27.4.10

Democracia elementar

Baltazar Garzón é um juiz espanhol que fez coisas impensáveis: deu ordem de prisão ao Bin Laden (que não compareceu, se calhar porque tinha uma indisposição, como uma determinada figura local), acabou com a carreira do ex-chefe de governo espanhol, Felipe González, ao denunciar um caso pouco abonatório, mandou extraditar Pinochet de Inglaterra para Espanha (que também não cumpriu porque tinha cãibra nos pés), julgou criminosos da II Guerra Mundial, pôs o diabo de quatro, só que, embalado pelo sucesso, foi mexer com gente poderosa dentro de casa. As elites, que tem mais força que o próprio Estado, arranjaram forma de agora ser ele a sentar no banco dos réus. Lá vão eles acabar com o defensor da justiça.

Fez-me lembrar o caso da apanha criminosa (do ponto de vista ambiental) de areia na ilha do Sal para a construção civil, por parte de empresas privadas, ao qual um brilhante e jovem juiz interpôs-se. Lembram-se? A coisa deu que falar. Aliás o dito juiz deu que falar por essa e outras, até que lhe arranjaram um lugarzinho na Assomada, onde faz sempre um ar fresco, a ver se o jovem esfria os ânimos. Bonito. O caso vai ser encerrado, por não cumprir com algum pormenor legal, as empresas supostamente infractoras foram todas absolvidas e já não vão ter que pagar a astronómica multa que seriam condenadas a pagar e não me espantaria se agora fosse o Estado a indemnizar as empresas em questão, por prejuízos materiais e morais.

Lição da história: mexam em tudo, menos no meu queijo (para quem conhece a parábola "Quem mexeu no meu queijo?").

2 comentários:

Cesar Schofield Cardoso disse...

Obrigado pela correcção. Confesso que a quantidade de termos que a justiça tem, faz-me escorregar.

Cesar Schofield Cardoso disse...

No entanto é da revista onde li a notícia que o apelida de de juiz...