Quando se proibiu a igreja de continuar a lecionar, mandando encerrar o seminário de S.Nicolau, o arquipélago foi lançado num vazio de ensino. Por iniciativa de um grupo de cidadãos, liderados pelo senador Augusto Vera-Cruz, foi criado em 1917 o liceu Infante D.Henrique, instalado na residência do próprio senador, em Mindelo, onde hoje funciona o Museu de Arte Tradicional, que este cedeu, indo morar noutro local.
Silvino Silvério Marques, governador de Cabo Verde de 1958 a 1962, com a missão de debelar as graves crises que assolavam as ilhas, conduzindo à míngua milhares de pessoas, introduziu um enérgico plano de obras públicas, com o intuito de gerar emprego e rendimento para as famílias. O saldo desse plano é notável: concluiu o cais do Porto Grande; construiu os aeródromos de Praia, Mindelo, S.Nicolau, Maio e Boavista, a central dessalinizadora do Mindelo, escolas primárias, o liceu e o Palácio da Justiça da Praia. Do ponto de vista cultural, promoveu uma mesa redonda sobre o homem caboverdiano, de onde saiu a publicação de duas obras de referência: Antologia da ficção caboverdiana e Antologia dos modernos poetas de Cabo Verde.
Alves Roçadas, governador de Cabo Verde de 1943 a 1953, é descrito como um humanista. No seu governo passou a ser publicado o Boletim de Cabo Verde, receptáculo de escritos de vários intelectuais e poetas caboverdianos. Elaborou o "Plano de ressurgimento de Cabo Verde" onde propunha mudanças de fundo na política para as ilhas, plano esse totalmente ignorado por Salazar.
[fonte: Cabo Verde, Os Bastidores da Independência, de José Vicente Lopes]
Exemplos de personalidades da nossa história que, embora afectos ao Estado Novo de Salazar, foram seduzidos pelo "povo das ilhas" e tentaram implementar acções que melhorasse o estado de abandono que o colonialismo português votou estas ilhas, findo o comércio criminoso de escravos. Utópicos que tem um ponta de "culpa" na emancipação do nosso povo.