29.5.09

MOSF, BONS e MAUS

Ontem aconteceu um acto que vai ser muito importante para a fotografia em CV. A Mostra de Fotografia Contemporânea Caboverdiana (MOSF). Aqui vão as minhas impressões.

MAUS
  • Se há coisa que já começa a ficar tristemente notória é a falta de espaços para as artes visuais, à altura da cidade. O MOSF aconteceu em 3 belíssimos espaços (CMP, IILP e CCF), proporcionou um roteiro pedestre interessante, mas em termos estritamente artísticos, fragmentou a exposição. Precisamos, não de coisa muita, mas de um simples barracão, género esses armazéns dentro da cidade abandonados (zona antiga alfândega), que possa proporcionar largas superfícies de exposição. Não precisa grandes sofisticações; só bom gosto.
  • Não há serviços preparados para as especificidades da coisa artística: casas de impressão, empresas de transporte, fornecimento de material, etc., etc.
  • Sinto falta de uma determinada classe a frequentar as exposições.
  • O adiamento do dia 27 para dia 28 pegou mal. Cascudo Abraão!
  • Ausência de Comunicação Social...é preciso comentar?!

BONS
  • Nada como o colectivismo. Transmite a sensação de classe, corpo, identificação. Dá vontade de trocar ideias, comentar, perguntar. Causa uma invejinha necessária, comparações, competição, desafio. Quem não gosta de ser colectivo, não gosta de progredir.
  • Envolvimento da Câmara. Esteve toda a equipa sempre presente, sorridente, perguntando, interagindo, dando dicas e esbanjando àvontade. Não sei se esse comportamento é genuíno ao não, mas se a equipa camarária baixar em 1 milímetro essa disponibilidade, disposição e entusiasmo, serei o primeiríssimo a retirar os parabéns que neste momento têm direito: PARABÉNS.
  • Colegas, fotógrafos, quase todos amadores, nós, francamente de bom espírito de uns em relação a outros. Bom clima, boas colaborações a adivinhar-se no futuro.
  • Empenho e paixão que Abraão Vicente meteu no evento. Correu, ouviu, sofreu, errou, manteve a calma, desdobrou-se e abriu a cena. Assumiu uma função que já começamos a assumir sem complexos, na falta de profissional para isso: curadoria de exposição. Foste cidadão a valer man!
Long live to MOSF!

28.5.09

Visão de furo.

Hoje acordei sem uma gota d'água no depósito! Reparem que disse "no depósito", porque na rede já há dias que não vem. A frase do Premier a prometer água na cidade da Praia 24h/dia, no encerramento do debate sobre, imaginem, "Emprego e Formação Profissional", ecoa-me nos ouvidos. Hoje, enquanto obrava de manhã, ao mesmo tempo que fazia contas da quantidade de água que tenho engarrafada, necessária para levar a coisa para o esgoto, fez-me luz sobre a relação da água, emprego e formação profissional. É assim:

Hoje vou ter que procurar água. Começa a economia a andar. Se houver uma falta duradoira e persistente de água na rede, há um estímulo ao investimento em camiões, conhecidos como "auto-tanques", característicos nas nossas cidades, o que, por efeito multiplicador, estimula outros serviços, como lavadores de carros, pedreiros que consertam os passeios que esses camiões danificam, puxadores da corda que arranca o motor (barulhento) das bombas d'água …enfim. Depois, se a coisa pegar, o Estado se sentirá na obrigação de abrir cursos profissionais de pintores, para escrever frases nos camiões, artesãos, que fazem santinhos e amuletos para os condutores, etc.
Digam-me se isto não é visão?!

O facto de isto me ocorrer enquanto obrava é pura coincidência.

África mãe, Europa madrasta

Praia vai reactivar a célula da CEDEAO, como quem diz, reactivamos a nossa célula africana...por condição da parceria com a Europa. Qual será o efeito disso nos nossos genes?

Money

O MCA desiste de alguns projectos, já não vai financiar a 2ª fase do porto da Praia…Efeito Obama ou crise?

A todos que fizeram planos a contar com dinheirinho di Mérka, be carefull!

Greve de fome

Alguém já reparou que está um homem sentado junto à Assembleia Nacional, em greve de fome, esturricando-se ao sol? As razões do pobre serão discutíveis, mas de todo o modo trata-se de um ser humano a por em risco a própria vida.

