17.10.11

STP, Day One, First Impressions

Acabado de aterrar no Aeroporto Internacional de S.Tomé e Príncipe. O primeiríssimo ser a dar-me as boas vindas foi...um cão. Assim que saí do avião lá veio o canino no meio da pista, todo alegre a abanar o rabo, estendeu-me as patas e fiz-lhe uma festinha, um bocado espantado por estar um cão ao lado de um boeing, na pista dum aeroporto internacional.

Odiei o voo da TAAG. O grande mal dos nossos países africanos é nós aceitarmos as condições de boca calada. Não é aceitável que num voo de 5h de duração, um avião tenha um interior tão mau, tenha pessoal de bordo tão carrancudo, que as cadeiras sejam tão duras e mal cheirosas. Garantiu-me um colega de viagem que aquele avião só voa entre "as áfricas". Porra pá!

As primeiras impressões. Aqui o universo muda de cor, textura, tempo, principalmente o tempo. Aqui uma hora parece ser duas. O som mais ouvido na cidade é das motas. Há imensas! São...táxis! Não quis acreditar ao ver uma mota a transportar uma senhora de bébé ao colo, os dois sem capacete, numa pose de descontracção total.

Isto vai ser uma aventura!

11.10.11

PP


Que falta a História nos faz! Como é uma pena que milhares de caboverdianos não tenham a oportunidade de conhecer a cruzada que os nacionalistas começaram na década de 50 e que conduziu os nossos povos à independência. A história começa com Amílcar Cabral, Dulce Almada e Abílio Duarte, principalmente esses, e depois segue-se com todos os outros. Pedro Pires é uma das figuras que sempre se destacou pelo seu low profile, ou melhor, que nunca se destacou, devido ao seu low profile, e no entanto é um dos personagens mais decisivas dessa cruzada.

Pedro Pires, reza a história, foi dos dirigentes que se dava igualmente bem com caboverdianos e guineenses. Sugere a história ainda que ele terá mediado várias situações explosivas de conflitos entre caboverdianos e guineenses. Pedro Pires foi o tenaz negociador da independência, lutando ferozmente para que Cabo Verde não se tornasse uma dependência de Portugal, como era a pretensão dos negociadores portugueses. Consta ainda que PP terá sido o grande impulsionador da diplomacia caboverdiana nos primeiros anos de independência. Na luta entre maoistas e trotskistas, ele era um conhecido moderador. Atravessou toda a humilhação nos anos do MPD. Regressou ao poder de uma forma surpreendente. Hoje há um grande consenso que é um dos políticos mais íntegros de toda a nossa história política, independentemente da nossa história política, como toda a história política do mundo, tenha momentos menos esclarecidos. O prémio ao PP é uma reforma mais do que merecida a um homem que teve uma vida pública tão longa e intensa. Parabéns Presidente!

10.10.11

Governados

Hoje ocorreu-me que o Governo tem 21 elementos. O problema do número de elementos deste Governo não tem a ver com o preço que pagamos para tê-los, mas sim com o custo da inoperância de um Governo deste tamanho e sabendo que o tamanho deste Governo não tem a ver com as necessidades do país, mas sim com a clara e vergonhosa distribuição de jobs for the boys. Hoje ocorreu-me que este Governo não está nem aí para o país, tendo o próprio PM dito que não quis se recandidatar, mas que por pressão dos amigos e por um irresistível senso de Estado (presumo), teve de aceitar. Hoje ocorreu-me que só para a área dos recursos humanos temos três ministérios, para a das relações exteriores temos dois e por aí fora. Temos ministros que de tão apagados ninguém se lembra que existem. Temos outros que fizeram um pulo do partido para o Governo, sem nunca passarem por um cargo directivo de peso. Hoje ocorreu-me que este é um Governo de fachada, que de Governação não tem nada, quanto mais de Boa Governação.

