1.4.09

Eclipsada

Guy N'Sangue, Thierry Fanfan, Regis Gizavo (vai estar presente no KriolJazz), são alguns dos nomes gigantes que actuam neste album, para além dos talentosos caboverdianos Toy Vieira, Miroca, Cau Paris e outros. Para além de músicos de outras tantas nacionalidades. De referir que nas press releases, todos esses senhores são completamente eclipsados, facto que me indigna, porque são meros fornecedores de serviço de tocar instrumentos, na visão da produtora. Um disco que leva violino, violoncelo, piano, pelo menos 3 baixistas diferentes, pelo menos 2 bateristas diferentes, uns tantos guitarristas, coros, etc. Composições de Mário Lúcio, Pantera, o rookie Michel Montrond, Teófilo Chantre, a própria Lura, B.Leza. Morna, batuque, funaná, funky...Gravado em Paris, Lisboa e Praia.

O problema não é a quantidade espectacular de músicos bons e compositores; o problema é o modelo de música de supermercado. Tanto pode ser ouvido num restaurante, como ser dançado numa discoteca. Disco de variedades. Dinheiro em caixa garantido. Não é que seja um problema em si, porque música de supermercado é preciso, como é preciso vinho de supermercado. O problema é ser vendido como sendo uma colheita fina da música caboverdiana. Não é! O problema não estará na vozão da Lura, um autêntico diamante. O problema está na concepção artística, ou seja, na direcção musical.

15 comentários:

Adriano Reis disse...

Irmão, acho que a universalidade da música esta mesmo rendida a música Caboverdeana, mesmo que vá para supermercados, dói-me muito que hoje em dia só pensam em dinheiro garantido.

no dia 26 de março assisti um concerto do Tito Paris com O.M.L e Bernardo Sassetti em dueto, que foi tão sublime e divinal!


Um abraço e parabéns pelo os teus artigos excelentes.

Amílcar Tavares disse...

Ainda não ouvi o CD mas o teu post fez-me apressar a minha ida ao supermercado para avaliar o trabalho.

Depois darei o meu feedback, mas o que diz no artigo já se nota, de facto, há muito nalguns talentos.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Adriano, é um dueto invulgar, não é? Interpretaram temas CV?

Tivemos o prazer de ter Sassetti aqui na Praia, no Fesquintal...que saudades.

Obrigado pela palavra amiga

Cesar Schofield Cardoso disse...

Como o confrade Abraão não dá chances de comentar no seu estabelecimento, vou tentar fazê-lo aqui.

Se reparar não disse que não gosto de Lura. O meu protesto é contra o modelo comercial desse disco. Só de referir que "N'Ben di fora" está na mesma linha e que "Lus" de Nancy Vieira está na mesma linha. Dá-me a sensação que as duas até podiam trocar - uma canta Eclipse e outra Canta Lus - que o resultado seria perfeitamente igual. Reconheço até um certo diversificar em Eclipse, mas continua a ser o mesmo modelo. Mas, atenção, é um disco de escuta agradável. Só que não é nenhuma invenção do sec.XXI

Sofia Fonseca disse...

Cesar djo dôdu?

Cesar Schofield Cardoso disse...

Adriano, respeitosamente tenho de discordar que o disco da Lura se pareça com o da Mayra. São duas estirpes completamente diferentes. O disco da Lura, que sejamos claros, é um disco de uma muito boa escuta. Aconselho-te a comprar, até porque traz algumas novidades em relação à anterior, "N'Bem di fora", como o tema "N'ta kebrod nen Djoza", que está delicioso, ou então o tema do jovem foguense Michel Montrond. O meu problema com a carreira da Lura é: pela qualidade da sua voz, já podia embarcar num projecto mais autoral, que é precisamente o que marca o disco da Mayra. Passo a explicar: Mayra, Sara Tavares, Carmen Souza...tem trabalhos que reflete profundamente a sua personalidade e por isso o termo "autoral". O disco da Mayra é, para mim evidentemente, a tal fina colheita, como são por exemplo todos os discos de Tcheka. Lura, Nancy Vieira, têm entrado numa música padrão, que leva um bocado o cunho da produtora. O disco da Nancy, é impressionante, tem quase que exactamente a mesma orquestração que este da Lura; tem os mesmos músicos, tem o mesmo sequenciamento, tem a mesma filosofia, que é de agradar o máximo de público possível, O que há de errado nisso? Nada; eu é que não gosto.

Olha, sobre o dueto: não se gravou?

Abraço
César

Anonymous disse...

Adorei o disco... sem muita mania dos Jazzadu ... simples, doce e quase ingénua a musica e lembra-me pela musicalidade a morna e coladeira sem muitas misturas... Genuina e faz-me lembrar outros tempos! Musica supermercado ... Massificaçao da Boa Musica.