27.5.09

Televisão avariada

Tenho o televisor avariado. Mudo de canal, programas normais, notícias de um cão que aprendeu a abrir o frigorífico, agarrar o pacote de leite com os dentes sem o rasgar e levar ao dono, uma Xá sentado num sofá, relatos de um papagaio que decorou versos de poemas e vive repetindo-os, volto ao canal nacional, a cara do Primeiro-Ministro lá encravado, não sai por nada. Experimento ainda outra emissora, em que falam de um homem em depressão, que jura conhecer pessoalmente Barack Obama, mas, uma vez Presidente, deixou de responder-lhe os e-mails, não lhe atende o telemóvel e, afinal, não vai cumprir com as promessas de mudar ao mundo. Volto ao canal nacional, continua a cara do Primeiro-Ministro.

- Mais turismo, mais investimentos, mais leberdade, mais democracia… Mais turismo, mais investimentos, mais leberdade, mais democracia…

Dormi mal. Devo ter sonhado com a cara do Primeiro-Ministro. Não me concentro no trabalho. Telefono a um amigo que me surpreende com a queixa da mesma avaria no seu televisor, a cara do Primeiro-Ministro encravada no canal nacional.

26.5.09

MOSF

A fotografia na cidade na Praia está de saúde! Bastou alguns eventos, promovidos por instituições estrangeiras e particulares, para a alavancar. O Min.Cultura mantem-se sempre, sempre e sempre, estoicamente, orgulhosamente, à margem deste movimento novo e sensível de uma nova arte na cidade e no país. A CMP, ainda que a tentar encontrar um eixo bem definido para a sua política cultural, está dando bofetadas com luvas de seda, patrocinando e apoiando grandes eventos, num único ano! Esperemos que seja sol de vai durar. Valeu Tober!

Quarta-feira, dia 28, 18h30, abertura do MOSF (Mostra de Fotografia Contemporânea Caboverdiana), na CMP. A expo decorrerá em 3 espaços: CMP, IILP e CCF.

Ao Abraão Vicente, organizador e curador da mostra um valente abraço pelo dinamismo.

Roupa velha

Quando uma pessoa tem preguiça de cozinhar, que significa descascar cebola, cortar legumes, temperar, lavar os utensílios da actividade, seguir a ordem de meter os alimentos ao lume, aguardar, vigiar que nada passe o tempo de cozedura, rectificar os temperos, até obter um simples prato de comida decente, enfim, uma chatice, então recorre-se ao processo chamado “roupa velha”, que é uma recombinação de restos de refeições anteriores. Foi assim que o partido da Situação classificou o discurso da Oposição.

Sinais de “roupa velha”: arroz seco ou gorduroso; carne retorcida; legumes com um ligeiro gosto a azedo.

Roboposição

O Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado

A Oposição substituiu o líder da bancada parlamentar por um boneco que diz esta frase até ao esgotamento das suas energias. Depois, aproveitam as horas mortas e recarregam as pilhas da engenhoca. A Situação, percebendo-se da artimanha, cortam a electricidade nessas horas estratégicas, com o efeito terrível de coincidir com a hora que uma pessoa quer ver as notícias, ouvir uma musiquinha ou ter o ventilador a espantar o calor e os mosquitos.

25.5.09

Frases fantásticas

“Roma é suja como uma cidade africana”
Silvio Berlusconi, fonte: Público online

Baziuzin (superlativo absoluto do adjectivo Baziu)

Hoje, ao ouvir o discurso do Premier de fechadura do debate sobre o "Emprego e Formação Profissional", fiquei muito preocupado, ou, de forma sintética, preocupadíssimo. O homem fez discurso de palanque; retalhou; invocou os erros dos outros; invocou o passado; foi curto e muito grosso.

Começa por exigir os louros pelo simples facto de ter agendado o tema. Parabéns Mister. Merecia outro honoris causa só pelo simples facto de trazer ao debate um tema obrigatório de governação.

