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25.11.09

Quinta-Essência

Um deputado manda o outro aquela parte, o outro responde com ameaça de porrada, os dois andam por ali a engalfinhar-se, a imprensa e os coleccionadores de baixaria tratam de espalhar o acontecido pelos quatro pontos cardeais, não se fala de outro coisa nos cafés. Olvidamos completamente detalhes como, tratarem-se de deputados da Nação, por definição representantes do Povo no mais importante órgão de soberania de um Estado Democrático, que é a sede da Legislatura, são cidadãos respeitáveis (?), profissionais, pais, avôs.

Em vez de nós nos indignarmos em bloco com os dois malandros, andamos a tomar partido para uns e para outros. Há momentos na vida que nem família tem razão. Mas por cá, esse género de coisas é quintessencial, dá uma repintada na monotonia dos dias, acorda-nos do enfadonho das obrigações, atiça os selvagens que dormem dentro de nós, geram um mar de piada, coisa que mais o crioulo gosta de fazer, contar piadas. Eu não achei piada. Os dois deviam ter vergonha de ostentar os títulos que ostentam. E nós devíamos ter vergonha de não ter vergonha de nada, nem de lixo, nem de cocó, nem de cólera, nem de dengue, nem de deputado baixo nível.

28.10.09

Notas políticas III

Uma forma de José Maria Neves acabar com esta sensação de "cansaço", "discurso repetitivo", "esgotamento de soluções", seria, digo eu, tomar determinadas medidas enérgicas, dando à sociedade um sinal firme e inequívoco de "novos tempos, novas respostas". Dessas medidas incluem, correr sumariamente com determinados ministros que gangrenaram os seus sectores. Como quer um Primeiro-Ministro convencer, quando os sectores da Cultura e da Comunicação Social tem os piores ministros desse Governo? Ou será que JMN despreza o poder desses sectores? Ou será que ele não se apercebe que a Cultura é uma indústria de inteligência e a Comunicação Social é a empresa distribuidora dessa inteligência?

Sem contar com uma infinidade de pequenos directores e outros tantos dirigentezinhos de m...que abundam por esse Estado fora, que esses sim, eivando a vida pública de uma lógica partidária virulenta. José Maria Neves sempre se posicionou como um pacificador das partes e poderá ser essa a sua derrota. Tendo em conta que (adivinho) a luta para 2011 será ombreada, o homem bem que podia aproveitar e mandar esses senhores para casa, tomar conta das clínicas ou escreverem os seus livros, porque dirigir a vida pública pede puro-sangue e elevação. Determinados homens, taxativamente, não servem.

Notas políticas II

De leitura pessoalíssima, aponto como um dos erros de José Maria Neves, não conseguir manter engajados os entusiasmos à volta da sua liderança, por parte de uma influente população. Dessa população que, mesmo não fazendo a militância partidária, participa activamente na política, comprando os jornais, ouvindo as notícias, acompanhando a Assembleia da República, conversando nas esquinas e bares, formados, inteligentes, com cargos de responsabilidades nos lugares que trabalham, pessoas essas capazes de influenciar outros tantos com menos articulação política. Aliás o próprio JMN reconhece essa lacuna, ao organizar encontros de emergência "com jovens quadros", como se pudesse inflectir determinadas opiniões em 2h de encontro e verborréia.

É claro que a massa populacional é o factor decisivo no momento do voto e os partidos naturalmente tem a tendência em se preocupar para que lado se balança, no geral. Mas não é de desprezar o estado de alma dessa minoria, no meio da população em geral, até porque no momento da campanha é o entusiasmo desse pessoal, repito, não necessariamente a fazer militância, mas tão somente em conversas de café, que pode fazer toda a diferença, porque uma coisa é certa, o embate Veiga-Neves vai ser cerrado.

Notas políticas I

Um dia, um dos meus home boys disse-me uma coisa que ficou a tilintar-me no ouvido: com a candidatura de Carlos Veiga ao MPD, muita gente vai se posicionar. Ora, dito e feito. Mas o que está de errado nisso? Nada estaria errado - porque a militância política é algo de se louvar, como a própria política é de se louvar - se esse posicionar não pecasse por atraso e falta de carácter. Com a candidatura de Carlos Veiga, acaba o pessimismo pelos lados do MPD quanto à sua liderança e, com a chegada de um novo chefe, isso acontece nas empresas também, muita gente corre a se declarar de confiança, disponível, prestimoso, serviçal, porque há uma voz que diz que, com Carlos Veiga, a retoma do poder pelo MPD é uma possibilidade forte. E se for, já lá estão os serviçais, prontinhos a sentar o rabo numa dessas instituições leiteiras do Estado.

