição culturais;
f) Estimular e proteger a criação cultural;
g) Coordenar e dinamizar, em colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, as relações de cooperação e intercâmbio com outros países no domínio da cultura;
h) Promover a divulgação da Cultura cabo-verdiana no estrangeiro, particularmente no seio das comunidades cabo-verdianas ;
i) Elaborar planos e projectos sobre as matérias referidas nas alíneas anteriores e fiscalizar a sua execução."

O site está aqui.

Amor com amor se paga

Recebi este pedido amoroso da FCEB (Federação Caboverdiana de Estudantes na Bolívia):

"ola bianda queria pedir-te um favor, e que queria que publiques o nosso blog, e que estamos começando e seria muito bom a sua ajuda ja que o seu blog e dos melhores que tenho visto, ok fica bem e sucessos na suas actividades. O nosso blog e caboverdebolivia.blogspot.com Contamos com a sua ajuda"

...e respondi com amor!

Pessoal, fiquei super contente e lisonjeado com este contacto. Fui ver o vosso blog. Fui ver o blog do Karsh (http://karshandrade13.blogspot.com/) e o que vos digo é o seguinte: podemos aprender toda a técnica do mundo, podemos tirar todos os cursos do mundo, mas isso só tem valor quando acrescentámos uma boa dose de cidadania. Podia dizer "patriotismo", mas esta palavra não cai bem nos dias que correm.

Parabéns a vocês.