21.3.11

Cultura da Cultura

Temos outra vez o Ministério da Cultura como entidade única. A questão é se teremos o Min.Cultura com postura nova. Não é por me sentir muito vinculado a este ministério em particular, mas o facto é que no sector da Cultura, se calhar precisamos de uma 2ª luta de independência, tais são os desafios enfrentados. Uma 2ª luta, puramente intelectual, justifica-se porque é necessário alterar radicalmente a nossa postura em relação à Cultura.

A pior herança que Mário Lúcio vai receber é a questão da Língua. Esse dossier ficou de tal modo espatifado que, por si só, é o ananás de casca mais grossa e espinhosa. Dado ao estado dos estragos, defendo mais medidas de curativo que medidas sonantes, até porque nessa matéria ficou demonstrado que, quanto mais sonante a medida, mais resistência ela gera. Exemplos de medidas curativo: obrigar a que toda a comunicação escrita em Caboverdiano, siga as regras do alfabeto aprovado; o caso dos outdoors, muitos do próprio Governo, é atroz; promover mais programas em Caboverdiano na comunicação social; evitar textos escritos longos em Caboverdiano, que cansam e desmotivam; promover a fala do Caboverdiano nas salas de aula, para facilitar inclusive o ensino do Português; valorizar o Português; criar um Instituto da Língua, com um programa definido e com cobrança de resultados.

Outro bico d'obra é o Património. É urgente travar a destruição do Património Arquitectónico. Nesse domínio é imperativo declarar guerra, até (e sobretudo) contra outras instituições do Estado. Os museus precisam de adrenalina, para acordarem do seu sono profundo. Não percebo como é que o Museu Etnográfico na Praia consegue ser tão sem graça. O Património Imaterial precisa ser exaustivamente inventariado, estudado e divulgado. Nesse capítulo, ligações são feitas com a Investigação, também função do Min.Cultura.

Já é tempo de ter uma política para a Arte. Dessa política fazem parte a educação, a regulação das profissões artísticas, o ensino superior, a regulação do mercado da arte, etc. Os artistas nunca vão sobreviver neste mundo especializado, sem políticas verdadeiras nos seus países. Outro aspecto de capital importância para a arte é a Diplomacia Cultural. Cabo Verde está fora de TODOS os circuitos mundiais da arte, até do próximo Dakar.

O financiamento da Cultura será outro dos temas importantes para ML. Para mim isso não significa aumento do orçamento do Min.Cultura, mas passaria antes por uma reengenharia financeira, ao nível de outros sectores, que beneficiasse a Cultura. Uma simples medida fiscal pode ajudar imenso.

Mas, de todos os ananases do Min.Cultura, o pior é o próprio Ministério. Essa estrutura do Estado, de tanto acumular incompetência, criou uma casca de incompetência que só se removerá com uma autêntica revolução interna, com novas contratações, novas dinâmicas e reformatação dos quadro que já lá estão. Se esses quadros se mostrarem resistentes às reformatações ao mundo actual, casa com eles. Vamos ver se Mário Lúcio conseguirá, em momentos decisivos, despir o seu fato branco imaculado, para vestir um camuflado de guerra, porque é de guerra que esse ministério precisa.

5 comentários:

spanishloverR disse...

Cuando una cultura siente que su final se acerca, mandan llamar a los curas.
Estoy esperando para ver si Mario Lucio tiene las bendición para este mal - yo espero que tenga.

velu disse...

NEM MAIS CESAR! K A LUZ GUIE O OS CAMINHOS DO MARIO LUCIO!

Anónimo disse...

Nunca houve primeira luta de independência. Os estao os mortos e cemitérios?

Nao ha sangue na terra caboverdiana; nao houve guerra em Cabo Verde.

Nao se pode fazer uma guerra por procuraçao. So quem estudou antropologia, os mitos e os ritos, podem ter acesso a este pensamento.

Houve luta sim na Guiné em territorio guineense; razao pela qual os guineenses têm uma relaçao diferente com o sangue que o caboverdiano da terra nao tem...

E' uma ilusao e mesmo uma ignorância continuar-se a dizer que houve luta de independência de Cabo Verde. Nao ha guerrra sem territorio, sem mortos, sem sangue, sem cemitérios....

Anónimo disse...

Gostei muito.
Estou fora do país há já algum tempo, então acompanhar websites e blogs Cabo Verdianos é o jeito de me manter a par do que se passa no país. É uma pena os seus posts relacionados à política e economia de Cabo Verde não serem mais frequentes. Sinto falta de espaços onde se possa ler e discutir "nôs terra" de uma forma aberta e amigável.
Grata,
E.M.

Anónimo disse...

(CABO-VERDIANA NO TEATRO LÁ FORA)

A topless and sculpted Marlene Monteiro Freitas gives a memorable introduction. She moves through exaggerated fashion model poses and lewd references to her body with ease and fluidity. She tears extensions out of her black curly hair while her perky breasts bounce up and down. She vogues as if she were on a catwalk, giggles coyly, fondles herself, and then pulls down her black leggings, mooning the audience. Freitas’s frenzied, but distinctly fabulous persona sets the tone for the evening while also standing in stark contrast to the modest Harell, coquettish and sumptuous François Chaignaud, and androgynously sexy Cecilia Bengolea.

http://www.brooklynrail.org/2011/03/dance/voguing-against-tradition