24.4.12

Excelência, Ministro da Cultura

Artistas: Ayreen Anastas & Rene Gabri

Toda a sua grande entrevista no jornal A Nação podia ser resumida numa única frase: "A verdade é que ainda não temos nada!".

E não há mal nenhum em ainda não ter nada caro Ministro. Um ano não é tempo de ter mais do que planos e projectos e intenções e possibilidades e conjecturas e uma série de outras construções teóricas, quando está tudo por fazer. Que me perdoe, caro Ministro, mas ao contrário do que diz, a casa não tinha nada! Senão como explicar tantos retiros, inclusive em locais remotos como S.Nicolau, tantos fóruns, tantas remodelações, uma orgânica (ainda secreta) nova, tantos projectos e tantas intenções? Se a casa tivesse já alguma coisa concreta, e bem feita segundo diz, então seria só dar seguimento e melhorar, sem que se sentisse esse timeout. Todos os dossiers abordados pelos jornalistas - do ensino, da língua, da carreira artística, dos direitos de autor, do financiamento, etc. - foram remetidos para planos, projectos, estudos e outras construções teóricas. Isso traduzido por míudos é: não ter nada ainda.

Não há mal nenhum em dizer que a casa está toda partida e é preciso refazê-la. Fico feliz de ter um Ministro da Cultura que fala de um modo estratégico (apesar de alguns atropelos com o turismo, o entretenimento e a confusão entre artista/ministro), mas é preciso abandonar esse discurso da negação, que não há problemas, e esse discurso do super-poder, que tudo vai ser diferente depois de si. Humildade precisa-se e não megalomania ou utopia, que essas coisas são para o artista e não para o gestor da coisa pública, por natureza escassa.

Sem comentários: