27.2.10

Atroz

Este é o documento mais revoltante que já vi sobre a deportação para os campos de concentração de judeus e opositores de Hitler. E no entanto já vi tantos, que hoje em dia tenho a tendência até de dizer, Sobre a II guerra, ná, tou farto disso! Pois, e este documentário conseguiu deixar-me ainda mais estupefacto da capacidade de violência mental a que o homem pode atingir.

Talvez o facto da obra ser de Alain Resnais, um dos pioneiros da Nouvélle Vague francesa, e de ser realizada da forma como foi, terá contribuído pelo impacto. Daí que se costuma dizer que o documentário nunca é o cinema-verdade, embora se baseie em factos, porque o realizador induz sempre a uma determinada leitura, a sua. Mas quem disse que no mundo existe neutralidade? E quando se trata de condenar o acto mais bárbaro de todo o séc.XX, toda a denúncia ainda é pouca.

Um presente de Edson. Grande!

Sabbath

O meu pessoal comentador não me deixa cair na contradição. Estão sempre atentos

26.2.10

Quinta,Essência

É sempre um prazer encontrar-me com Princizito. Faz sempre parábolas, que é uma forma interessante de dizer sem falar muito e isso é uma arte. Ou aliás, é uma tradição muito característica da Cultura crioula, que em Santiago se expressa muito, as parábolas, que Princizito aprendeu, cultivou e tornou praticamente a sua maneira de expressar. O homem trabalha a língua caboverdiana como poucos o fazem e evidentemente é um pessoa terrivelmente desiludida com a grande embrulhada em que Manuel Veiga deixou a questão da língua. Uma pesada herança para Fernanda Marques.

Finalmente já sei quem é Fernanda Marques, que afinal conhecia pessoalmente. Fez um trabalho notável numa instituição de pouca visibilidade, o Centro Terapêutico de S.Filipe (toxidependência). Foi ainda coordenadora do programa de luta contra a droga (não sei bem o título disso). Daí ao Ensino Superior, Ciência e Cultura...enfim, lá o Premier tem as suas razões, como também tem as suas razões ao tirar Fátima Fialho a Economia, para passar a tratar disso pessoalmente (!). Sidónio Monteiro é um político intrigante: muito contestado, muita pouca obra, conduta política maculada, mas ninguém lhe mexe. Que trunfos terá este senhor que o torne inamovível? Aliás, em vez de inamovível, ganha mais visibilidade.

Enfim. Se há coisa que distingue os políticos caboverdianos é a sua falta de personalidade política. Aqui podem acontecer terramotos que os senhores ministros saltam de ministério em ministério alegremente e ainda dão grandes entrevistas, como se fossem grandes heróis. É que a malta aqui tem medo de mandar umas catanadas, porque no fundo todos estão se alimentando da farinha do mesmo saco.

Até ao próximo terramoto, que nos livre que ela venha em forma de febre amarela. Ministro, as medidas em curso vão nos safar disso?

24.2.10

A emenda não melhorou o soneto.

O problema da Cultura em Cabo Verde não passa por remodelações governamentais. O problema é de raiz, é do programa do Governo. O problema da Cultura em Cabo Verde é que ainda os dirigentes políticos não entenderam o seu alcance. Não entenderam que a Cultura, aquela que se planifica, é a política em si. É reflexão e transformação. O problema é da visão desanimadoramente curta do Chefe do Governo quanto a esta matéria.

Muita gente pensa que tenho alguma animosidade especial em relação ao Manuel Veiga. Vou vos confessar finalmente o que acho do Dr.Manuel Veiga, enquanto pessoa: simpático e cordial, que tem o cuidado de me apertar a mão sempre que me vê. A minha animosidade é, continua a ser, e se calhar vai ser mais agora com o novo estúpido ministério, em relação à tacanhez de visão em relação à Cultura. É relegar a Cultura a um punhado de manifestações.

Manuel Veiga entrou numa armadilha. Entrou para um Ministério que na verdade o Governo está se c...para ele. Sem linhas de políticas no programa do Governo, sem estrutura adequada, sem articulação com outros sectores, e nem mesmo merecendo menção nos balanços anuais do Governo. O homem Manuel Veiga entrou no governo com um capital de respeito, enquanto intelectual que é, e saiu delapidado desse capital. Espero que a sua vida profissional a partir de agora o ajude a recuperar-se desse desgaste. Boa sorte.

(Actualizado)
Quanto à nova estrutura, Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura, embora possa parecer lógico a reunião desses ministérios, cá pra mim foi um arrumar da Cultura em algum lado, porque tinha que ser arrumado em algum lado. O problema interior, ou seja o âmago da instituição, com os seus institutos satélites, tais como IPC, vai continuar com o mesmo quadro de pessoal que há anos a esta parte e, mais grave ainda, os mesmos directores, manifestamente "esgotados", só para usar um termo simpático. Querem apostar?

En passant

Saudades de tempo para escrever um post...de conversar com os meus visitantes também. Mesmo os chatos, eheheheh

Até breve (brevíssimo)

20.2.10

Dulce Almada

Deu-me de falar dela.

Não é interessante notar que, uma senhora que tanto sacrifício fez para a independência do seu país, academicamente especializada numa área que tão exasperadamente precisamos, a Linguística, esteja a viver longe da sua terra, como que num exílio pós-Indepedência? O que é preciso dizer a esta senhora para que ela venha continuar a sua luta aqui? Ou acham que a luta de emancipação terminou? Não veem que a questão da língua materna/língua está impregnada de complexos coloniais? É só aprofundar-se um pouco na nossa história recente para perceber isso.

E casos desses continuam a suceder-se. Quanto caboverdianos brilhantes temos espalhados pelo mundo, só porque aqui não lhes dão...estima. Pois muitas vezes estima é a maior das retribuições. Mas enfim, creio que faz parte da nossa idiossincrasia sermos ingratos.

19.2.10

Sexta,Capital

A qualidade artística do Carnaval da Praia é de bradar aos céus! Não sei quando vamos chegar à conclusão que a arte é algo que se ensina desde a primeira infância, há cursos, é uma profissão honrosa como outra qualquer e é por demais necessária.

A artista plástica Luísa Queirós, que não me canso de declarar-lhe a mais profunda devoção artística, denuncia o roubo de peças do antigo Centro Nacional de Artesanato. Ora, como se as autoridades não soubessem disso! Aliás, o que é de crime contra o património nesta terra!....

Anuncia-se o Sistema Nacional da Qualidade (SNQ). Bem, isso da Qualidade é uma dimensão que não temos de todo e falta-nos cruelmente. Vamos lá ver se o próprio SNQ tem qualidade ou é mais um desses diplomas para constar.

Bom FDS, com a cervejinha da praxe.

Min.Cultura/IPC convidam...

Inscrita nas actividades comemorativas do dia internacional da língua materna

Palestra:
«Educação bilingue e a implementação da biliteracia e o ensino da leitura e da escrita em cabo-verdiano»

Oradora: Prof.ª Doutora Dulce Pereira, Coordenadora do projecto «Turma Bilingue Português-Cabo-Verdiano» (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa/ ILTEC)
Local: Campus do Palmarejo (Auditório)
Data: Sexta-feira, dia 19 de Fevereiro de 2010
Horário: 16h00
Destinatários : interessados no ensino bilingue; estudantes da Uni-CV; docente; mestrandos; sociedade civil em geral

e

Mesa-redonda:
A importância da valorização da língua materna em diferentes perspectivas

Oradoras: Dulce Pereira, Coordenadora do projecto «Turma Bilingue Português-Cabo-Verdiano» (FLUL/; Ana Josefa Cardoso, Professora da língua cabo-verdiana; Amália Faustino, Mestre em Língua e cultura portuguesa; Adelaide Monteiro,Linguista, IIPC
Moderador : Danny Spynola, Escritor em língua cabo-veridana
Local: Biblioteca Nacional
Data: Sexta-feira, dia 19 de Fevereiro de 2010
Horário: 18h00
Destinatários: sociedade civil

18.2.10

Quinta,Essência

Por falar em língua materna, lembra-me Dulce Almada, uma das personalidades mais importantes de Cabo Verde, um pouco esquecida, nessas voltas que a história dá.

