9.1.09

Let's talk about politics, baby

A inscrição significa "Cego?" em polaco. Autor: Zbigniew Kaja
O que é que há de errado em falar de Política? Ou, ainda mais: o que é que há de errado em fazer Política? Mas, já não somos todos responsáveis políticos? Então não pagamos impostos? Então não somos, como já tive oportunidade de ouvir/ler, accionistas do Estado? Então não somos cidadãos, um conceito político? Porque é que existe uma percepção suja da Política?

O meu politólogo preferido, Edson Medina, expõe o problema da seguinte forma:

"Contribui fortemente para esse ambiente (crispação política) o facto de que em Cabo Verde a maior parte dos "políticos" não se tratam de "self made men", com percurso e sem necessidade de criar laços com o Estado. Pelo contrário, são figuras que querem se perpetuar no poder, garantindo regalias e benesses, transformando os partidos em máquinas de interesses. Nessa luta impõem um estilo populista, onde os recursos fundamentais são a intriga e o assassínio de caracteres, instrumentalizando a dicotomia bases/elite, em função dos seus interesses, como se os partidos não vivessem dessa constituição plural e estratificada da sociedade." In jornal A Nação, 8/1/2209

A Política não é nada mais do que a "coisa pública". Como disse um outro politólogo: a Política começa assim que pomos um pé fora de casa. Partilhamos as mesmas leis, as mesmas infraestruturas, os mesmos serviços. É por demais importante que possamos perceber que, em Estado de Direito, todo o cidadão é uma parcela do Estado, que Parlamento só regula o nosso funcionamento comum, que Governo só faz a gestão do comum e que a Justiça garante (devia) o Direito, que suporta esta filosofia. Ou seja, os políticos cuidam do Estado, por delegação nossa. Mas, não podemos de nos isentar da Política. Seria como entregar os nossos filhos na escola e esperar que esta seja responsável por toda a sua educação. Se a sociedade, dita civil, não se activar politicamente, exigindo, mas também agindo, estaremos a permitir o espaço da tal instrumentalização e continuaremos a dar oportunidade para que "sujem" a Política.

Como tenho dito aos meus colegas, precisamos re-inventar a sociedade. Ter uma sociedade mais justa implica corrigir as suas instituições, sendo os da Política as mais importantes, até pelo dinheiro que custam.

5 comentários:

JB disse...

Pergunta: o que faz um politólogo para sê-lo, para si e para os outros? Nunca soube.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Faz exactamente isso que está aí: opinião.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Tenho críticas às abordagens do Edson e ele sabe disso, mas ele tem que começar por algum lado, senão nunca há de começar. As minhas críticas a ele vai precisamente no sentido de, que ele não se esqueça dos conhecimentos que aprendeu na escola e tente aplicá-los de forma reflectida e sistemática.

JB disse...

Atenção. A minha pergunta era genuína. Não sei mesmo. Há cursos de Ciência Política? Os que se formam nessa área é que são os Cientistas Políticos ou Politólogos?

Não tenho nada contra o Edson Medina até porque não o conheço senão de algumas intervenções no programa do Abraão. Por vezes parece-me demasiado sério, eu diria mesmo, demasiado político, no mau sentido da palavra, com alguma tendência para cair na demagogia. Outras faz análises com as quais concordo. Outras dá com a pata na poça, passo a expressão, como foi o caso do lamentável comentário em relação ao caso Moeda. Mas isso são opiniões minhas, ele terá as dele e tu as tuas. Como todos sabemos, opiniões são como... etc (cada qual tem a sua)!

Abraço

Cesar Schofield Cardoso disse...

Sim, ele é formado em Ciências Políticas (ou Ciência Política) e está a ser vítima dessa indefinição de como deve ser chamado: lic. em ciências políticas? Politólogo? Ou cinetista político?

Para mim pouco importa que ele seja chamado de Reverendíssimo Sumo Pontífice de Alta Ciência Política. Interessa-me que ele esteja a (tentar) sistematizar o seu (nosso) pensamento político.

Esqueçam a figura do rapaz; fechem os olhos; ouçam só. E deem ao rapaz margem para ERRAR.

Certa vez um encenador disse que todo o artista tem o direito fundamental de errar, para crescer. Não só artistas; todos!