16.2.09

Ressaca

Revista Beast
Já faz sentido falar em classe média em CV, não? Pelas minhas definições é um franja da população, normalmente assalariada, que consome determinados artigos, tipo apartamento, carro, toda a gama de dispositivos electrónicos, viagens, artigos esses muitas vezes financiadas a crédito bancário. Em outros países, essa classe tem um consumo também considerável de bens culturais: filmes, livros, música, arte "falsa" (serigrafias, posters, etc). Parece que é neste ponto dos bens culturais que a nossa classe média se distingue...pela negativa.

Encerrou o Berlinale, festival de cinema de Berlim. Sigo cada passo por Internet: os nomeados, os vencedores. Este ano venceu um filme do terceiro-mundo. Penso em nós, nesta angustiante ausência do cinema, em que nos dias que correm, país que não tem cinema, a fazer ou a ver, é como estar de fora do diálogo cultural mundial. O cinema é a maior forma de expressão político-cultural da contemporaniedade. É claro, a desculpa começa imediatamente pelo dinheiro, mas sendo assim, também não se justifica trazer Mantorras, Eusébios e Cias e mais uma série de "prioridades". Questão de visão e nível cultural, neste caso não da população em geral, mas sim da classe média, que é o mercado, de produção e consumo, para esse tipo de realização. Lembremos também que classe média coincide com classe (dirigente) política.

Por falar em políticos, Nuías Silva elegeu-se presidente do JPAI. Salta-me a questão das Jotas, que não se libertam do modelo da JAC-CV, eternas dependências do partido "adulto". Não tem personalidade, não têm acções, não contestam. São úteis em tempos de campanhas e são pequenos tranpolins. No caso de Nuías, pergunto-me: qual das duas organizações vai sofrer de falta de disponibilidade de tempo e energia: a Caso do Cidadão, ou a causa que acabou de abraçar? Ou não será bem uma causa?

Passou também o angustiante Dia dos Namorados. É como o angustiante Natal. Para além da irritante falta de gosto decorativo, esta mania actual de nos distinguirmos por determinados consumos. Afinal, a questão não é falta de dinheiro; é de prioridade mesmo.

5 comentários:

Anonymous disse...

Mais do que ministro do ambiente, porque que se cala a oposiçao????

Cesar Schofield Cardoso disse...

Porque Oposição e Situação estão de olho no mesmo melão, eheheheheh

Anonymous disse...

Que tal juntar um grupo de amigos e investir numa sala de cinema? é que por norma são privadas... o estadodependência já se torna chatíssimo.

Anonymous disse...

Sobre o novo presidente do JPAI. Não o conheço pessoalmente e nem dos seus principios. Mas não posso deixar de observar que o tipo está a participar em tudo que parece pela frente. Isso deixa-me curioso sobre as ambições do tipo. Espero que ele seja um bom cidadão e não mais um f$$$$$$dp dum politico!!

PS: Gosto muito desta onda de Blogs. Apanho-me sempre a consultar 1º os blogs ao invés de certos jornais tendenciosos...

FORÇA BIANDA! Não fiques chateado com os anónimos. Tudo bem que há muitos que são malcriados...mas não esqueças que anonimato é democracia.
Bom acho que já falei demais.... fica fixe bro!!

Cesar Schofield Cardoso disse...

Ao Anónimo sobre as salas de cinema.

É assim, em Cabo Verde, da mesma maneira que muitos sectores tiveram que ter uma intervenção forte do Estado, afim de ganharem vida, muito mais a Cultura precisa dessa intervenção. O mercado da Cultura não é coisa que se faça só com oferta de produtos; é preciso é uma revolução ao nível das mentalidades. Além disso, considero do interesse do Estado o investimento no cinema, enquanto política mesmo.