Dulce Almada é, depois de Amílcar Cabral, das maiores, senão a maior, figuras da luta da emancipação do povo de Cabo Verde. Propositadamente não digo "luta de libertação" porque a luta que Dulce Almada fez, junto com Amílcar Cabral, foi muito mais do foro intelectual do que militar. Esta mulher teve um passado fulgurante e no entanto para as novas gerações, incluindo a minha, é um nome vago.

Dulce Almada fez os seus estudos em Filologia Românica, mas cedo entrou na luta clandestina, fugindo constantemente da perseguição da PIDE, vivendo a duras expensas no exílio, vivendo em diversos países, desdobrando-se em mobilizações e palestras, tendo ainda tempo para gerar dois filhos, que também criou debaixo de sacrifício e de medo, e arranjando maneira, como dava, para encontrar o marido, Abílio Duarte, que também viveu duramente na clandestinidade, mobilizando e desencadeando ações para a luta. Dizem que Dulce Almada só não foi um alto dirigente do PAIGC porque era...mulher. E no Cabo Verde independente não assumiu nenhum alto cargo de direcção, que não sei se será por opção própria ou por machismo puro. No entanto ela dedicou-se muito à questão da língua materna caboverdiana, essa dama que ainda sofre dos mais altos preconceitos.

Dulce Almada foi a PRIMEIRA PESSOA, em 1962, que discursou perante a ONU, reivindicando a independência de Cabo Verde. A seguir Amílcar Cabral faria o seu discurso.

...Continuamos a ser um povo terrivelmente ignorante da sua história. Chego a pensar que essa ignorância é propositada, pelos que se sentem diminuídos pela própria história.

16.2.10

Terça de Entrudo

Fico cada vez mais impressionado, à medida que vou aprofundando os meus conhecimentos disso, com o nível de vida social e cultural que se viveu no Mindelo durante a 1ª metade do séc.XX. Mindelo era como uma "Havaninha" para os governantes portugueses e as "forças vivas" locais. Mindelo não se assemelhava a nenhuma outra localidade em Cabo Verde. Desenvolveu notáveis figuras nas letras e nas artes. São famosos os clubes e as festas. Até os governadores colonialistas perdiam-se de amores por Mindelo e os seus encantos.

Nessa óptica, a entrada do PAIGC no Mindelo, na data da Independência, assemelha-me à entrada de Fidel Castro e Che Guevarra em Havana. O fim da belle époque da burguesia luso-caboverdiana. Ora neste sentido, pode-se compreender a animosidade contra os "revolucionários" de uma determinada classe de pessoas, e ainda hoje um culpar do PAIGC do desaparecimento dessa way of life.

Ora, caro amigos, concidadãos, patriotas ou não, sejam de que raça forem de caboverdino, uma coisa é certa: a minha cidade do Mindelo viveu coisas magníficas, de que lhe ficou de herança o cosmopolitismo; o problema dessa moeda é que no reverso a maioria na população, das "fraldas" do Mindelo e do resto do arquipélago, era miserável e ignorante, morrendo à fome e às doenças. Ou seja, não tinha como manter aquilo.

Agora aproveitemos das heranças boas, em que o Carnaval é uma das mais alegres, boémias, divertidas e reveladoras. Hoje mais do que chorar o passado, podemos é juntar todos os bons atributos que temos e procurar novos ares, de bandeira desfraldada nos ares, idealmente levada por uma bela porta-bandeira.

15.2.10

En passant

"Já se viu que o Tribunal de Contas não tem pedalagem para desengrenar a ferrugem da máquina de prestar contas."

Apetece-me perguntar: quem é na verdade o Tribunal de Contas? O que faz da sua vida? Quem lhe vigia o cumprimento do seu papel? Alguém se importa se esta instituição existe, se não, se está vivo, morto, competente ou incompetente? E no entanto é uma instituição fundamental. É a máquina de prestar contas do Estado, precisamente.

14.2.10

Segunda,Intenção

Quando se proibiu a igreja de continuar a lecionar, mandando encerrar o seminário de S.Nicolau, o arquipélago foi lançado num vazio de ensino. Por iniciativa de um grupo de cidadãos, liderados pelo senador Augusto Vera-Cruz, foi criado em 1917 o liceu Infante D.Henrique, instalado na residência do próprio senador, em Mindelo, onde hoje funciona o Museu de Arte Tradicional, que este cedeu, indo morar noutro local.