26.5.09

Roupa velha

Quando uma pessoa tem preguiça de cozinhar, que significa descascar cebola, cortar legumes, temperar, lavar os utensílios da actividade, seguir a ordem de meter os alimentos ao lume, aguardar, vigiar que nada passe o tempo de cozedura, rectificar os temperos, até obter um simples prato de comida decente, enfim, uma chatice, então recorre-se ao processo chamado “roupa velha”, que é uma recombinação de restos de refeições anteriores. Foi assim que o partido da Situação classificou o discurso da Oposição.

Sinais de “roupa velha”: arroz seco ou gorduroso; carne retorcida; legumes com um ligeiro gosto a azedo.

Roboposição

O Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado, o Governo está esgotado

A Oposição substituiu o líder da bancada parlamentar por um boneco que diz esta frase até ao esgotamento das suas energias. Depois, aproveitam as horas mortas e recarregam as pilhas da engenhoca. A Situação, percebendo-se da artimanha, cortam a electricidade nessas horas estratégicas, com o efeito terrível de coincidir com a hora que uma pessoa quer ver as notícias, ouvir uma musiquinha ou ter o ventilador a espantar o calor e os mosquitos.

25.5.09

Baziuzin (superlativo absoluto do adjectivo Baziu)

Hoje, ao ouvir o discurso do Premier de fechadura do debate sobre o "Emprego e Formação Profissional", fiquei muito preocupado, ou, de forma sintética, preocupadíssimo. O homem fez discurso de palanque; retalhou; invocou os erros dos outros; invocou o passado; foi curto e muito grosso.

Começa por exigir os louros pelo simples facto de ter agendado o tema. Parabéns Mister. Merecia outro honoris causa só pelo simples facto de trazer ao debate um tema obrigatório de governação.

Depois faz um discursinho de diversão. Invoca o incremento do Turismo (!) Invoca dinâmica Transportes Aéreos! Qual? TACV??...Fala de importância das Rodovias, sim senhor, estradas são estradas, nem vale a pena reclamar da Circular da Praia que (ainda) não serviu de nada. Fala do desenvolvimento de empresas com base tecnológica e eu havia de lhe explicar como nós (empresa de base tecnológica) vemo-nos gregos para desenvolver. Fala dos furos que vão libertar água (sacanagem de pensamento que vocês estão tendo neste momento, eheheh); falou ainda de 24H de água na Praia e eu já contentava só com ter água e luz. Falou ainda do mar e das suas vastas possibilidades (reparem que não aponta desenvolvimentos aqui). Fala do desenvolvimento humano e havia de contar-lhe como é que nós (empresa de base tecnológica) vemo-nos gregos com esses recursos desenvolvidos.

Depois o discursinho da chacha do passado. Olha Mister: vosmicê já foi premiado em 2006 por ter corrigido o estado catastrófico que o MPD deixou o Estado deste país. Mas dali pra frente só tem direito em falar do FUTURO!!!

Enfim, falou de tudo menos da cifra de desemprego. Falou e não disse uma linha de estratégia de formação profissional ao não ser a enumeração (isso já não é hábito, é tique) dos centros de formação a funcionar (leia-se, de portas abertas); não falou de cifras de formação profissional; nem de impactos; nem de resultados (mensuráveis). Afinal do que lhe valeu o encontro com 80 potenciais assessores da sexta-feira, a não ser vangloriar-se que sabe encontrar-se com jovens?

E os deputados do PAICV aplaudiram de pé! E o mais triste é que a Oposição deve estar a preparar o mesmo discurso, só que ao contrário.

Alguém anda a queimar os meus impostos!


8.5.09

Eurostroika III

"Consenso Nacional". Big words. Do que têm de bonito, têm de vago.

Como será possível o Consenso Nacional num país que não faz o exercício do Consenso? Qual é o grau de participação social necessário para haver um Consenso Nacional? Decorre na Praia um importante fórum sobre a parceria especial UE/CV. Esta parceria basea-se em 6 pilares! Uf!..Bom, mas para este fórum, só se vai discutir a mobilidade, que os europeus sabem que isso de pilares demais não constrói edifício nenhum. Os famosos pilares:

Boa Governação não é uma coisa que uns dizem é excelente e outros dizem não existe. É um indicador concreto de rating internacional. Uma coisa é dizer que política x ou z está errada e outra coisa é dizermos todos, amarelos, verdes e azuis, repetidamente: “temos boa governação, temos boa governação…”. É assim que se criam lemas nacionais centralizadoras.