Depois faz um discursinho de diversão. Invoca o incremento do Turismo (!) Invoca dinâmica Transportes Aéreos! Qual? TACV??...Fala de importância das Rodovias, sim senhor, estradas são estradas, nem vale a pena reclamar da Circular da Praia que (ainda) não serviu de nada. Fala do desenvolvimento de empresas com base tecnológica e eu havia de lhe explicar como nós (empresa de base tecnológica) vemo-nos gregos para desenvolver. Fala dos furos que vão libertar água (sacanagem de pensamento que vocês estão tendo neste momento, eheheh); falou ainda de 24H de água na Praia e eu já contentava só com ter água e luz. Falou ainda do mar e das suas vastas possibilidades (reparem que não aponta desenvolvimentos aqui). Fala do desenvolvimento humano e havia de contar-lhe como é que nós (empresa de base tecnológica) vemo-nos gregos com esses recursos desenvolvidos.

Depois o discursinho da chacha do passado. Olha Mister: vosmicê já foi premiado em 2006 por ter corrigido o estado catastrófico que o MPD deixou o Estado deste país. Mas dali pra frente só tem direito em falar do FUTURO!!!

Enfim, falou de tudo menos da cifra de desemprego. Falou e não disse uma linha de estratégia de formação profissional ao não ser a enumeração (isso já não é hábito, é tique) dos centros de formação a funcionar (leia-se, de portas abertas); não falou de cifras de formação profissional; nem de impactos; nem de resultados (mensuráveis). Afinal do que lhe valeu o encontro com 80 potenciais assessores da sexta-feira, a não ser vangloriar-se que sabe encontrar-se com jovens?

E os deputados do PAICV aplaudiram de pé! E o mais triste é que a Oposição deve estar a preparar o mesmo discurso, só que ao contrário.

Alguém anda a queimar os meus impostos!


Gamboa 2009 - Ressaca

Um valente parabéns à CMP pela excelente organização do Festival da Gamboa 2009.

Uma cidade baseia-se, entre outras coisas, no princípio da civilidade. E se há aspecto que ficou evidente com esta Gamboa foi: um dos maiores índices de civilidade que tenho memória neste festival. Sendo a Praia uma cidade onde vivem nacionais, estrangeiros, jovens, adultos, ricos, pobres, eufóricos, discretos, doutores, estivadores e todo o tipo de pessoas, o aspecto de respeitar o espaço de cada qual é essencial para transmitir a sensação de conforto. Foi o que senti.

23.5.09

Ninfa e nuvens

Entrou o que podia ser um papá que ia oferecer um lanche à filha na esplanada favorita dos arredores da escola. Hora habitual de acontecer um café em pensamento livre, gente a passar, meninos, lavadores de carros, vendedores, tudo em movimento comum, excepto que a mão que se pousou no joelho da pequena não era gesto fraterno. O acidente da colher na chávena foi um espasmo do pressentimento com repentino medo de se verificar.

A forma como a cara barbuda olhava para os seios finos da criança soltava um cheiro de pêlo grosso que se esfregou num púbis de pêssego. A menina tinha pés bonitos, ancas leves, sem cintura, em vez de braços linhas, olhos de céu, olhar indeciso vendo caras ao redor, talvez de ciúmes, chateadas, ou de vergonha da mão que continuava no joelho. A forma como a cara barbuda expirava o bafo perto da boca da menina e em troca inspirava o aroma dos seus poucos anos, enchia o ar de enxofre. A criança tinha bata e mãos a tremer, unhas pintadas, sorria como adulta, mas piava em vez de falar.

Podia ser uma filha a ver para um pai, explicava às voltas o estômago, tentando desembrulhar uma ideia do que tinha a dar tal menina nova a tal homem velho. Em trago final, uma gota de café rebolou lento, tentando combinar outras possibilidades. Aguardou. Nada justificava que continuasse em redemoinhos. Ninguém via ou fingiam tratar-se de acto natural. Desistiu desaparecendo num sorvo. De dia, debaixo de quem passava, um pai possuía uma ninfa, que naquele momento tinha de estar sentada no banco de uma sala de aulas de aprender a sonhar com nuvens.

22.5.09

Gamboa 2009

As coisas tão a melhorar :)

A organização deste ano tá com ares de grande organização. Tudo no lugar, gestão de espaço por funções, palco mais decente, grandes camarins, boa iluminação, boa campanha de policiamento, informação, formato reduzido de artistas...small and beautiful. É isso aí Tobber, dá o teu best.

