1.9.09

"A novela é o ópio do povo caboverdiano"
Inspirado num comentário aqui de Amilcar Tavares

5 comentários:

Tchale Figueira disse...

Caro César: O Amilcar tavares diz que a Novela é o Ópio do Povo... Sei de escritores como Fernando Pessoa, Oscar Wilde, Tenesse William, e muitos outros que estiveram no óPIO mas deixaram obras que enriquecem ainda a alma dos que se interessam pelo conhecimento e sabedoria... Eu direi que, a Novela, é o embrutecimento de um povo infelizmente pouco esclarecido.

Quem contola o que é bom ou mau na nossa TVCV?

Pss disse...

Oh Undergolas !!
Quando dizes "ja nem falam de sexo porque nao têm força para assumirem as suas responsabilidades"
não será melhorm quanto a isso, cada um falar si ...?

Pss disse...

Undergolas, undergolas ... acho que percebeste tudo mal. Mas ta bem ... o que eu escrevi não passava de um brincadeira.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Amigos, o próximo diálogo que não tenha nada a ver com o tema e que seja só mais uma troca de mimos, vou moderar. Fiquemos pelo debate que é mais agradável assim.

Hermano Lopes da Silva disse...

Conterrâneos
É bonito e acredito que não ofereça nenhum grau de dificuldade bater nas «novelas» e não resisto deixar aqui uns tópicos para análise. Oiço há já algum tempo a esta parte, desde «Dona Xepa», «Ciranda de pedra», «Olhai os lírios do Campo» (dum excelente romance, por sinal), «Água Viva», «Chica da Silva» (excelente e riquíssima do ponto de vista antropológico e rácico) passando pela «Escrava Isaura» (mundialmente reconhecida como de extraordinária qualidade temática, vista com traduções na Rússia Holanda, Alemanha e por aí fora) e já agora a «O Clone» esta, recentemente exibida pela TCV; só quem conhece o riquíssimo enredo que aflora a problemática moderna da clonagem na sua vertente e implicações sociológicas, religiosa e até do ponto de vista legal, passando por uma genial ligação entre culturas islâmicas e outras, estabelecendo paralelos existenciais entre peculiaridades culturais em todo benéficas para a informação e formação de uma classe que, em muitos casos, sendo analfabeta ou próxima disto muita vez sequer tem acesso ao telejornal e outros meios de informação. O que, de facto, me preocupa é verificar que nós os homens (sobretudo) que criticamos e fazemos de saco de pancada as novelas (claro que existem as más, como tudo), somos na maioria assistentes incorrigíveis e fanáticos de futebol (uma parte apenas da modalidade desportiva), passamos horas infindas à frente duma tela da TV assistindo um homem correndo atrás duma bola esvaziando garrafas de cerveja (muita vez). Muitos que crucificam as novelas têm na cabeceira da cama, como literatura preferida, quando não exclusiva, o «A BOLA», esganam de matar seu colega adepto da equipa contrária, desfazem amizades com amigos por brigas gratuitas, abandonam filhos e esposas em casa para assistir, em grupos heterogéneos, alucinados em palavrões desmedidos, num «buteco» qualquer da esquina uma partida «imperdível». Mas disso nós os homens (sobretudo) não falamos. Criticamos a mulher e/ou o homem que emocionou-se por não ter tido a habilidade psicológica suficiente para separar uma cena real da virtual numa novela. Volto a perguntar, pedindo desculpas pela repetição: Qual é mais alienante, destrutivo e maléfico (e ópio no pejorativo) do ponto de vista social, cultural, e etc ?!!. Para terminar, e já não era sem tempo, recordo-me duma vez, ainda na primeira república, era eu criança, um senhor, ministro, por sinal, emocionou-se e veio ao público criticar as novelas, depreciando um seu valor indiscutível do ponto de vista social que também é facto (é óbvio que tudo quando demais faz mal e refiro-me naturalmente às de qualidade) e que na sequência disso, dias depois, numa entrevista ao Baltazar Lopes da Silva questionando-o sobre este assunto, a propósito da investida do «Ministro» ele, numa resposta sábia, deitou por terra o conteúdo do comentário do Exmo. Senhor, aludindo precisamente a importância que uma boa Novela poderá ter na formação e informação dos tais indivíduos que só neste meio terão a possibilidade de desembrutecerem. Cabe, de facto, aos órgãos da comunicação televisiva seleccionar as de qualidade menos duvidosa. Mais ridículo ainda é constatar que existe um grupo expressivo de homens que às escondidas vêem sua novela, que nem empregada doméstica comprando expresso às escondidas para os membros do governo, e quando no grupo são confrontados fogem do facto, qual capeta da cruz, para que não se sintam diminuídos na sua «masculinidade»; isto é treta, ridículo e lamento, fazendo votos para que a comunicação social continue oferecendo Novelas (repito, de qualidade) para que, sobretudo a massa não alfabetizada, sem acesso à internet, livros, museus, galerias de arte, concertos e outros meios, possa neste meio adquirir alguma informação global. Conterrâneos, alguma informação é sempre melhor que nenhuma informação

Um cabo-verdianíssimo abraço
Hermano Lopes da Silva