Segurança e Estabilidade. Claro! E é aqui a principal motivação dos europeus. É preciso securizar as nossas porosas fronteiras e vastas mares. Temos excelentes instrumentos de controlo da navegação aérea, mas o resto…credo!

Integração Regional. Ah pois! Agora vamos ter que aturar os nossos irmãos pretos da CEDEAO. Mas, porra, havia necessidade de ser os europeus a vir nos dizer: “paguem lá a cota da CEDEAO e participem lá nessa coisa pá, senão não há euro pra ninguém!"?

Convergência Técnica. Uh!...Ui!....Isso é que vão ser elas. Temos de começar pelo tipos que mijam na rua. É que tecnicamente não fica bem pá!

Sociedade do Conhecimento. Ora aqui está uma coisa que faz confusão a muita gente. Temos uma excelente E-Gov e não temos Sociedade de Informação! Uma contradição à crioulo mesmo. Ou seja: o Tecnologia de Informação está muito desenvolvida no Sector Público, mas pessimamente no Sector Privado e pior ainda nas Famílias.

Luta Contra a Pobreza. É o pilar mais fácil. Distribuam jeeps V8, estofos de pele, 3.000cc de cilindrada e toca a andar.

Ou seja, nem excesso de optimismo, nem excesso de pessimismo. O país AVANÇA. Há sectores que estão com pilares mais fortes e outros que estão com umas verginhas. Para mim o mais grave é o clima de retaliação política, da desinformação e da falta de conversa adulta e concreta.

7.5.09

Eurostroika II

Sabem o que significa "Parceria Especial Cabo Verde/União Europeia"?

À melhor resposta ofereço um dos cafés do Café Margoso, ao qual vou encomendar café da melhor safra.

Eurostroika

Acontece hoje na cidade da Praia, capital da República, uma troika ministerial UE/CV que conduzirá à assinatura do acordo de parceria especial UE/CV.

É possível que a partir do dia de hoje haja um embranquecimento generalizado da população CV, ou uma crioulização intensa de povos da UE, tudo dependendo da pujança de penetração de uns e de outros.

É possível que se decida pela construção de uma ponte rodoviária entre o arquipélago e o continente, na perspectiva de resolver os esquemas das donas na TACV para dar os pulos aos outlets da Freeport para reabastecer as boutiques.

É possível ainda que a Europa passa a transferir uns fundinhos para que não seja tão penoso trabalhar para desenvolver o país e em troca pode ser que venha a ser construída uma rampa de lançamento de foguetões na ilha do Sal.

É possível que as nossas carteiras passem a exibir as bonitas notas do euro, no lugar das bonitas notas de Eugénio Tavares, Amílcar Cabral e gafanhotos.

Na verdade, o assunto, da máxima importância, dá azo a muitas fantasias, mas tem um figurino bem específico e não é nada dessa disparatada que escrevi. Desculpem se criei ânimos e expectativas aos mais incautos.

A seguir com atenção...

25.4.09

25 Abril

Hoje é 25 de Abril, uma data revolucionária para portugueses, caboverdianos, guineenses, angolanos, moçambicanos e timorenses. É certo que até hoje, mentes portuguesas mais tacanhas não se permitirão admitir que, nós africanos, somos uma contribuição de peso para que pudessem comemorar a data. É certo igual que até hoje, mentes africanas encurtadas não se permitirão admitir que partilhemos as conquistas da liberdade junto com os portugueses. Reconciliação com a história é necessária, como foi necessária a reconciliação entre França e Inglaterra, cão e gato em outros tempos.

Este dia, 25 de Abril, não é dia de endereçar cumprimentos ao povo português, como se não tivessemos nada a ver com isso. É dia de reclamar um ensino da história comum, para que possamos aprender que, no mundo não existem uns países contra os outros; existem umas mentes contra outras. Este dia é de reclamar um ensino da história que nos faça respeitar sobretudo as grandes personalidades do idealismo africano e as grandes personalidades da resistência portuguesa.

17.4.09

Fofos

Que fofos o Primeiro-Ministro e o Presidente da CMP, em encontro oficial, que mais parecia uma alegre cavaqueira. Eram só sorrisos. Se sorrissem eram deixava até de ter piada.

