30.11.10

O Trampolim


Heis uma coisa que admiro: o lançamento de um livro. Normalmente fazer um livro é uma grande empreitada. Abraão Vicente ousou, empreendeu e heis que nasce o seu primeiro livro. Na sua nota de lançamento, defende-se, dizendo que não são contos, muito menos um romance, mas cá por mim é só um livro e pelas páginas iniciais que já li (confesso Abraão, não o li todo, eu sei, preguiça e otras cositas mas) e pela grande qualidade dos seus escritos nos jornais, tenho a certeza que valerá a pena apreciar esta obra. E mais, o caminho só se faz, fazendo. Continua fazendo, amigo.


O lançamento terá lugar na livraria Nhô Eugénio, no dia 2 de Dezembro pelas 18h30.

A apresentação terá a participação especial do músico e compositor Princezito que fará uma leitura dramatizado de um texto. O lançamento terá um ambiente totalmente informal e contará também com leituras encenadas de alguns diálogos do livro pelos actores Dulce Sequeira, José Pedro Bettencourt, Paulo Silva e Raquel Monteiro.

(ou seja, ainda temos bónus!) 

26.11.10

The sprint

"Governo e Câmaras proibidas de inaugurar obras a partir de 8 de Dezembro"

Assim vem em letras garrafais no A'Semana de hoje. Acho o máximo! Ainda, é proibido lançar resultado de inquéritos e sondagens, sem que esses sejam avaliados pelo CNE. Também acho o máximo. Acharia mais máximo ainda se auditassem, julgassem e executassem as contas dos partidos, que andam a dar verdadeiros shows de "engenharia financeira". Acharia o melhor dos máximos se o meu dinheiro (dinheiro de contribuente) fosse poupado nas campanhas, ou seja, que a malta que tá no Governo e na Adm.Pública, que quando tivesse que se deslocar em campanha, fosse de carro próprio ou a pé!

A avaliar pela ferocidade das rondas iniciais dos embates pré-eleitorais, a coisa vai ser forte e feia. Andam os dois barões, o verde e o amarelo, na tangente. Não se apercebe bem qual será o sentido dessas eleições. Se é verdade que o Governo vem se safando de rombos maiores e a Oposição não conseguido transmitir uma imagem de coesão, também é verdade que as autárquicas deram o toque da mudança e sinais de irritação podem ser fatais, como os intermináveis cortes de energia (ainda anteontem estivemos um dia todinho sem luz) e o desemprego, que, digam o que disserem as estatísticas, é um realidade sensível e preocupante.

Segundo o FMI a crise (Portugal nomeadamente) está intimamente ligada às desigualdades sociais, que permite um sistema que, enriquece um minoria e põe a maioria a pedir dinheiro emprestado à minoria (através do crédito bancário), endividando progressivamente, até levar o sistema à ruptura que se verificou, ficando minoria e maioria todos na lona. Em CV estamos a assistir esse fenómeno e só não sabemos quando vai estourar. Nem Situação nem Oposição tem discursos diferentes, pelo que o futuro, qualquer que for o caso, será tempo para se estar alerta.

O pior de tudo é que, por mais um par de anos, é preciso ouvir, ou o discurso autista de Zé Maria, ou o discurso mofo de Carlos Veiga. Juventude, nada!

22.11.10

Quando for velho...

...quero ser Presidente.

À boa maneira das perguntas cafeanas margosas, apetece-me perguntar: a grande concorrência às presidenciais significa que o patriotismo está em alta ou que há muita gente a tentar um reforma política em alto estilo? 

Dos candidatos: um só se ouve a voz ocasionalmente, se bem que ultimamente, com a pretensão presidencial, ande a opinar, viajar e mostrar-se; outro nem se ouve a voz, mas para mim é o que melhor conduta moral e cívica vem demonstrando; outro só se ouve a voz a inaugurar estradas e raramente se prenuncia sobre outros aspectos da vida social, politica, economica e cultural do país; outro foi eleito e tirado rapidamente do posto logo nas eleições a seguir, por não ter ligado a mínima o lugar a que foi eleito; outro abandonou o partido, havendo mesmo concorrido contra ele, viu que sozinho é uma folha seca e forçou a reentrada no partido; finalmente, um deles anda a braços com a justiça.

Regra geral, tenho poucos motivos de orgulho nos candidatos à presidência da minha república.

20.11.10

E-Saudades

Tenho saudades de cá estar. O mundo é feito de muitos caminhos e há alguns que demoram a terminar. Já volto


E-Abraços

16.11.10

Mindelo.Again


Espectáculo de baía!!

12.11.10

Mindelo

Cá vou eu mais uma vez este ano à minha ilha natal. Alguma coisa me tem puxado praí, não sei o que é mas estou a gostar.

Se posso dar uma mãozinha nessa consciência que é despertar a ilha do seu sono paralisante, penso que é por aí, indo mais vezes, levando coisas, falando sempre e tentar ver as coisas desapaixonadamente. Na verdade não é aceitável que uma ilha que tem a melhor cidade de CV, ou seja, melhores coberturas eléctricas, de água e esgotos, talvez a melhor rede viária intra urbana do país, uma ilha que tenha a história industrial e urbana, como tem SV, esteja simplesmente a dormir. SV reclamou por tudo e tudo teve: tem os estaleiros navais, o parque industrial, ainda o melhor porto de CV, um aeroporto internacional, unidades fabris, unidades de pesca industrial, boas unidades hoteleiras, enfim, em termos físicos a ilha é a que menos tinha que reclamar. Mas uma coisa ando a dizer há muito tempo e há quem me caia em cima: há um baixar de braços colossal. Não há que esperar por ninguém e desse ponto de vista os meus votos ao movimento que nasceu na net e se chamá "Cordá Monte Cara".