De todo o modo, eu sou um brejeiro, até porque a minha fotografia baseia-se nesse aspecto sujo da cidade. Vou ter saudades de ver aquela montagem progressiva, em que não se sabe bem o que vai resultar e aos poucos as pessoas vem com as suas barracas e as vão montando; a paisagem vai se transformando; instalam-se os grandes grelhadores e todo o tipo e formato de mesas e cadeiras; cada barraca faz a sua decoração, cada uma mais criativa que a outra; o povo começa a chegar; revelam-se as bebidas com odores e cores estranhas; a brisa do mar vai se substituindo por uma mescla exótica de fragrâncias; e lá para a matina o festival é uma amálgama de sovaco, líbido, álcool, sholé, brio e calor. Ah! Isso é muito fotografável.

O festival pode estar a dar ares de grande organização e regras estritas, mas enfelizmente o povo e o seu conteúdo não se muda de um dia para o outro; comportamentos de risco vão acontecer; bebidas alcoólicas péssimas vão intoxicar muita gente; pupu e xixi vai se acumular nos cantos; e certamente que não será ainda o ano em que sinto-me seguro a levar a minha criança a curtir um dos maiores festivais do país.

...felizmente para a fotografia, desculpem lá!

21.5.09

A vida continua apesar...

...de toda a violência por todo o lado: nas famílias, na rua, no trabalho, na escola. Temos de denunciar todo o tipo de violência: contra os países, contra os povos, contra as religiões. Há violências que matam devagar, como a certeza que vamos sofrer de falta de electricidade mais uma vez (!), com a falta de água, com as frases malucas dos deputados. Tenho ainda de sofrer por tempo indeterminado com um Ministro que ganha um dinheirinho, não coisa e não sai de cima. Tenho de engolir ainda os sucessivos abusos do poder. Tenho de ver para a nossa televisão, assitir à polícia a espancar um homem de tal forma, que o pobre diabo, seja ele quem for, homem bom ou mau, nunca podia ter tido semelhante tratamento do Estado.

O remédio é seguir em frente...ai, ui....apesar da violência da explosão, continuo por cá.

18.5.09

Blog joint: Info-exclusão

Este é um tema que, como "Política Cultura", "Oficialização da Língua Materna", etc, por estar demasiado aberto e sem que especialistas se posicionem com convicção, gera todo o tipo leitura, cada um a lê-lo da maneira que lhe interessa. Mas é um tema de incrível presença já na nossa sociedade e no mundo. É que as coisas correram depressa e nós andamos devagar.

O combate à info-exclusão, nos dias de hoje, está na mesma linha que a luta por regras livre e justas do Comércio Internacional, ou o combate ao analfabetismo, ou reclamar o direito de acesso aos bens culturais. Por uma razão simples: toda a civilização humana se migra para a Internet: do económico, do social, do cultural. Em Cabo Verde esta migração ainda (!) só começou e vacila. Àparte o sector público que beneficia do maior projecto de todos os tempos (digo eu) de reforma da Administração Pública, o NOSI, no Sector Privado é uma lástima, quanto mais as Famílias. Para além do Internet Banking, não conhecemos outro serviço privado na Internet. Só 13% da Famílias alguma vez usou a Internet e desses, a maior parte faz só uso do e-mail ou pesquisas rápidas. Há um deixar andar da parte de políticas que não se entende...ou entende-se muito bem. Será que o facto de a CVT, concessionária de TODA a infraestrutura de base de Comunicações do país, lucrar milhões de contos e que boa fatia desse dinheiro entrar fresquinho nos cofres do Estado, nos tem turvado a visão?

ESTAMOS ATRASADOS! (Again...)

Siga este debate com os jointers:

16.5.09

Tambla

...ainda estou a tentar encontrar uma palavra, que não seja cliché, habitual, lamecha, pouca, exagerada e pseudo-humilde ao mesmo tempo para te dizer: obrigado.

Não vou esconder o orgulho, nem vou fingir a emoção. Percebi tão-somente o sentido da tua dedicatória, espantei-me naturalmente, até porque todos correram para me trazer a nova, como se uma estrela acabasse de nascer, corri também para ver que acontecimento tão perturbador tinha acabado de acontecer e ponho-me a ler-te. Nada mais simples. E ouvi o grito que tens entalado na garganta, como de resto já vamos ficando todos de garganta entalada de gritos, as podendo gritar e sem onde as poder gritar, nem ao ar.