Lura encantou a elite e povao e é isso que aos retrasados vanguardistas metem-lhes medo

luisa disse...

Cabo Verde está cheio de boas e lindas vozes, não há DÚVIDA possivel qto a isto. Mas, a maioria é mera/o interprete, não tem qualquer autonomia musical. Ou seja, tira-se-lhes a produção e os bons músicos e produtores atrás e, bye bye. É o caso da Lura (linda voz), Nancy, Solange e muitas outras, para ficarmos no feminino. Já alguma vez se ouviu ou se espera um cd destas que mencionei com letras e músicas delas. Alguma vez se saberá qual o estilo, o sentimento destas interpretes como o sabemos de p.e da Amy Winehouse? Ora, a Danae, aparta-se logo, e, de vista destas, pois que canta, compõe, interpreta e torna-se em si, MÚSICA. Agora, gostos são gostos. Muitos interpretam sodade que foi eterno na voz da Cise mas, deviam ficar pelo cantar ao vivo, não pelo gravar em disco de forma igual. Entendo-te César quanto falas de autoral na Mayra porque de facto há algo nela de diferente das demais. MAs, qto a ela, ainda é cedo porque aguarda-se um novo cd e espero que neste se revele o que de facto se espera desde o 1.º. Há cd´s que claramente se ouve uma voz diferente a cantar da mesma forma que todos os outros e, igual ao som do seu produtor. Artistas sáo Princezito, Hernani, Tcheka, D.Barbosa, Bulimundo, etc, etc. os que nós sabemos o que queriam da música e que se iluminam na sua música. O que é feita destes/as que apenas têm linda voz?Ah, e carinha e...corpinho bom? Quem não canta em Cabo Verde? Artista, autonomia e capacidade de criação é outra coisa. Há mtos que tem feito fama com a produção atrás, mais nada. Há mtos que cantam por aí que, na mesma condição, fariam o mesmo disco. Precisamos, e temos MUITOS, artistas/interpretes a emergir por ai, outros esquecidos, que merecem atenção.Abraço.

luisa disse...

Cabo Verde está cheio de boas e lindas vozes, não há DÚVIDA possivel qto a isto. Mas, a maioria é mera/o interprete, não tem qualquer autonomia musical. Ou seja, tira-se-lhes a produção e os bons músicos e produtores atrás e, bye bye. É o caso da Lura (linda voz), Nancy, Solange e muitas outras, para ficarmos no feminino. Já alguma vez se ouviu ou se espera um cd destas que mencionei com letras e músicas delas. Alguma vez se saberá qual o estilo, o sentimento destas interpretes como o sabemos de p.e da Amy Winehouse? Ora, a Danae, aparta-se logo, e, de vista destas, pois que canta, compõe, interpreta e torna-se em si, MÚSICA. Agora, gostos são gostos. Muitos interpretam sodade que foi eterno na voz da Cise mas, deviam ficar pelo cantar ao vivo, não pelo gravar em disco de forma igual. Entendo-te César quanto falas de autoral na Mayra porque de facto há algo nela de diferente das demais. MAs, qto a ela, ainda é cedo porque aguarda-se um novo cd e espero que neste se revele o que de facto se espera desde o 1.º. Há cd´s que claramente se ouve uma voz diferente a cantar da mesma forma que todos os outros e, igual ao som do seu produtor. Artistas sáo Princezito, Hernani, Tcheka, D.Barbosa, Bulimundo, etc, etc. os que nós sabemos o que queriam da música e que se iluminam na sua música. O que é feita destes/as que apenas têm linda voz?Ah, e carinha e...corpinho bom? Quem não canta em Cabo Verde? Artista, autonomia e capacidade de criação é outra coisa. Há mtos que tem feito fama com a produção atrás, mais nada. Há mtos que cantam por aí que, na mesma condição, fariam o mesmo disco. Precisamos, e temos MUITOS, artistas/interpretes a emergir por ai, outros esquecidos, que merecem atenção.Abraço.

elÒ disse...

Quem, nós, caboverdianos, elegeriamos para nos representar, neste preciso momento como a figura da música caboverdiana? Quem o mais criativo e inovador? A voz (mtas vezes n importa embora os pseudo adoradores de música prefiram)? A revelação? O passado, o presente? A promessa? Os discos que sairam nos últimos meses? Qual o mais decepcionante? Os outdoors? As publicidades (enganosas ou não)? O raio do zouk!!!!!!!!!!! O merda do kuduro e o raio dos pais que deixam os filhos abanarem nesta porcaria! O raio dos paleios dos produtores com promessas de artistas de sonho, tipo Holywood...e a beleza da musica sentida? E a descoberta de talentos...e, quando se tornam desilusões e frustrações de alguém por detrás deles? Porque não cantam as suas própias tesões, amores, ódios, e ...e,e, o raio daqueles que se deixam levar...e, os compositores loucos, tristes, pobres, que entregam e entregam e entregam à aqueles que brilham brilham mas, brilham e iluminam a sua cabeça oca e dependente de mais e mais uma muzkinha. Quem cré fazé um muzkinha pame radia nha beleza? E aqueles que viajam e viajam para longe para gravar cds para mostrar que é melhor, sim, gravar lá fora da qualidade de mt bom...

Cesar Schofield Cardoso disse...

Eló, felizmente em Cabo Verde existe muito boa música, feita dentro de casa e fora. Temos é separar trigo de cevada.

Por acaso vai sair o primeiro disco da Isa Pereira. Posso te garantir que vai sair coisa boa dali. Acompanhei o processo; foi um slow-down process, como um cozinhado de lenha. E está repleto de artistas de alma.

Adoro a Sara Tavares, uma intelectual. Estou a adorar a Carmen Souza. Gosto do disco da Mayra. Tcheka ainda é terrivelmente autêntico. Princizito também é. Em outras gerações, gosto de cada disco de Teófilo Chantre. Vasco Martins é uma imensidade. Hernani é para mim o mais genial dos músicos CV da actualidade.

Lura, Nancy e Solange, por exemplo, são vozes lindíssimas que estão no jogo do comercial-chique, infelizmente.

Iló disse...

César, embora, como se dizem, gostos não se dicutem lamentam-se, apreciei mt o que escreveste por último como comentário. Mas, seria um pouco mais dura com o tal chique que mencionaste. Tantos outdoors, ..., bem a música não é só voz. E, a Danae é o que disseste no teu último post, e, MAIS. Ela é genuina, canta, escreve e interpreta o que lhe vai na alma. Quem sabe a capacidade destas que mencionaste por último. Que quererão elas da música senão se auto-intitularem de chics e que tem cd´s no mercado? O que farão qd os produtores se cansarem delas? Resposta: cantarão o que se está a ouvir no mercado, ainda que tenham de ir para o funk, zouk ou kuduro, desde que venda e passe a sua imagem sexy. Ups, perdão, super sexy. Será que saberemos o que estas querem? Se deixarem de cantar alguém sentirá que se perdeu algo na música de CV? Eu sentiria falta de um novo disco do Tcheca, anseio cada um da Danãe, deposito esperanças na Mayra, quer ouvir um novo Princezito - outro album eterno, um album dele, completo dele, amo o que o Hernani faz e sei que irá surpreender-nos com um novo album, quem sabe componha para vozes lindissimas (aqui poderão entrar as chiques para emprestar voz)... bem, que se seja puro. Bem, que se venda sim, mas, com música não com fantuchadas de moda que vèm e vão ... e que por vezes tentam impor uma carinha laroca com estórias sem passado e pisam o grau da fama sem sequer terem lançado nem convencido ninguém, tá infestia pessoal e dps ninguém mais ouve falar. Já viste César que as musicas de algumas que nos ficam nos ouvidos nunca são delas e, ainda que, com melodia, preferimos sempre os originais? Iló

Cesar Schofield Cardoso disse...

Pepe, viva!

O primeiro disco de Nancy, Segred, amo de paixão. Simples, puro, despretensioso e carregado de alma. O segundo, Lus, já vem com aquela orquestração toda, típica dessa produção de supermercado. Também o alinhamento dos temas é típico dessa horrível concepção de agradar a todos.

Mas a voz dela não está em causa. Aliás, Nancy, Solange, Lura...todas mulheres com grandes vozes. São interpretes, tout court, que precisam de produtores musicais, para melhor lhes valorizar...ou desvalorizar

Cesar Schofield Cardoso disse...

lló, a minha raiva é dirigida à lógica de mercado. Mas essas aí tem o valor que tem.

Por falar em Danae, estou doido para ouvir o 2º disco. Aliás, nem o 1º se encontra em CV.

Anonymous disse...

Existem vários caminhos para que nosso dom seja ouvido, apreciado e reconhecido.

Estamos a falar de vozes femininas.. de muitas uma que ainda não foi falada e tem uma voz impar: Gabriela Mendes.

Por vezes é necessário um caminho que não gostamos para conseguir atingir o nosso objectivo. Depois está relacionado com que as editoras querem publicar e não o que o/a artista gosta. E... se não quiserem estão presos pois assinaram um contrato.

Vamos olhar para estes artistas ditos de supermercado daqui a 10 anos e veremos qual seu trajecto. Conheço alguns pessoalmente e certamente o seu caminho é sua essencia CaboVerdeana.

Bijim
Kiss-Flower