8.4.10

Quinta,Essência

Com um dos peixes do meu aquário falávamos ontem sobre:

Guiné [Bissau] mais uma vez está a sofrer. Admira-me como é que nós, cabo-verdianos, que temos uma dívida pesada, de sangue, para com a Guiné, que nos "cedeu" o seu espaço geográfico para as nossas lutas de libertação, não conseguimos no presente organizar mais espaço diplomático e reunir mais energia para ajudar esse país a ultrapassar as suas graves crises de Estado.

Os "esforços" da Comunidade Internacional não me convencem em relação à Guiné. Preciso sentir mais aflição, pelo menos dos cabo-verdianos, em relação às sucessivas crises da Guiné. Mas também Portugal, que se assume como o patriarca da CPLP não convence dos seus esforços diplomáticos. A indignação não chega; do meu ponto de vista é preciso fazer perceber a quem destabiliza sucessivamente o Estado na Guiné, que isto tem regras, que os países não estão sós, que a interdependência dos países só funciona se todos funcionarem sobre uma mesma plataforma legal e ética. Já chega de falta de civilidade na Guiné!

A Guiné foi no passado o palco de grandes sacrifícios humanos, para que hoje todos os países da comunidade de língua oficial portuguesa, excepto Brasil e Macau, pudessem ter a liberdade e o respeito pelos direitos humanos. Inclusive Portugal deve a sua libertação do Fascismo à Guerra. Paradoxalmente, a Guiné não consegue sarar as fracturas da guerra, nem largar as armas e a lei da força, nem ter paz de espírito e criar um Estado de bem estar para o seu sofrido povo.

Hoje a minha homenagem é para a Guiné, de onde veio a nossa afirmação enquanto Nação.

5 comentários:

Anonymous disse...

Já tinha estranhado não teres dito nada sobre a GB. Junto-me a ti, nesta homenagem!

Anonymous disse...

eu também assino em baixo. cv deve, e muito, à g-b. gato esteves.

Et disse...

... quando pensarmos o assassinato de AC, a célebre entrevista de AP dada ao Jornalista português Castanheira... Acho que disse e bem GB foi palco de "Luta de Liberatação". A nossa Luta foi contra o Fascismo-Ditadura?

Anonymous disse...

O Governo quer trocar o consulado que lá temos por uma embaixada. Ver entrevista do MNE em "Retratos" do A Semana online.

Anonymous disse...

Associa-me a tua homenagem a Guine Bissau, mas só não concordo com a tua ultima frase. Não sei se viste ontem o programa da jornalista Margaria Fontes da TCV sobre Cidade Velha em que um tecnico do IPC e a historiadora Iva Cabral explicam como nasceu e se forjou ao longo de cinco séculos a Nação Caboverdiana. O que se passou na Guiné é só uma pequena parte dessa aventura crioula, hoje muito questionavel. Parem com isso de dizer que Amilcar Cabral é o fundador da nossa Nacionalidade, pois a filha dele disse ontem na TCV que a Nação caboverdiana começou a ser formada quando o primeiro português pôs os pés na Ribeira Grande de Santiago e bebeu uma agua de coco e quando chegou o primeiro barco com os escravos vindos da costa ocidental de Africa. Amilcar Cabral nasceu apenas em 1924 e no entanto Cabo verde já tinha mais de 400 anos no lombo, logo ele não podia ter o dom dos Deuses de formar uma Nação. Se ele fosse vivo tenho a certeza que ele diria dei apenas uma pequena e humilde contribuição junto com outros cabo-verdianos, não sou fundador de nada, além do PAIGC.