10.11.10

Futcera


Não deveria falar deste filme porque encontro-me demasiado perto das pessoas o fizeram. Mas, por me encontrar demasiado perto das pessoas que o fizeram, vou falar, simplesmente por não conseguir conter o que vai cá dentro.

Já exprimi publicamente a minha grande admiração por essa malta do teatro no Mindelo. Bem, "malta do teatro" é um tanto redutor, porque essa malta escreve, produz, dirige, actua, sobe escadas, aperta parafusos, tira cambalhotas, enquanto criam os filhos, e se lançariam no vazio, se fosse o caso, tudo por paixão à arte. Esta é uma força que serve para mostrar que o principal recurso no mundo continua a ser a vontade humana.

Em "Futcera" todos se desdobram em produtores, guionistas, uma-data-de-coisas e actores. Principalmente actores. Laura Branco, filha dos peixes Bety Gonçalves (a bruxona do filme) e João Branco, impressionou-me pela actuação quase sem palavras. Acreditem que isso não é fácil para nenhum actor, quanto mais uma adolescente como ela é. Fonseca Soares lembrou-me um grande patriarca, tipo o homem que vê para a vida com a serenidade de quem já passou pelo mesmo sol imensas vezes. Não falo só do personagem, mas de tudo: da fé, da garra, da paciência, da luta, da entrega e da vontade de continuar, continuar, continuar. As minhas lindas Sílvia, Mirtó, Zenaida e Bety já tratam a representação por tu. Senti um grande orgulho por essas pessoas todas, por terem conseguido!

No entanto, para olhos menos distraídos, há falhas que fazem um grande barulho e levam à desconcentração. A dramaturgia tem vários momentos de dispersão. Eu iria pelo regra do KIS (keep it simple); contar a história e nada mais que isso. Há várias passagens, momentos e personagens que não encontrei justificação para ali estarem. O momentinho da passagem dos outdoors de publicidade é imperdoável! Também imperdoável são as dessincronizações som/imagem nas cenas musicais. Os filtros na fotografia estão óbvios demais e o director andou ali a experimentar vários looks. Ou seja, simples detalhes técnicos que podiam perigar a história, se ela não fosse bem forte e aguentasse até ao fim.

Estamos perante uma longa-metragem do cinema, coisa que em produções "normais" conta com dezenas de pessoas, cada um a cuidar de um pequeno aspecto. Nesta produção, aliás como nas outras coisas que essa malta faz, o desdobramento dos papéis parece-me o aspecto mais relevante a destacar, porque é o que mais revelou do sacrifício que foi ter chegado ao fim da obra.

Que venham mais bruxedos!

1 comentário:

Bety Gonçalves disse...

Oi Cesar un gosta de bo crítica, ma pelas informacões kun tem kes falhas ke tud gente nota, kês responsavel pesse parte li, dzê que ês sabe ke filme tem txeu kosa pa medjorá e som ainda ka ta pronto, e kes mostra filme assim, é mote ês kria pa público oia e se calhar fazê crítica moda bo fazel e dret.
Ma un kosa un ka ta perdob, Laura é filha de peixe e peixa, mi é ke paril.
Bijim
Bety