28.6.12

Espelho nosso

Artist: Eli Hansen

As campanhas para as eleições autárquicas aqui são as mais divertidas, renhidas, acrobáticas, surpreendentes, sujas, polémicas, enérgicas, bucólicas, ilegais, imorais, descaradas, escarrachadas...no fundo as mais representativas da alma profunda deste povo. Do tipo, digam-me como são as vossas eleições locais e digo-vos quem são.

Bonequinhos

Artist: Eli Hansen

Eu adoro apoiantes de última hora. Parecem bonequinhos de pilha, frenéticos, saindo rapidamente da toca de onde estiveram hibernados durante 4 anos, a demonstrar de forma expressiva o seu inequívoco apoio, propalando que acabaram de conhecer o messias, cantam, riem, rebolam, mas se estão a fazer figurinha de merda, é somente para o bem da humanidade, declaram rapidamente que não esperam ganhar nada com isso e o messias finge acreditar. Se não ganharem nada, vão hibernar outra vez até passar a irritação ou descobrirem um novo messias. Adoro esses bonequinhos. Fofos!

25.6.12

Crónica de 2 dias sempre divinos

Foto in A Semana Online

É natural e sobrenatural amar Mindelo. Vou sempre de reencontro ao pedaço de terra no mundo que me viu nascer. Isso de lugar de nascença carrega forças para além do nosso entendimento. Sinto-o.

Nuno e Hadidja casaram-se num universo fabuloso de famílias, requinte e descontracção. Até S.João fez-se veementemente presente em forma de forte ventania. Muitos fizeram-se presentes, em demonstração de amizades a esses dois seres fabulosos. Foram aviões carregadinhos só para participar do casamento e de repente a cidade encheu-se de "estrangeiros". Mindelo ainda é uma cidade que se nota quando vem muita gente de fora, o que demonstra uma quietude, ao mesmo tempo, reconfortante e inquietante. Mindelo continua a debater-se com um marasmo difícil de explicar. Ao mesmo tempo parece que isso está a originar um cultura bem própria, de driblar as dificuldades, brincar com os obstáculos, reinventar a felicidade, estar sempre leve,  por cima.

Entretanto as campanhas eleitorais autárquicas, na mesma toada do resto do país, a nivelar-se bem por baixo. Mas a rasar o chão! Fico profundamente triste a ver pessoas, supostamente chiques, a fazer a vez de arruaceiros, com linguajares que lembram os ordinários, com gestos que lembram a falta de maneiras. Tudo para conseguir a porra de um lugar no poder, essa força magnânima, que puxa tudo para baixo.

Nódoas a parte, estar na Laginha é o coroar de um fim-de-semana sempre inesquecível, na terra que tem de tudo em ponto minúsculo, tem um charme próprio e tem macabrices próprias, mas sempre adorável. E quem adorou foi a minha filha.