18.4.09

Trapalhada clássica

Afinal, acabei por ir ao hiper propalado show do Tito Paris e devo isso à insistência de João Neves, director do CCP-Praia, a quem agradeço sentidamente, pelo empenho em “corrigir” uma certa antipatia do evento em relação a algumas pessoas. Muito mais do que eu, outras pessoas, músicos super interessados, ficaram frustrados.

Afinal, o hiper propalado evento foi uma autêntica bosta! Produção de última categoria. O primeiríssimo destaque pela triste negativa, foi a onda dos convites, que resultou em desastre. Muita, mas muita boa gente , inclusive figuras de destaque, assistiu o show em pé, com os seus lindos vestidos de noite, em cima do salto, as suas fatiotas, preparados para um espectáculo de salão. A sala abarrotou, o que começou a estragar a produção. Era gente a circular por todos os lados. Fotógrafos a subir ao palco…um ambiente instável. Se tivessem reservado parte dos lugares e vendido bilhetes, caros que fossem, o cuidado teria sido outro.

O show foi looongo e Tito portou-se de forma intolerável, dado o tipo de evento, o tipo de lugar e o tipo de plateia. Atropelou gravemente o protocolo, fazendo piadinhas parvas em relação aos membros do governo e ao presidente da assembleia. Falou demais e está definitivamente provado que Tito só devia cantar. Por fim, convidou pessoas demais a subir ao palco, que causaram alguma rebaldaria, exagerou na graxa a determinadas pessoas, mandava a orquestra parar (imaginem!) para conversar com o público e o público, este, embarcou no carnaval. As pessoas riam, aplaudiam e, nervosamente, apupavam as piadinhas insossas do Tito, esquecendo que estavam ali para ver uma, caramba, orquestra!

E no meio disso tudo, nos momentos em que a sala conseguia se comportar, o melhor da noite soava: a música! As lindas melodias de Tito, o lindo acompanhamento da orquestra, os talentosos músicos, a arte finalmente. E mesmo assim, fiquei por perceber a ideia do Tito em preparar um repertório mais “sensual” para a Praia(!?), segundo o próprio, em entrevista na rádio. Dá-me vontade de o mandar para o cara…! Tito, na Praia, há público também para um repertório menos “sensual” e aquilo não era para ser propriamente um baile.

Saí desgostado e desgastado, após o stress dos convites e as longas 3h (!) de…Que me desculpe o leitor o fel que me sai pelas ventas. Insisto: ou é arte, ou é entretenimento, ou é rebaldaria. Tudo junto é que não dá.

4 comentários:

Adriano Reis disse...

Santo Deus! não acredito que aconteceu esta bandalhoca toca?

Cesar, assisti o espectáculo aqui em Lisboa no Cine-teatro S.Jorge o Tito Paris, actuou e encantou! não mandou parar a orquesta, só agradecia no fim de cada música, comportamentos digno de um profissional.

No fim agradeceu à algumas identidades e manifestou vontade de levar o espectáculo para Cabo Verde.

O publicou aplaudio tanto que ele voltou 4 vezes, repito 4 vezes!

Acho que os patricios mereciam ainda mais!

Pelo que li em alguns blog´s parece que ele não encantou no Mindelo também.

Sendo amigo e fã do Tito Paris, penso que ele terá uma justificação?

Anonymous disse...

Tudo começou a estragar com a produção: aquelas gajas nunca ouviram música, e acharam que o evento deveria ser "Chique". A pensar no conceito de chique reinante na sala, só podia dar nisso: uma atrapalhada só. E a luz, e o operador que tirava e colocava os micros provocando um odioso estridente circular pela sala!!

Preconceituoso, Tito sempre a querer justificar-se, como se o publico na Praia tivesse um tino a menos.

Deprimente, ou, se calhar, nem isso... uma atrapalhada!

Pepê Ramos disse...

César,
do que eu conheço: Tito é um decidamente um senhor, um verdadeiro "bróda boy"!
Por mais que não tenhas gostado do espetáculo, mandar-lhe "pró..." e dizer que ele só devia cantar, é exagerado!
Conhece o homem primeiro!
"Curti bô life!"Um abraço ;-)

Cesar Schofield Cardoso disse...

Amilcar, a música foi divina...quando aconteceu em silêncio.

Adriano, sabes a comparação que fiz? É como os vôos da TAP e da TACV a vir de Lisboa. Nos da TAP a nossa gente vem quieta, contando também a má vontade da tripulação. Nos da TACV é o fenómeno: isto é nosso, podemos bagunçar!

Tchá, tu que levas o palco a sério, sabes do que estou falando.

Peps, o "bróda boy" é conhecido também como nacional-porreirismo. Eu adoro a arte do Tito e por isso tanta desilusão. Acredita meu amigo: eu escrevo no blog e digo as coisas de peito aberto, mas muita gente está por aí a malhar no espectáculo, alguns até de forma feia. Eu fiquei triste, porque Tito fez figura triste. O mandar pró...é que ele tem que saber que há aventuras que é melhor não aventurar. Aquilo do repertório "sensual" achei o fim da picada!