6.5.10

Quinta,Essência

O sul está na ordem do dia. O sul do norte desta vez. Portugueses e espanhóis não querem ser comparados com os gregos. A Grécia tida com o berço da civilização ocidental, hoje é símbolo de falhanço de Estado. Gastaram mais que deviam, são indisciplinados nas contas, fazem arruaças, até já causaram mortes de inocentes, assustando os investidores e parceiros políticos. Ainda a Espanha consegue escapar-se da comparação, porque lá tem os seus atributos, mas Portugal não vai se safar de adjectivos que se reservam a países do sul, como se houvesse um determinismo entre a latitude geográfica e a capacidade dos países.

É claro que essa adjectivação "sul", que encapsula uma data de outras coisas, é grosseira e ofensiva. Mas, nós africanos, sul-americanos, sul-asiáticos, que somos sul a tempo inteiro, já nem nos importamos com isso. Apanhamos tanto que não causa mais dor. Ouvimos tanto que não choca mais. Mas hoje, quando vejo a onda quase que a querer prever a incapacidade de Portugal de se justificar por si próprio, fico a saber que a palavra "sul" não é uma referência geográfica; é uma dessas palavras condensadoras de vários preconceitos, como é a palavra "negro".

Agora já sabem irmãos do norte a sul, o que sentimos quando nos chamam pelo nome genérico de sul. Não que não sabiam, mas estavam esquecidos de como é.

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