Silvino Silvério Marques, governador de Cabo Verde de 1958 a 1962, com a missão de debelar as graves crises que assolavam as ilhas, conduzindo à míngua milhares de pessoas, introduziu um enérgico plano de obras públicas, com o intuito de gerar emprego e rendimento para as famílias. O saldo desse plano é notável: concluiu o cais do Porto Grande; construiu os aeródromos de Praia, Mindelo, S.Nicolau, Maio e Boavista, a central dessalinizadora do Mindelo, escolas primárias, o liceu e o Palácio da Justiça da Praia. Do ponto de vista cultural, promoveu uma mesa redonda sobre o homem caboverdiano, de onde saiu a publicação de duas obras de referência: Antologia da ficção caboverdiana e Antologia dos modernos poetas de Cabo Verde.

Alves Roçadas, governador de Cabo Verde de 1943 a 1953, é descrito como um humanista. No seu governo passou a ser publicado o Boletim de Cabo Verde, receptáculo de escritos de vários intelectuais e poetas caboverdianos. Elaborou o "Plano de ressurgimento de Cabo Verde" onde propunha mudanças de fundo na política para as ilhas, plano esse totalmente ignorado por Salazar.
[fonte: Cabo Verde, Os Bastidores da Independência, de José Vicente Lopes]

Exemplos de personalidades da nossa história que, embora afectos ao Estado Novo de Salazar, foram seduzidos pelo "povo das ilhas" e tentaram implementar acções que melhorasse o estado de abandono que o colonialismo português votou estas ilhas, findo o comércio criminoso de escravos. Utópicos que tem um ponta de "culpa" na emancipação do nosso povo.

12.2.10

Sexta,Capital

"Debatemos questões reais, como a língua, dominação cultural, a independência e certos graus de complexo? Começamos pela língua e dominação cultural."
Rony Moreira in comentários ao post Pai,Filho,Espírito

Por falar em língua, dos pontos que mais me sensibilizam, considero que as autoridades de hoje, gerindo o dossier de forma patética como tem gerido, estão em dívida com a história. Leiam o comentário na íntegra do Rony. Efectivamente a língua joga um papel importante, se não o mais importante, na colonização mais recente. Abolida a escravatura, o poder que os homens tinham de aprisionar e forçar a trabalhar outros homens, como se de animais domésticos se tratassem, a dominação passou a ser económica e cultural, fazendo crer ao colonizado que ele era de cultura inferior e que ele, o colonizado, tinha as respostas para os seus problemas. Quantas vezes a brincar não dizemos: "isto é bom, foi branco que fez!"

A questão pois não é discutir o que os nossos antepassados terão feito, se um ofendeu o outro, se o outro fazia isso e mais aqui; a questão agora é: e nós?

11.2.10

Quinta,Essência

Fazendo eco da última frase do livro de António Tomás, "O Fazedor de Utopias": afinal, do que serviu a guerra da Guiné, por longos e tortuosos 10 anos? Será que hoje, depois de tudo, existe um sentimento na Guiné de todo-pátria, ou agravaram-se as clivagens étnicas? Será que os países terceiros continuam o seu jogo sujo de deitar pólvora neste país-mártir? Sim, é de perguntar, qual tem sido o papel da Comunidade Internacional na Guiné-Bissau.

E nós, que ganhamos uma liberdade de mão beijada, que nem a queríamos, o que pensamos de tudo isso? Será que percebemos que a luta de Amílcar Cabral ultrapassou os campos de batalha e criou uma agenda de questões profundas? Será que percebemos, por exemplo, o alcance do pensamento que diz que a luta de emancipação dos povos é uma luta cultural?...Não me parece.

Uma coisa é certa: os campos ainda fumegam, as feridas ainda sangram e as mentes ainda deliram.

9.2.10

Pai,Filho,Espírito

"...tanto o CPLP como o Instituto Camões servem de condutores e suportes institucionais na reformulação do passado colonial que circula com a designação de política da língua portuguesa, ou simplesmente lusofonia."
António Tomás in O Fazedor de Utopias

Se isto não é uma opinião forte e polémica, outra coisa não é. António Tomás, enquanto que académico, doutorando, tem um escrita eivada de uma indisfarçável emoção revolucionária. Será pecado?

