25.4.12

Desemprego Psicológico

Se não temos o maior Primeiro-Ministro do mundo, está lá perto. Ele acerta sempre e desta vez foi em cheio. Disse que o desemprego em CV é psicológico. Para além de contribuir decisivamente para a ciência económica, a afirmação é justa, pelos seguintes:
  • Não ter emprego mexe a sério com a cabeça de um fulano. É mesmo lixado. Só quem nunca esteve uns meses parados não sabe o quanto isso é psicologicamente uma afronta.
  • Ter trabalho semana sim, semana não, como milhares de homens e mulheres por esse país fora, não contribui para a confiança e força psicológica de ninguém.
  • Estar empregado e ter medo de perder o emprego, por outras palavras se chama "precariedade de contratos" e isso mexe com as estruturas de qualquer mente.
  • Estar empregado e sofrer pressões de toda a ordem dos empregadores já levou muito gente ao desespero. Já vi colegas, mesmo ao lado de mim, a fracassarem psicologicamente. A depressão por causas profissionais é um problema de saúde pública, a que ninguém se prenuncia.
  • Estar empregado, ralar-se uma vida toda e depois ver uns miúdos do partido a ascenderem aos cimos das hierarquias, em passes de mágica, é de deixar qualquer bom profissional louco.
  • Não ter condições de facto iguais na criação do auto-emprego (pomposamente chamado de "empreendedorismo")  e na protecção jurídica dos negócios, é, do ponto visto psicológico, uma desmotivação e tanto.

Sem querer, ou se calhar querendo, o PM acertou mesmo!

24.4.12

Excelência, Ministro da Cultura

Artistas: Ayreen Anastas & Rene Gabri

Toda a sua grande entrevista no jornal A Nação podia ser resumida numa única frase: "A verdade é que ainda não temos nada!".

E não há mal nenhum em ainda não ter nada caro Ministro. Um ano não é tempo de ter mais do que planos e projectos e intenções e possibilidades e conjecturas e uma série de outras construções teóricas, quando está tudo por fazer. Que me perdoe, caro Ministro, mas ao contrário do que diz, a casa não tinha nada! Senão como explicar tantos retiros, inclusive em locais remotos como S.Nicolau, tantos fóruns, tantas remodelações, uma orgânica (ainda secreta) nova, tantos projectos e tantas intenções? Se a casa tivesse já alguma coisa concreta, e bem feita segundo diz, então seria só dar seguimento e melhorar, sem que se sentisse esse timeout. Todos os dossiers abordados pelos jornalistas - do ensino, da língua, da carreira artística, dos direitos de autor, do financiamento, etc. - foram remetidos para planos, projectos, estudos e outras construções teóricas. Isso traduzido por míudos é: não ter nada ainda.

Não há mal nenhum em dizer que a casa está toda partida e é preciso refazê-la. Fico feliz de ter um Ministro da Cultura que fala de um modo estratégico (apesar de alguns atropelos com o turismo, o entretenimento e a confusão entre artista/ministro), mas é preciso abandonar esse discurso da negação, que não há problemas, e esse discurso do super-poder, que tudo vai ser diferente depois de si. Humildade precisa-se e não megalomania ou utopia, que essas coisas são para o artista e não para o gestor da coisa pública, por natureza escassa.

23.4.12

Castelos no ar

Imagem: Hans Haacke

Nós somos os campeões mundiais de construção de castelos no ar. Todo o povo tem um talento, pelo que é conhecido no mundo. Nós devemos ser (re)conhecidos pela nossa capacidade de construir castelos no ar.

Os nossos castelos são sempre grandes, tem tudo, água, luz, Internet e sistema de vídeo-vigilância. Têm infindáveis corredores, quartos, salas, saletas, salões, grandes janelas e formidáveis portais. Estão integradas com a natureza e têm vistas fantásticas. Quando terminadas, nalgum tempo sempre impreciso do futuro, vão trazer grande felicidade e prosperidade para a comunidade. Só temos de ter, e muito, é fé!

17.4.12

Flowing

photos by luka klikovac

13.4.12

Ah Guiné!!

Para quando vão se pacificar as almas nesse país?

10.4.12

Cacofonia

'cacophony' sound installation by studio nomad
 
Chegou a hora de pagar, a duras penas, o resultado de anos de políticas públicas viradas para o betão e para o asfalto. Toda a governação do PAICV foi marcada por grandes (?) obras públicas, umas bem impressionantes até, como a estrada fantasma, Circular da Praia. Tudo foi feito no pressuposto que grandes empreendimentos estrangeiros vinham aí, que íamos fazer negócios da china e que por milagre todos iam ficar ricos e gratos por essas escolhas à partida contestáveis. O resultado concreto agora é que, grupos privados ganharam muito dinheiro, os investimentos não vieram, ficamos com uns elefantes brancos de luxo e as populações continuaram na mesma, com tendência a piorar.

É claro que os propagandistas de serviço vai sair logo com os argumentos de índices de democracia e mais outros prémios que vão nos animando, como criancinhas que se animam facilmente com um doce. A situação real, no terreno merece uma outra conversa, porque afinal estamos a falar de vidas de pessoas. A situação é perfeitamente inaceitável, quando se vê para um determinado esbanjamento e má aplicação dos dinheiros públicos. É urgente um pensamento mais humanista na governação, sob pena de agravarmos as já graves situações de pobreza, desemprego, violência, prostituição, crimes, droga e o olvidado grande flagelo do alcoolismo.

Chegou o momento de dizer CHEGA! Com a actual subida de preços dos combustíveis a níveis píncaros, adivinhando já uma complicação generalizada ao nível dos preços, não percebo como podemos ficar caladinhos. CHEGA! Chega de moleza desse povo que tem uma capacidade quase masoquista de apanhar. Reduzam as despesas da Administração Pública, gorda, corrupta, inoperacional e sem escrúpulos. Acabem com os chupadores de dinheiro, Electra e TACV. Vigiem a pouca vergonha dos sugadores do Estado, os dirigentes bundões e sem ponta de sentido de Estado. Façam imensas outras coisas, façam o que quiserem, mas poupem o cidadão de mais apertos.

ALGO ESTÁ MUITO ERRADO!