22.7.10

Lata

Guiné Equatorial declara português como a terceira língua oficial do país (SAPO CV)

Isto equivale a Cabo Verde declarar o francês como língua oficial. Lidamos muito com o francês, principalmente ao nível da Adm.Pública, ou seja, muitos documentos e até concursos públicos vem em francês. Ora isso tem a ver com as relações internacionais, agora daí a declarar o francês como língua oficial em Cabo Verde seria um pouco forçado. Como é declarar o português a 3ª língua oficial da Guiné Equatorial. Eles falam espanhol, mas o que é que o rabo tem a ver com as calças?

Que ao ditador Teodoro Obiang tenha a pretensão de pertencer ao CPLP, como forma de branquear a sua política do terror, é uma coisa; outra completamente diferente é receber os apoios internacionais, nomeadamente de Cabo Verde. Muitas serão as argumentações a favor da Guiné Equatorial: é um país católico, tem ligações de história com portugal por pelo menos 1 século, tem um elevado PIB per capita e um IDH (Índice Desenvolvimento Humano) maior até que Cabo Verde, embora esse índice está a ser grandemente puxado pelo PIB, já que os indicadores sociais (ensino e sáude) são inferiores aos nossos, importantes organizações internacionais estão presentes no país, tem o apadrinhamento dos USA e da Espanha e, para todos os efeitos, há eleições no país, embora sejam altamente contestadas, pela oposição e por observadores internacionais.

Tenha os indicadores que tiveram, um país governado por uma única pessoa há mais de 30 anos, que tomou o poder por força militar, que manda executar os seus opositores, que nomeia pessoalmente o primeiro-ministro e todos os governadores de província (o país tem 7 províncias), que nomeia agentes da Justiça e que ganha as eleições com 98% dos votos (impossível em qualquer Estado decente), não pode ser considerado um Estado sério, pelo Comunidade Internacional. Mas ao que parece, o dinheiro está cantar nos ouvidos dos dirigentes dos nossos país e encadeando os seus olhos, até que perdem o discernimento das suas acções.

Para o Presidente do meu país, herói de luta contra o colonialismo e fascismo português, combativo negociador da Independência Nacional, é inaceitável o apoio a um ditador. Desilude-me.

Fontes: 

6 comentários:

Anónimo disse...

Oi César
Congratulo-me que BIANDA volte a ser o ESPAÇO ABERTO que sempre foi. Para mim só assim a Blogosfera faz sentido. E sei que andavas revoltado, torturado, com a tua decisão anterior. Mas não te iludas, porque nesta nossa freguesia a mediocridade espreita a toda a hora, tem normalmente muito tempo disponível e são carraças persistentes. Eles estão aí, e vão voltar. São os nossos canibais excelentíssimos, os nossos necrófagos insaciáveis, as nossas aves de rapina em plena explosão demográfica, enquanto as outras, as naturais, se vão extinguindo.
A casa é tua. E nela deixas entrar quem queres, e quem escolhes. E quem não perceber o sentido superlativo da ideia de CASA (um Blogue é isso mesmo, uma casa de portas escancaradas), quem não perceber o espaço de socialização e intimidade que ele representa, e não o souber valorizar, pelo respeito, não pode ser bem-vindo. Disse-o já por diversas vezes que nada tenho contra o anonimato, antes pelo contrário. Ser anónimo é uma escolha difícil ao contrário do que se possa pensar. Difícil porque marca uma fronteira muito ténue entre a dignidade de quem, tendo ideias, escolhe livremente não se mostrar, e a canalhice de quem, não as tendo, prefere cobardemente transformar tudo o que toca numa imensa e fétida pocilga. É este risco de confusão injusta, que torna duplamente difícil a escolha do anonimato. Para mim há, e haverá sempre, uma fronteira clara que distingue e separa um bom Anónimo de um péssimo anónimo. E confundi-los pode ser perigoso. O mau anónimo não sabe que não é um homem livre. Não sabe que vive prisioneiro da sua mediocridade, da sua mesquinhez, do seu ressentimento, do seu ódio. Não sabe que se reduz a ser apenas isso, a sombra fétida de uma não presença, um não ser, a consumir-se na acidez do seu próprio veneno. Mas até o canalha de um mau anónimo tem uma “virtude”. Testar os músculos da nossa paciência. Que este desabafo seja um aplauso, um estímulo, um incentivo e um OBRIGADO, a todos os Blogger’s Cabo-verdianos pelo inestimável trabalho que vêem desenvolvendo, em prol da cultural, da reflexão e da cidadania, do qual sou um humilde beneficiário.
Continua, pois, como sempre foste César. Um Homem livre, e que Bianda continue sendo o espaço de liberdade onde se pode respirar todos os dias. Mesmo que en-passant. Mesmo que em silêncio.
Gr AB
José E. Cunha

Anónimo disse...