Por falar em Boa Governação, um dos factores para um país ser considerado nessa categoria é a informação aos cidadãos. Algum de vocês aí sente-se informado dos planos e intenções do Governo? Alguém consegue dizer o que vai acontecer à Electra ou à Segurança Interna?...E que tal um pouco de conversa séria sobre a Governação?

5.10.11

Quando caem as árvores

Saiam à rua!



!!!

HELP!
Quem vir esta mensagem que a leve muito a sério: Cabo Verde está a ser invadido por alienígenas! Eles são invisíveis, ninguém os pode ver, mas atacam forte. Usam um gás paralisante que atinge principalmente Ministros, Directores-Gerais, Presidentes de Conselhos de Administração de Empresas do Estado, mas atinge de maneira geral toda a população. Estamos paralisados!! Help! quem vir esta mensagem que mande ajuda. E eles estão roubando toda a nossa energia. Estamos há dias sem luz. Vamos morrer como peixes podres! Mandem a NASA, o NATO, a Mossad, mandem todas as forças especiais. Tragam cientistas para injectar no cérebro dos dirigentes um soro desparalisante, porque são os mais cruelmente atingidos por este ataque alienígena aos terráqueos de Cabo Verde.

4.10.11

Empreendedor Camarada

Por uma conversa que escapuliu da língua, soube que a empresa do camarada não está nada bem. E eu, nada bem como? Quanto nada bem? Nada bem a ponto de não poder pagar funcionários, o básico. Não era de fingir o meu súbito secar de palavras. Como podia a empresa do camarada falir, uma empresa daquele tamanho, daquele investimento, que o camarada conseguiu sem verter suores, porque é assim, o camarada não batalhou para ter uma empresa de sucesso.

O camarada foi Ministro, mau Ministro diga-se. Por razões de escandalosa incapacidade ministerial foi afastado e como prenda de consolação ganhou o PCA de um empresa pública, polémico. Depois de algum tempo, não dava mais, foi corrido ou correu, mas tratou de levar consigo os contactos, negócios chorudos de terrenos, alianças já firmadas, de modo que montou logo a sua empresa "Camarada e Cia SA". Floresceu em apenas 4 anos. Distribuiu carros topo de gama para os colaboradores directos, fez a casa mais estupidamente grande da cidade, ganhou estatuto de empreendedor modelo, um exemplo a ser copiado e seguido. Veio a crise e faliu. Como medida de combate a crise, finge. Mantêm o estilo de vida, os carrões, as viagens e as festas monumentais na mansão. Mas não paga os funcionários.

O meu interlocutor, perante o meu espanto, pergunta, porquê o espanto? Empreendedor camarada por regra é leviano, acaba por acontecer.

3.10.11

As boas intenções e o Inferno

"O Governo anuncia medidas para a Electra". Enquanto que o Governo precisava anunciar acções.

"A Electra vai ser dividida em duas empresas, uma Norte e outra Sul". Assim paramos de ouvir o pessoal de S.Vicente a dizer que não tem energia porque tem que pagar as facturas da Praia, como se cada ilha tivesse a capacidade de pagar sozinha as suas facturas.

O Governo critica os clientes que levam 3 a 6 meses para regularizar as facturas, esquecendo-se que as instituições públicas são os maiores devedores da Electra.

O Governo anuncia que todos os clientes da Electra estão geo-referenciados, permitindo assim localizar rapidamente os incumpridores, mas esquece-se que, a cidade da Praia, que é onde o problema se põe de forma mais dramática, a maior parte da cidade é ilegal, logo a maior parte não são clientes da Electra, ou seja a geo-referência não serve pra nada.

"Os efeitos das novas medidas só terão efeito a médio/longo prazo". Há anos que nos dizem a mesma coisa. Quando é que chega o médio/longo prazo?

Ou seja, o Governo sempre terá essas justificações que mais irritam que acalmam uma pessoa.

Fonte: aqui