Esperando que, podendo, possas sempre soltar esse fino desabafo, como agulha. Se te devolvo o mimo aqui, é que aqui não se ouve a não ser que o sintas.

Tarrafal by Paradela

Depois de assistir ao filme do Paradela, tenho tanta raiva, que já não sei com o que estou mais preocupado: com o que vai acontecer no dia zero do contador ou com a torrente de coisas que tenho embrulhado na garganta sobre o assunto. Só uma dica: andamos todos a brincar com a nossa História.

O próximo cocktail biandolotov será uma mistura de Ensino e Cultura. Vão pró raio!

15.5.09

Música para os nossos ouvidos! Detalhes: http://www.unicv.edu.cv/

O Capeta em crise de risite aguda

É constrangedor ver a quantidade de alma boa em incapacidade de emitir um audível basta que é estupidez que chegue!

Ver tantos olhares em exasperante silêncio se perguntando que lhes terá acontecido é um sufoco que ainda assim não se compara ao assistir do enterro vivo da faculdade de articular um definitivo e convicto desacordo ou observar cérebros a enfileirar-se na vez de verem extraídos o bocado que sente.

A gente pode sofrer de muitas enfermidades, exemplos de falta de amor, ter felicidade, conseguir a bondade, ser jovial, leviano, leve, malandro, maroto, mas falta de ser gente que sofre será quem sabe a enfermidade terminal.

Prepara-te tu também a te pôr na linha de ser decepado a virtude de debater por atitudes próprias.

Kit emergência

Sorri perante quem te intriga e faz-te parecer que se estala o dedo um bocado de ti pode cair

Denuncia o teu amigo que assim não denuncias o que te ocorreu no momento

Faz de conta que vais matar o teu colega em sinal de sacrifício

Sobrevive enquanto decides da validade de permaneceres vivo ou vegetativo

14.5.09

SOS!

Façam alguma coisa. Isto vai explodir dentro de dias (4 dias e a descontar) se nada acontecer! Não é bluff; explode mesmo! Ajudem o homem (MC); deem-lhe dicas; mandem-lhe uma cábula; copiem um plano estratégico qualquer (max 3 pilares); façam uma petição online...accionem o alerta vermelho!!!

Cinema do bom

Faço cartazes por amor, por caridade ou por dinheiro. Este fiz por amor: à causa, ao amigo e à sua arte. Paradela não é só um realizador; é um artista. Fizemos uma instalação de video-art juntos que me revelou toda a sua dimensão e linguagem artística. Esta é sua primeiríssima longa metragem, que está para o cinema como um romance está para a literatura. É um filme documentário, mas não esperem um documentário ordinário, com as déja-vu entrevistas recortadas de sequências fílmicas, as habituais narrações ou o irritante "ritmo televisão". Não. É um filme...de autor.

Que o céu seja o teu limite Paradela. E isso porque viagens espaciais ainda custam caro demais.

Patriota

"O que não tem remédio, remediado está...

Com a devida vénia ao blog Bianda, não posso deixar de escrever sobre o suposto pecado capital de Ulisses - a Construção de um hotel no farol.
Reza a história que Ulisses encontrou este suposto pecado capital já cometido, ainda mais repleto de ilegalidades, a saber:
- Nulidade por falta de forma;
- Nulidade por não ter havido autorização da Assembleia Municipal.
A Câmara Municipal declarou assim a nulidade deste contrato, cumprindo assim a lei.
Contudo, o pecado já estava demasiado pecaminoso, praticamente sem remédio, pelo que a solução foi remediar, isto é, cumprindo a lei.
Não se pode considerar isso como o maior pecado de Ulisses, se for pecado (não sei se é) será, seguramente, um dos pecados do Filú (.. e foram tantos os pecados...)"
in, Notas do Dono, 12/5/2009

Só faço uma pergunta, não ao advogado João Dono, mas ao cidadão João Dono: se o Estado não tem poderes para corrigir normas, acções e medidas individuais, ou mesmo colectivas, quem terá? Deus? Imagine, meu amigo, que em VÁRIAS partes do mundo (podendo citar Algarve, Palma de Maiorca, Canárias, que são alguns nomes familiares), não pudessem voltar atrás em suas decisões de cobrir a paisagem completamente e não pudessem implodir edifícios absurdos na orla marítica e retirar quarteirões inteiros de condomínios?

