25.8.09

Kitsh requintado

Caminhar por um tapete de relva sintética à entrada é a primeira maravilha do lugar. De seguida vem uma floresta de pilares de cimento, uma cobertura de chapa metálica e diversas sombrinhas que tapam o sol onde a chapa de metal não tapou. Um desenho de um homem raquítico indica lavabos para senhores e um de uma desmesurada bunda indica os das senhoras. Um exército de arcas frigoríficas tapa o bar quase na totalidade. É arca para tudo. O bar é a caverna de Ali Baba repleto de estantes com garrafas e uma senhora apertada na saia com óculos grandes. Lâmpadas anémicas iluminam aqui e ali. Toca funaná em colunas de som de um metro de altura cada enquanto decorre o noticiário e futebol em dois televisores mudos.

Enquanto tentamos acertar em algo que existisse integralmente na ementa pedimos entradas de azeitonas e queijo. Não há. Cerveja só então. Repeti duas ou três vezes ao empregado que a minha omeleta fatalmente não podia conter nem atum nem fiambre nem frango nem chouriço nem linguiça; só cebola tomate e salsa. Diverti-me com as toalhas em xadrez das mesas em rectângulo, quadrados e redondas. O delicioso restaurante da Tátá fechou há tempos! Fechou também o do Mar Azul. Fechou o Hotel Tarrafal? Veio a minha omeleta numa travessa inox que lembra recipientes para esterilizar pinças em hospitais. Após dois golpes de garfo e faca apercebo-me da presença de atum na minha omeleta. Pronto, era demais! Reclamo cheio de fúria e indignação ante o impávido empregado que ouviu tudo até ao fim para depois se perder em desculpas suplicando: senhor, quis fazer um agrado; mandei acrescentar atum… Salvei-me o resto da refeição a ver para a magnífica vista sobre a praia do Tarrafal.

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