7.12.09

Segunda-Versão

Ouvi dizer, por favor, não pensem que sou dado a essas fofoquices, mas já diz o ditado que onde há fumo há fogo, que alguns rapazes cá do burgo, normalmente muito janotas a circular por aí, andam a descarregar a sua mão masculina em cima da parceira, ou parceiras lá onde for o caso. Ora, até aqui nada de novo ou extraordinário, porque o padrão é os machos crioulos baterem em suas mulheres pelo menos uma vez na vida, tipo, há uma primeira vez para cair de bêbado, há uma primeira vez para estar com uma mulher e uma primeira vez para as bater. Isto é idiossincrático, senhoras! Aliás, senhoras, devem agir com cuidado nessa coisa moderna de querer mudar os vossos homens, para que não deixem de ser homens de uma vez. Para que saibam, porrada e grogue são moléculas masculinas, sem as quais os dessa categoria correm o risco de perder a tesão.

Até aqui estivemos a falar de assunto comum, homem, mulher, crioulos, porrada, o de sempre. O caso muda de figura quando esses janotas, pertencem a uma campanha chamada “Laço Branco”, que é uma rede de homens contra a violência de género. Espera! Estou baralhado. Os camaradas batem nas mulheres e pertencem a uma associação de homens contra a violência de género? Bem, a mim deram-me dados precisos, nomes, profissões e filiações partidárias. Uma teoria que me pareceu plausível, explica que na verdade esses tipos não pertencem e nem acreditam em tal iniciativa, que só estão aí, sorridentes a posar para a fotografia, porque em termos de marketing político é o que mais tá a dar.

Sabem, agora metendo toda a violência dentro do mesmo saco, a questão complicada é, quando vemos uma mãe que assenta a mão no seu filho, com tanta fúria que ultrapassa a “palmadinha terapêutica”, e ficamos de boca calada, ou até apoiamos, é onde semeamos a árvore da violência, de género inclusive, que essa também muita vezes começa com uma “porradinha necessária” e um dia descamba em morte. A minha sensação é que, metade de nós é agressor e a outra metade é cúmplice.

6 comentários:

Tchale Figueira disse...

é xique criar estes grupos que é mais vaidade de grupo do que altruismo, armados em basofo!... Rotario CLUBE, LAÇO BRANCO, LION... a bunda que os defecou, Porra! Lobinhos mascarados de cordeiros. É tudo uma cambada de moralistas sem moral. Gostariam de ser da elite masonica mas não podem. O verdadeiro altruista faz, não anda por aí arreganhando os dentes na Televisão mostrando quão bonzinho somos.

Ivan Santos disse...

a questão é sim séria e preocupante!!
mas a campanha, a iniciativa é coisa séria!!!não se está somente a dar a cara para parecer bonzinho...!!!

JB disse...

Vera

DE-NUN-CI-EM, PORRA! Se há lobos disfarçados de cordeiro (agora está na moda esta expressão) de-nun-ci-em.

Bom post, César. A última frase diz muito.

alex reis disse...

Caro César, não deixa também de ser sintomático à nossa sociedade que, quase imediatamente a seguir ao aparecimento do Laço Branco, se discuta, não osprincípios, não as actividades a desenvolver, não a importância que pode ter ou não, estabelecer-se um discurso " de homem para homem", mas o que o post traduz: que somos cínicos e que o protagonismo é que mais nos move... Além de injusto, porque faz cair a mancha sobre todos os que assumem a atitude, desvia-nos do que levou à criação do laço Branco e dá origem a comentários como ao do Tchalé, dos artistas cabo-verdianos que eu mais admiro, mas que com a vontade de generalizar, ofende todos, sem sequer querer saber o trajecto de tanta gente que ele desconhece. Se calhar, convinha saber um pouco mais de cada um de nós mas, principalmente do queremos fazer. A apresentação de uma carta de prinípios serve para isso mesmo. E não temos dúvidas nenhumas que poderemos ter homens agressores, machistas, ou perigosamente neutros, com que precisamos trabalhar. E o risco que corremos em ter connosco esses homens não é maior que o de deixar perpetuar-se essa neutralidade e essa cumplicidade surda de que falas.

Alex reis disse...

E já agora, para informação, algo que ficou muito claro para os membros fundadores do laço Branco é que nós apenas nos podemos assumir como homems com sensibilidade para a questão, muito mais do que homens com uma formação íntegra, coerente, na prossecução da igualdade de género. Todos nós falhámos nos breves questionários que nos foram colocados. Mesmo os que nunca bateram numa mulher. E fazer parte do laço branco vai-nos dar, exactamente,a possibilidade de nos educarmos para essa igualdade de género, para provocarmos discussões com capacidade de argumentação, e para, pouco a pocuo, absorvermos os valores que vamos propagando. Sem desculpar ninguém, o laço branco só se justifica se conseguirmos a adesão de pessoas que já agrediram ou agridem, que têm filhos com os quais não se importam, que assedia a "gostosa" do trabalho, que é sua secretária ou que sobre a qual exerce aquele poder que é capaz de humilhar. Esses são de facto os nosso destinatários. Assumimo-nos como uma associação homofágica. Quando passarmos a ser, efectivamente, todos laço branco, fechamos as portas.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Anónimo, se conseguires identificar uma vírgula sequer que põe em causa a Campanha, ganhas um rebuçado