Este debate precisa ser sério. Sem emotividades e palhaçadas. Há técnicos nacionais e internacionais que podem conduzir um estudo decente sobre a matéria. Construir uma cidade em ausência de enquadramento normativo (Plano Director) é IMORAL.

E mais uma nota: quem tem a responsabilidade política de uma decisão é quem a efectiva e não quem a forja. Tu sabes isso cantado, advogado.

Medidas anti calças baixadas e saias subidas

Numa escola secundária em Portugal adoptaram um regulamento interno que...proíbe os rapazes de vestirem as calças baixadas, que mostram a "roupa interior" e as meninas de usarem "decotes profundos" e saias demasiado minis. Uau!

Em Cabo Verde, tais medidas seriam impossíveis. Para além do calor tropical, antes disso, há outras de altíssima prioridade: construir casas-de-banho no interior das escolas, em substituto das tradicionais ribanceiras e trás-de-edifícios; manter afastados homens velhos, barbudos e sem escrúpulos, que rondam descaradamente as entradas e saídas de menininhas-borboletas; moralizar e higienizar o proliferante comércio de substâncias líquidas e sólidas, mal identificadas, que servem de lanche, nas imediações das escolas; e uma série dessas cenas que têm ainda mais cabelo que o baixo ventre dos rapazes ou as altas pernas das meninas.

Descansem queridinhos que não é desta que vos metem a burka e as calças quadradas do passado.

13.5.09

KATANADA

IMI LIU KAMIKAZE
SEN-TI DIFURU
HARAKIRI MIDINA
SENSEI KADODU
FEFA FUJIFURU


São Samurais que se desenvolveram secretamente nas regiões de Son-Senti e San Ti-Agu, aprimorando técnicas avançadas de combate. Tem olhares de flecha e língua afiada. Alimentam-se de POL-VU NUMOLHU, substância que activa pontos vitais do corpo; BATATAFITA, um nutriente vegetal, gorduroso, altamente energético; e LON-GUISSA, que é uma espécie de pólvora que se come. Reúnem-se em centros de alta espiritualidade, conhecidos como LEBI-LEBI ou KAPA-KAPA.

Estão aí, preparando-se para impor rigorosos códigos de conduta à sociedade cabo-verdiana, prontos para cortar todo o excesso de órgão que se exiba por aí fazendo xixi; decapitar asas de passarinhos armados em passarões; detonar planos estratégicos com demasiados pilares; e no final, se nada disso resultar, explodem-se colectivamente. BANZAI!!!

Tenham medo, muito medo!

12.5.09

Diabo na praia de bikini vendo peixinhos que se afogam

Que nos faz tão tementes? Os quinhentos anos de escravatura, os quarenta de fascismo, os quinze de ditadura de meia tigela, os dez de violência democrática ou o inominável clima do auto infligido terror do silêncio dos dias do agora?

Que nos ameaça mais? Os canhões das selvas de guerra explosiva, a espada da guerra-fria, os dispositivos engenhocas da tortura, a aparelhagem da vingança, ou esta pergunta?

Que clima é este presente em cada anónimo que lê isto, do outro lado do cabo, mudo, rindo ou odiando com as tripas, em vez de se deixar esparramar no que pensa, no que sente, no que lhe dói, ou lhe alegra? É denominado medo? Fantasmas? Ou pessoas reais com úlceras gástricas em estado avançado de putrefacção?

Que significam essas vozes que me sussurram bolores, urina estagnada, ou fezes nos corredores da administração pública? Porque apunhalam à socapa os colaboradores as costas dos dirigentes, no lugar de dirimirem palavras limpas?

Que clima é este em mundo de intermináveis interconexões e expandidas fronteiras informacionais e exponenciais redes de gente de cor, voz e pensamento diferentes? Que clima este em tão parvamente pequena terra, capaz de ser engolida por uma só vaga do mar?

Será da clausura da ilha? Das distâncias curtas? Serão as ruas estreitas? É a impossibilidade da fuga? É a invasiva proximidade das pessoas? A excessiva consanguinidade? Cabeças presas? Mãos atadas?