Não concordo taxativamente com esta opinião de "condutores e suportes institucionais na reformulação do passado colonial", embora reconheça gestos saudosistas nestas instituições. Sou do tipo que sabe que houve o Pai colonialista, o Filho colonizado, mas que sabe também que hoje existe uma herança humana, o Espírito, de onde se pode extrair um mundo novo, combinações inúmeras, campos inexplorados, valorizações imensas, que todos saiam melhores. Mas temos de agir também. Já chega desta africana-apatia.

8.2.10

Segunda,Intenção

"...os fidalgos compondo a expressão para que ela exprima, ao mesmo tempo, o respeito devido a príncipes, o enternecimento pela pouca idade que é a sua, a devoção pelo santo lugar que em cópia ali se mostra, tudo isto numa cara só, e tudo concordando, não é para admirar que pareçam estar sofrendo de uma dor oculta e talvez imprópria."
José Saramago, in Memorial do Convento

Digam-me se isto não é pintar um retrato com palavras!...Quando a literatura chega a reproduzir os 5 sentidos e demais, é quando percebemos que estamos perante um grande escritor.

5.2.10

Sexta,Capital!!!


A notícia não podia ser melhor. Está confirmado o KRIOL JAZZ FESTIVAL 2010!

O lançamento do site do festival decorrerá hoje, às 18h30, no salão nobre da Câmara Municipal da Praia

Está de parabéns a CMP, Tober, Ulisses e toda a equipa, por acreditar e realizar. Sempre digo que o fazer está no querer fazer...e saber o que fazer, claro.

Sétima.Arte.CV

Estou ansioso para ver este projecto. Mando a maior força para o meu amigo, um homem importante em Cabo Verde, embora de uma descrição impressionante, Fonseca Soares, Tchá para os chegados. Mando também forças para o resto dessa malta das artes cénicas do Mindelo, que tem por vocação, amar a vida.

A distribuição dos bens culturais é que continua uma lástima. Lembro-me de um excelente documentário, de produção espanhola que vi na Praia, que nunca mais se vê, se pode comprar, ou coisa que seja. E no entanto essas coisas correm festivais do mundo.

A este propósito, conversava com José Luiz Tavares, um poeta de alta gabarito, premiado internacionalmente, mas de distribuição sofrível aqui em CV.

Até quando políticas culturais incompetentes?

3.2.10

Poesia


Coube-me a elevada honra de ser um dos apresentadores desta opulenta obra.

Quinta-Feira, 18h, Salão Nobre da Câmara Municipal da Praia

Não é fácil ler José Luiz Tavares, mas se não tentarmos nunca haveremos de entrar no seu mundo de rebuscada poesia e filosofia. Mas uma vez entrados, a experiência da poesia de JLT é uma bombástica catarse. Alimento espiritual.

2.2.10

A Ditadura do Presente

Está aberta a polémica. Desencadeada obras de requalificação de estradas e esgotos na Cidade Velha, ter-se-a deparado com uma cidade ainda mais antiga, dos antigos senhores, uma cidade de luxo. António Correia e Silva, em artigo num jornal, chama a atenção pela extraordinária importância que estes achados têm, para a nossa história em si, a fim de percebermos melhor os nossos genes, mas também para a manutenção do estatuto de Património da Humanidade, que nos foi dado a crédito e há que justificá-lo, mormente com provas materiais a reforçar o seu inegável valor imaterial, quanto não seja para ter um sítio histórico dotado de mais coisas para turistas verem, já que é o discurso que mais fazemos, Afinal quanto isso vai nos render?

Por outro lado a Cidade Velha, com as obras ficou um caos. A população reclama. As tais estradas que eram para serem feitas, podem não ser feitas em favor da ciência. A população, esta que tem necessidades imediatas e estão entregues a um jogo político-partidário longe de ser inocente, reclama, querem mais é a sua estrada, que essas pedras do passado, em termos práticos não acreditam que vá mudar a sua vida. O presidente de câmara é uma figura que tem que renovar a sua legitimidade de poder, dia por dia, e pode simplesmente ir pela via de, faz-se a estrada, o património que se lixe.

Lidar com o presente é lixado. É urgente. É uma ditadura, nas palavras de Correia e Silva, historiador.