Meu amigo, não entendo essa assanha contra a entrada da GE na CPLP. É uma ditadura? É, das piores, mas integramos a ONU que tem a China, a Cuba, a Coreia do Norte e todas outras ditaduras no seu seio!!! Qual é o problema? Esse é o mundo que temos. Os EUA, dirigidos pelo ultra direitista Bush não fez as pazes com Kadafy e vai lá buscar petróleo? Será os EUA um país que ama a ditadura? Ou será que pretendes dar lição de democracia aos EUA?

Cesar Schofield Cardoso disse...

Cunha, és um dos "culpados" dessa reabertura. Vou arranjar uma forma de redireccionar-te automaticamente os anónimos chatos, eheheheh.

Quanto ao assunto dos países ditadores, o que acho é que é precisamente isso, como fazer um discurso moralizador num tal quadro de política internacional? Precisamos é parar de contar estórias da carrochinha às crianças; isso é de feras mesmo!

Paulino Dias disse...

Alô César,

Fico feliz por "reabrires as portas", pá! O Zé Cunha expressou de uma forma magistral esta relação entre os anónimos e nós (os "bloguistas"). Está tudo dito, Zé Cunha! Dá-me vontade até de plagiar este teu comentário e colocar no meu blog eh eh eh.

César, em relação à entrada da GE na CPLP, confesso-te que quanto li as notícias do homem em CV encontrando-se com o nosso PP (por quem nutro um respeito e admiração enorme precisamente por espelhar, no seu percurso, valores completamente diferentes dos do velho Obiang) e cortejando-nos para facilitar a sua entrada na CPLP, fiquei irritado e um bocado confuso com a estratégia da nossa diplomacia. Estive para escrever um daqueles meus posts malcriados e cheios de porras (rssss), que isso é intolerável, um atentado aos nossos valores democráticos, um risco para a (boa) imagem que vimos granjeando na comunidade internacional, um retrocesso nas probabilidades de PP se candidatar ao prémio Mo Ibrahim quando deixar o poder (na minha opinião, muito merecido, aliás).

Mas depois, saindo da esfera limitativa dos "apoios económicos", do "brilho do petróleo da GE" e outros argumentos óbvios ao primeiro olhar sobre o assunto, obriguei-me a fazer algumas perguntas, noutra perspectiva. De que adianta sermos um país com um percurso de democracia (ainda em construção, é certo, mas já reconhecida positivamente), se não pudermos INFLUENCIAR os nossos vizinhos para irem nesta direcção? De que adianta os nossos valores democráticos, a nossa cultura de tolerância (não perfeita, sim senhor, mas suficientemente robusta), se não pudermos INSPIRAR os nossos vizinhos a seguirem o mesmo percurso? De que adianta sermos um país que exibe uma trajectória notória enquanto país independente, se não pudermos EXORTAR os nossos vizinhos a seguirem-nos o passo?

Agora a última pergunta: como iremos INFLUENCIAR, INSPIRAR, EXORTAR os nossos vizinhos, se os mantermos isolados e à distância, se não os atrairmos e integrarmos nos espaços onde temos uma palavra a dizer? Se não dialogarmos com eles?

Dá para pensar não é? Cá por mim, passei a aprovar esta estratégia do Governo e de PP em relação à entrada da GE na CPLP. E no caso deste último, ao contrário da minha primeira impressão sobre a sua postura, vejo-o agora como um acto de um estadista cuja acção transcende as nossas fronteiras, em termos de influência e promoção dos valores democráticos e da boa governação.

Um abraço, meu caro!

Paulino

Paulino Dias disse...

Alô César,

Man, escrevi um comentário enorme sobre o teu "regresso" mas sobretudo sobre a polémica em torno da entrada da GE na CPLP, mas deu um problema técnico qualquer e o comentário foi à vida... Não, não é mau olhado, espero...rsss.

Sobre a entrada da GE na CPLP, a minha posição é favorável. Concordo e suporto integralmente a estratégia da nossa diplomacia e do PP. Como agora vou ter que sair a correr ao aeroporto, deixo para escrever um post sobre a partir de São Vicente, para apresentar os meus argumentos.

Um abraço, bom final de semana, bro!

Paulino

Ivan Santos disse...

E que tal Cabo Verde solicitar entrada tbm para a Commonwealth...ou então para a OIF (Organização Internacional de Francofonia)...ou até para a Nato!!!se é que me faço entender...

abraços, valeu por abrires as portas de novo!!!