Que teme a minha gente em suas frases de cautela? E que conselhos são esses nos olhos e nas rugas dos velhos? Que significam as condecorações de herói ao simples facto de poder dizer isto?

Fecho de correr de urgência

A arrogância torna-se necessária. Calar-se. Negar a interlocução. Negar opiniões. Calar-se. Fechar-se em conversas interiores, apenas arrotos.

Vai se tornando necessidade calar-se em conjuntura de barulho. Ou quando os corvos poisam. Ou quando a carne começa a estragar-se. Calar-se quando é tempo de pandemia de burrice.

Calar-se é a forma de ver para os pobres que mendigam um luxo. É como conter-se ante comportamentos de aspirantes a parvos. É como evitar vómitos. Calar-se ante o avanço das minhocas.

Calar-se é terapia da fraqueza. Cura males de falar. Pavor de escorregar para bater com a nuca em nada. Medo que o chão fuja.

11.5.09

Se países muito mais desenvolvidos que nós cometeram asneiras comprovadas, porquê não temos o direito de cometer os mesmos erros?

Recorro aos cafés do Café Margoso para oferecer um café à melhor resposta (tenho de começar a fazer café, senão o João explora-me)

9.5.09

Fruta e banha

A menina era bonita de todo o ângulo. Nasceu pele de chocolate. Encanto de criança. Moça maminhas de manga, bunda de papaia. Mulher, aprendeu a projectar o incrível sorriso em pequenas porções de perfume que encantava toda a atmosfera em que estivesse.

Foi presa num carro de luxo ao lado de uma lata de banha de fato. Os vidros escuros do carro ofuscaram o sorriso, mas permanecia um anjo a olhar para a estrada, vaga, talvez sonhando que uma vez respirou ar não condicionado.

A menina cedo saiu das brincadeiras de meninas, para se prostrar ao lado da sua lata de banha dono do carro de luxo, em salões abarrotados de mulheres rugosas de vestidos de seda, capazes de a desfazer em olhares de raio de inveja do seu corpo de flor.

A menina ouviu poucas palavras levianas de amor vindas de meninos em bancos de praça e nenhuma a tirava da pobreza dos seus vestidos ou chinelos gastos. Tão-pouco percebia nos salões as considerações sobre uma maior necessidade de reforçar as trocas comerciais entre as nações.

Uma força interior a ensinou a equilibrar-se entre a garantia que jamais voltaria a ver um vestido roto e qualquer tentativa de deixar aproximar a felicidade do sorriso de um menino bonito.

8.5.09

Eurostroika III

"Consenso Nacional". Big words. Do que têm de bonito, têm de vago.

Como será possível o Consenso Nacional num país que não faz o exercício do Consenso? Qual é o grau de participação social necessário para haver um Consenso Nacional? Decorre na Praia um importante fórum sobre a parceria especial UE/CV. Esta parceria basea-se em 6 pilares! Uf!..Bom, mas para este fórum, só se vai discutir a mobilidade, que os europeus sabem que isso de pilares demais não constrói edifício nenhum. Os famosos pilares:

Boa Governação não é uma coisa que uns dizem é excelente e outros dizem não existe. É um indicador concreto de rating internacional. Uma coisa é dizer que política x ou z está errada e outra coisa é dizermos todos, amarelos, verdes e azuis, repetidamente: “temos boa governação, temos boa governação…”. É assim que se criam lemas nacionais centralizadoras.

Segurança e Estabilidade. Claro! E é aqui a principal motivação dos europeus. É preciso securizar as nossas porosas fronteiras e vastas mares. Temos excelentes instrumentos de controlo da navegação aérea, mas o resto…credo!

Integração Regional. Ah pois! Agora vamos ter que aturar os nossos irmãos pretos da CEDEAO. Mas, porra, havia necessidade de ser os europeus a vir nos dizer: “paguem lá a cota da CEDEAO e participem lá nessa coisa pá, senão não há euro pra ninguém!"?

Convergência Técnica. Uh!...Ui!....Isso é que vão ser elas. Temos de começar pelo tipos que mijam na rua. É que tecnicamente não fica bem pá!

Sociedade do Conhecimento. Ora aqui está uma coisa que faz confusão a muita gente. Temos uma excelente E-Gov e não temos Sociedade de Informação! Uma contradição à crioulo mesmo. Ou seja: o Tecnologia de Informação está muito desenvolvida no Sector Público, mas pessimamente no Sector Privado e pior ainda nas Famílias.