E já agora apareçam na minha exposição, na Zero Point Galery, às 21h. Pelo menos servimos um copo de vinho (espero bem que sim!)

10.11.10

Utópicos


É uma sensação indescritível abrir uma exposição! Alguma nasce dentro de nós. Ainda por cima quando se trata de a abrir no lugar que nos viu nascer, assume uma dimensão ainda mais indescritível; um misto de ansiedade e triunfo.

Estaremos no Mindelo, na bela galeria Zero Point Art, sexta-feira, dia 12, abertura às 21h. Passem a palavra por favor. E aguardo a vossa visita.


Mais sobre o projecto UTOPIA aqui

Futcera


Não deveria falar deste filme porque encontro-me demasiado perto das pessoas o fizeram. Mas, por me encontrar demasiado perto das pessoas que o fizeram, vou falar, simplesmente por não conseguir conter o que vai cá dentro.

Já exprimi publicamente a minha grande admiração por essa malta do teatro no Mindelo. Bem, "malta do teatro" é um tanto redutor, porque essa malta escreve, produz, dirige, actua, sobe escadas, aperta parafusos, tira cambalhotas, enquanto criam os filhos, e se lançariam no vazio, se fosse o caso, tudo por paixão à arte. Esta é uma força que serve para mostrar que o principal recurso no mundo continua a ser a vontade humana.

Em "Futcera" todos se desdobram em produtores, guionistas, uma-data-de-coisas e actores. Principalmente actores. Laura Branco, filha dos peixes Bety Gonçalves (a bruxona do filme) e João Branco, impressionou-me pela actuação quase sem palavras. Acreditem que isso não é fácil para nenhum actor, quanto mais uma adolescente como ela é. Fonseca Soares lembrou-me um grande patriarca, tipo o homem que vê para a vida com a serenidade de quem já passou pelo mesmo sol imensas vezes. Não falo só do personagem, mas de tudo: da fé, da garra, da paciência, da luta, da entrega e da vontade de continuar, continuar, continuar. As minhas lindas Sílvia, Mirtó, Zenaida e Bety já tratam a representação por tu. Senti um grande orgulho por essas pessoas todas, por terem conseguido!

No entanto, para olhos menos distraídos, há falhas que fazem um grande barulho e levam à desconcentração. A dramaturgia tem vários momentos de dispersão. Eu iria pelo regra do KIS (keep it simple); contar a história e nada mais que isso. Há várias passagens, momentos e personagens que não encontrei justificação para ali estarem. O momentinho da passagem dos outdoors de publicidade é imperdoável! Também imperdoável são as dessincronizações som/imagem nas cenas musicais. Os filtros na fotografia estão óbvios demais e o director andou ali a experimentar vários looks. Ou seja, simples detalhes técnicos que podiam perigar a história, se ela não fosse bem forte e aguentasse até ao fim.

Estamos perante uma longa-metragem do cinema, coisa que em produções "normais" conta com dezenas de pessoas, cada um a cuidar de um pequeno aspecto. Nesta produção, aliás como nas outras coisas que essa malta faz, o desdobramento dos papéis parece-me o aspecto mais relevante a destacar, porque é o que mais revelou do sacrifício que foi ter chegado ao fim da obra.

Que venham mais bruxedos!

2.11.10

William Kentridge


...uma descoberta

1.11.10

Estômago



Quando já acho que a ilha de Santiago não pode mais me maravilhar, eis que me dou conta que vivo numa ilha que tem ainda mais mistérios e encantos por desvendar. São muitos os caminhos desta ilha. São tantos os montes, as montanhas, os vales, as ribeiras e populações, ainda por descobrir.

Conheço mal o concelho de Santa Catarina, por uma razão simples: é grande e variado, em lugares e modos de estar. Neste fim-de-semana vi pela primeira vez o pé de Poilão gigante, região da Boa Entrada. Digo-vos, aquilo devia ser declarado património natural e ser protegido. É uma árvore que tem vários metros de diâmetro, raízes enormes e uma frondosa copa. Em vez de protegido, à sua volta, vestígios de piquenique, rabiscos no seu tronco e até grafittis (sim, com spray!)


Assomada, a cidade central de Santa Catarina, fica num alto, num grande planalto. Ao redor, existem zonas baixas, que se organizam ao longo dos caminhos d’água. Meti o meu carro numa dessas ribeiras, com água a correr, e andamos ali a descobrir os lugares, com gosto a safari. A dado momento vi umas árvores, que já vi em só duas localidades nesta ilha, que se dá o nome de lemba-lemba, que tem umas grandes lianas, a lembrar os filmes de Tarzan. É um espanto de árvore.

Terminamos a incrível aventura pelo interior de Santiago (interior literalmente, o estômago da ilha) em Tarrafal, a minha musa doirada e maltratada por mãos de péssimos gestores locais. Às vezes dói-me que a vila seja tão pobre e decadente, mas às vezes abstrai-mo e curto a incrível beleza da sua maior praia e as suas águas que fazem amor a uma pessoa.


Adoro este país. Adoro Chã das Caldeiras, Pedra de Lume, Calhau, Praia Grande, Monte Verde, Santa Mónica, Santa Maria, Assomada, Praia, Mindelo, São Filipe…e mais uma data de pequenos cantos, encantos.