9.1.10

Estados ridículos

"Delegação [de futebol] do Togo recebida com tiros [em Cabinda, para CAN 2010], um morto e dois jogadores feridos"
Fonte Sapo.cv

Para mim, insegurança é um indicador de Estado. Quanto mais ridículas as situações de insegurança, como esta descrita aqui, como as que acontecem na cidade da Praia, mais frágeis parecem-me os Estados.

Os Estados existem para garantirem a coesão social, promovendo o Emprego, a Repartição da Renda, a Saúde, o Ensino; e o funcionamento das instituições, entre as quais as instituições da Ordem e da Justiça. Aos Estadistas não se pedem actos de bravura, na medida que são pagos, a dinheiro e a títulos, para fazerem o seu trabalho, que é manter o Estado a funcionar. Em Cabo Verde temos uma situação confusa: temos um bom índice de Governabilidade, pelo facto de termos eleições livres e organismos do Estado a funcionarem de forma transparente e independente, mas por dentro (sociedade, entenda-se) estamos rotos. Congratular os ganhos sim, mas encarar de frente, com cara de mau, as vicissitudes, é o que nos falta, considero.

7 comentários:

Anonymous disse...

Creio que comparar Cabinda e Angola a Cabo Verde é exagero e aliás nem há termo de comparação (por enquanto). Os tipos que fizeram o ataque fazem parte da FLEC, movimento que luta pela independência de parte do território angolano. Portanto ai não é somente a questão de segurança como a que existe no nosso caso mas há grupos que reivendicam independência do estado e do poder central, algo que não existe entre nós (por enquanto?).

Cesar Schofield Cardoso disse...

Caro, creio que aqui não há comparação nenhuma, até que seria desproporcional. A minha questão é: tanto num caso como noutro revelam a fragilidade dos Estados. O sucedido em Cabinda é grave. Como os sucedidos em Cabo Verde são graves. Mas as escalas de medida são brutalmente diferentes.

Ariane Morais-Abreu disse...

Ainda neste nascer de 2010 ha pessoas em Cabo Verde que nao querem redondamente admitir a realidade nua e crua, nunca aceitam comparaçao com paises africanos porque acham CV uma excepçao nao-africana onde nao existe corrupçao, tribalismo, vendetta, delinquêcia em todas as escalas socias, pedofilia, branqueamento, narcotrafico, racismo e xenofobia, "desgovernaçao"... potanto existem tais factos em escala bem maior do que Angola, comparativamente a sua demografia e geografia, e ao facto de CV nunca ter sofrido guerras no seu territorio. Se aceitarem esta evidência, poderam talvez a sociedade e os governantes desamorçar as bombas de destruçao massiva que se concentram na nossa terra como nos continentes africanos, americanos, asiaticos e europeus. O cocktail cv nao é menos destructor, por certo!! A actualidade confirma.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Falamos de África como se fosse um único país. Falamos de África como se não o pertencêssemos. Como se "eles" tivessem problemas horríveis e "nós" tivéssemos problemas "normais". Não sei o que nos falta para aceitar: 1 - somos uma país africano, ponto. 2 - somos uma país pobre, com os mesmos problemas que muitos africanos tem. Mas não temos conflitos armados, e isso parece-me que faz muita diferença

Ariane Morais-Abreu disse...

Uma e tao grande diferença que os Cv, na evidência, nao deram valor a independência, recebida, pour ainsi dire, de borla nas custas/costas dos continentais africanos e, em particularidade, dos Guineenses que fizeram a guerra no lugar dos Cabo-verdianos hoje amnesicos, ingratos e ciumentes. Sim os Cv tambi ignoram a diversidade do proprio pais quanto mais dos paises africanos no total. A alienaçao ainda esta bem fincada nas mentes!!

LMB2 disse...

Violência é sempre Violência... seja ela planeada e/ou prepositada, gratuita e/ou neglegenciada. O importante é desligar sempre de certas bitolas que mais nos servem para estagnar do que avançar. Ela já constitui uma das nossas maiores preocupaçoes e se não nos mergulhemos no cerebro da questão dias piores virão. Precissamos de justíça, de equilíbrio, de "elementos", bebidos em estudos e análeses que nos possam indicar os rumos do combate e da correção. A ideia que fica é que a violência pendura muito nas manias, nos sistemas e nos esquemas criados e montados para dar resposta a uma infinidade de “vazios” individuais e colectivos. Acredito que vamos a tempo de buscar algum equelibrio e exorcitar os fantasmas dos que agora empurramos a cruz...

Anonymous disse...

Cabo Verde pertencer geopoliticamente à África depois de 1975 é uma coisa. Imposta diga-se pelo Partido Unico!
Resumir isso à identidade é um absurdo
neste caso, vai dizer o mesmo das Maurícias?
mas eles são indianos
há alguma dúvida?
mas, geopolicamente é África
assim como os negros americanos são América
não é a cor da pele que define a sua identidade de americanos
Obama tem algo a ver com o Kénia?
nada
a cabeça dele é tão americana que o povo se revê nele e o elege
Deixar de reconhecer a realidade sociológica cabo-verdiana, que se traduz numa singularidade, a que chamamos cabo-verdianidade, é confundir a cabeça de toda a gente. Se o Cesar for a algum país Africano vão lhe discriminar porque ou é vermelho ou porque leh consideram branco. Como ja aconteceu comigo, pois era tratado como o petit blanc.