É preciso complementaridade na questão do governo central/local, concordam na perfeição os dois fofinhos. Concordo. É preciso rever a questão do estatuto especial da cidade da Praia. Não concordo. Estatuto especial soa-me a meter lixo debaixo do tapete. É preciso sim rever a questão do poder local, das suas finanças, da questão dos terrenos, clarificar as águas. Estatuto especial soa-me a remendo.

Mas, vá lá, há que aproveitar este momento de amor entre os dois fofos, à partida inimigos de estimação, porque daqui para as eleições, sorrisos podem se transformar em cara feia e considerações menos simpáticas dum em relação ao outro.

27.3.09

A matança começou

Afinal, lá o sector do PAICV em S.Vicente apresentou as tais provas de corrupção na CMSV. Boa. Estragou um pouco o efeito surpresa e deu tempo para o carnaval da Isaura, mas muito bem. O que me dói mesmo é que isto tudo ficará em águas de bacalhau, como dizem os lusos. Como também vai ficando em águas de bacalhau, todas as queixas apresentadas nas Procuradorias. Como já alguém disse, Estado de Direito, onde o Direito é um elemento fraco, é automaticamente um Estado fraco e sendo um Estado fraco é repasto abundante para toda essa rapinada política. Escândalo de Enacol, arquivado; escândalo de Electra, arquivado; escândalo de TACV, arquivado; escândalo de SLN, arquivado...país arquivado. Não existimos verdadeiramente, estamos arquivados.

25.3.09

Não me matem!

Esta é a frase de Isaura Gomes em reacção ao anúncio de João do Carmo, responsável do PAICV por S.Vicente, que brevemente virá apresentar provas de bandidagem na CMSV. Ingenuidade política de um lado, do novel João do Carmo, que deve aprender que não se anuncia escândalos; ou apresentava as tais provas no momento do anúncio ou ficava caladinho que tem muito tempo à frente para mostrar serviço. Maquiavelismo de fazer inveja ao próprio Maquiavel de Isaura Gomes, que assim se defende, invocando os fantasmas que ensobravam o PAICV de outrora; qualquer coisa que venha a acontecer depois, mesmo sendo verdade, já estará envolta numa capa de perseguição.

E mais uma vez, as coisas do Estado ficam neste mar turvo de conjecturas.

13.3.09

"Sócrates traz ’Mundo Novo’"
In A Semana, 13/3/2009

Ai que é desta vez que morro de desgosto! Então andamos a trabalhar há anos (NOSI) e é Sócrates é que traz um mundo novo???! Ai políticos que não nos respeitam. Ai Comunicação Social acrítica.

12.3.09

Moranguinhos

O que tem em comum os nossos Premiers, o das terras de Camões e o daqui, das terras de…o que se diz no nosso caso? Terras de Amilcar Cabral? Epá, o pessoal do MPD não concorda nadinha com isso. Mas então como se diz? Ai, ai, ai, a História!

Os nossos Premiers se parecem em muito.São ambos moranguinhos, que elegem o charme como um vector de marketing político. Ambos chegaram ao poder em contextos de grande descontentamento popular, arrancando assim cifras impressionantes de votos. Ambos sabem como é importante escolher cuidadosamente a gravata. Ambos estão a levar rudes golpes na sua popularidade, mas o encanto dos seus sorrisos ainda faz suspirar corações. Ambos têm oposições violentas, que ainda não perceberam que oposição aos moranguinhos só se faz com outros moranguinhos. Ambos se dizem socialistas, mas falam mais em negócios do que qualquer outra coisa. Ambos estão mergulhados até ao pescoço no escândalo da BPN/SLN/BI e ambos têm outros escandalozinhos domésticos cabeludos. Mas o que é definitivamente de alma gémea entre os dois é o enigmático sorriso, parecendo que, pode o mundo acabar a fogo, que morreriam carbonizados, mas permaneceriam sorrindo.

Por esses dias por cá vamos ter overdose de sorrisos de moranguinhos, para delírio dos fãs.

11.3.09

O português que nos pariu

Antes que as mentes perversas possam construir as suas perversidades, o título é de um livro de Angela Dutra de Menezes, jornalista brasileira, sobre os seus antepassados portugueses.