Luta Contra a Pobreza. É o pilar mais fácil. Distribuam jeeps V8, estofos de pele, 3.000cc de cilindrada e toca a andar.

Ou seja, nem excesso de optimismo, nem excesso de pessimismo. O país AVANÇA. Há sectores que estão com pilares mais fortes e outros que estão com umas verginhas. Para mim o mais grave é o clima de retaliação política, da desinformação e da falta de conversa adulta e concreta.

7.5.09

Eurostroika II

Sabem o que significa "Parceria Especial Cabo Verde/União Europeia"?

À melhor resposta ofereço um dos cafés do Café Margoso, ao qual vou encomendar café da melhor safra.

Eurostroika

Acontece hoje na cidade da Praia, capital da República, uma troika ministerial UE/CV que conduzirá à assinatura do acordo de parceria especial UE/CV.

É possível que a partir do dia de hoje haja um embranquecimento generalizado da população CV, ou uma crioulização intensa de povos da UE, tudo dependendo da pujança de penetração de uns e de outros.

É possível que se decida pela construção de uma ponte rodoviária entre o arquipélago e o continente, na perspectiva de resolver os esquemas das donas na TACV para dar os pulos aos outlets da Freeport para reabastecer as boutiques.

É possível ainda que a Europa passa a transferir uns fundinhos para que não seja tão penoso trabalhar para desenvolver o país e em troca pode ser que venha a ser construída uma rampa de lançamento de foguetões na ilha do Sal.

É possível que as nossas carteiras passem a exibir as bonitas notas do euro, no lugar das bonitas notas de Eugénio Tavares, Amílcar Cabral e gafanhotos.

Na verdade, o assunto, da máxima importância, dá azo a muitas fantasias, mas tem um figurino bem específico e não é nada dessa disparatada que escrevi. Desculpem se criei ânimos e expectativas aos mais incautos.

A seguir com atenção...

6.5.09

Luto Nacional

Lela Violão (1929 - 2009)

Calma leãozinho!

Ontem, com dois compinchas di meu, falamos da parábola do leão.

Político, como leão, quando vira rei ganha direito a uma ZFE (Zona Fornicação Exclusiva), com muita leoa boa dentro, dando o que é delas e ainda tendo que caçar para dar de comer ao malandro, o rei, o político. O efeito disso é que, o rei, político ou leão, em vez de passar o tempo procurando felicidade para a comunidade, tendo que combater a cobiça, vive brigando para manter a zona. Nada de leãozinho frenético a querer compensar as pobres, que é logo corrido à dentada. Só são tolerados macacos, fazendo macacadas, hienas manhosas e bichos para pentear a juba do rei, ou para coçar-lhe o rabo.

Leõezinhos, mudem de táctica. Uni-vos. Leoas de hoje não precisam necessariamente de velhos leões rudes e malandros, que ainda por cima não tão com nada. Trabalhem uma conversa inteligente, que tempos não têm que ser de selva, com um só rei por zona, teimosos e sem graça. Mas, leõezinhos, isso é verdade verdadeira: leva tempo mudar essa lei.

4.5.09

Blog joint: Más línguas

Kriolu modi ki sta? E português? What about english?

Seremos um povo mau de línguas? Mas, dirão, há povos que não falam outra língua que não a sua. Mas será uma boa para nós ser assim também? E será admissível não perceber a própria língua? Ora, falamos todos falamos. O simples facto de nos chamarmos humanos já implica comunicar, mas não vamos aqui nos fazer de inocentes: compreender a língua que falamos e os processos de comunicação a que lhe estão subjacentes é um acto de domínio da própria civilização. O que significa então estudar, conhecer a natureza humana e natural, aprender uma profissão, tirar um curso? São actos de domínio da civilização e quem mais domina, mais se destaca no conjunto das nações. O atraso nos processos de conhecimento da língua está na mesma ordem do problema da aprendizagem da matemática.

Sabem para quê que serve um linguísta? Para tirar esta carga emotiva que a discussão da língua encerra, para começarmos a ter uma visão mais sistemática disso. Sabem para quê que serve um Ministro linguísta?

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