Chega hoje um avião abarrotado de governantes e empresários portugueses, chefiados por Sócrates, este gajo que tem nome de um dos fundadores da filosofia moderna ocidental, trazendo na bagagem carradas de computadores que tem o nome de um dos fundadadores dos descobrimentos portugueses, Magalhães. Simbologia terrível! Esta nova invasão tem os mesmos objectivos que teve o de quinhentos anos atrás: estabelecer feitorias, cuidar das que já existem, só que hoje isso é chamado de "cooperação bilateral". Pois, também uma feitoria, em teoria, era uma cooperação bilateral. Bom, no nosso caso é um pouco diferente, porque dantes éramos todos inabitados, de maneira que o português foi literalmente, o português que nos pariu. Em rigor histórico foi mais, o português que nos fornicou.

Diplomacia selectiva II

É lixado a história. Numa meia vida, passa-se de vilão a herói; de dominador a dominado; de inimigo a amigo fraterno. É lixado a história, porque não tem lógica, ou, dito de uma outra forma, demonstra que o comportamento humano é ainda e será sempre regido por instintos básicos de sobrevivência. Se numa determinada altura um homem tiver que engolir um sapo, vai engolí-lo. Se o presidente da república portuguesa tiver que engolir o presidente, déspota, angolano, vai engolí-lo. Em nome da sobrevivência da economia portuguesa, ou seja, das famílias portuguesas, do homem português.

Elogios a José Eduardo dos Santos?! Tenham dó! Dêem-me motivos para acreditar na história.

10.3.09

Diplomacia selectiva

"Nenhum chefe de Estado confirmou a presença no funeral de Nino Vieira"
In Liberal online

Se fosse para ir para o Japão, o pessoal alugaria um avião; organizaria uma delegação, em se incluiria jornalistas, as esposas e os esposos, a secretária, o engraxador, o médico e outros assistentes; aguentaria as imensas horas de voo e o jetlag; e ainda seriam capazes de chorar sentidamente até murchar os olhos. Depois, para aliviar a dor, andariam pelas ruas de Tóquio, comprariam umas lembranças para os filhotes e parentes, com as sobras das ajudas de custo, que teriam de ser consideráveis, dada a longitude do lugar. Mas, para a Guiné, como já dizia o outro: quem não tem condições de morrer que não morra!

3.1.09

O(s) erro(s) de JMN (o pior)

O Premier encontrou a fórmula mágica para, finalmente, lançar o seu programa para a Cultura: Entretenimento Cultural. Ora, está aqui uma definição que devia pôr todos os intelectuais e “homens da Cultura (!?)” com os cabelos em pé.

O conceito, puro e simplesmente, não existe numa Política Cultural de Estado. Posso aceitar que tal faça parte do programa de um Ministério do Turismo (que já precisa existir), que significaria uma preocupação em ter entretenimento, ao qual se agrega valores culturais. Mas, um Ministério da Cultura com tal preocupação é uma ofensa à própria Cultura. O que vai acontecer, se esta maravilhosa ideia pegar, é que o Estado estará a incentivar uma Cultura feita depressa, dada a urgência do mercado. O que me dirão, eu que faço fotografia? Que pare de fotografar a desgraça das nossas cidades, porque é preciso um produto mais “atractivo”? Ou, posto a pergunta de uma outra forma: quem terá mais possibilidade de angariar mais incentivos: o gajo que faz postais bonitos ou os da minha gente, que tem procurado retratar o lixo que deitamos para debaixo do tapete? Qual é a mensagem implícita neste "Entretenimento"? Que é preciso fazer uma Cultura produtizada? Que devemos fazer um estudo de mercado para saber se usamos mais azul ou mais verde na pintura?

Recordo-o, Sr.Premier, a sua preocupação deve ser a Educação, o Património, a Legislação, a Investigação, o Financiamento de Cultura, mas sabendo que isso tudo terá efeito a longo prazo. Quando começar a sair fornadas de artistas formados em escolas; quando as cidades começarem a se organizar em torno do seu património arquitectónico; quando existirem galerias e museus para exposições de arte; quando festivais de música, dança, teatro, ganharem consistência e visibilidade; quando as pessoas com capacidade financeira começarem a se interessar pela arte; quando essas coisas começarem a ser realidade, teremos cidades com mais interesse de visita e aí a Cultura estará a prestar um serviço ao Turismo. O que é tremendamente errado é pôr o Turismo como meta da Cultura. É uma aberração.

Sr Premier, já ouviu falar em crise de valores? Pois, tenha cuidado em veicular maus valores. Ai da Cultura quando começar a se orientar por essas cenas que o Sr tem dito.