30.3.22

La marronage

Le marronnage se déploie sur près de quatre siècles dans les Amériques et les archipels de l'océan Indien. A Haïti, le monde afro-diasporique s'est construit contre la propriété privée et la quête du profit. De la colonie à notre société de contrôle, la sécession marronne ne demande qu'à être réinventée.

Dénètem Touam Bona

15 janvier 2019 

https://www.terrestres.org/2019/01/15/cosmo-poetique-du-refuge/

14.3.22

Guerra e Demência no Ocidente


 Porque são Rússia, Europa e US a mesma coisa? Porque pertencem à mesma matrix. Partilham o futuro. Partilham a branquitude. Criaram o que é conhecido como Ocidente, um conceito mais cultural do que outra coisa. Lembremos das grandes contribuições dos russos, no cinema, na literatura, no teatro, na ciência e na filosofia. Partilham a mesma cosmogonia, considerada por eles superior a todas as outras do mundo. Uma cosmogonia branca, violentamente racista.

Se são a mesma coisa, porque travam monstruosas guerras fratricidas? Franco Berardi, filósofo italiano, no seu artigo intitulado War and (Senile) Dementia, e-flux journal, 2022, interpreta a recente ameaça de uma III guerra mundial (que só assim é chamada, porque os ocidentais ainda não perderam o tique de linguagem de denominar mundial e universal, referindo-se a eles próprios), como um sintoma de demência, em que as figuras de Putin e Biden são a simbologia perfeita. Os dois lembram dois velhos, patriarcas, imperialistas, brancos, impotentes, que já nada mais podem, senão destruir tudo à volta com as suas bengalas, a guerra.
A ideia de futuro, no sentido ocidental, é um projeto impossível. Pressupõe uma combustão permanente e, consequentemente, uma exaustão do planeta. A combustão não é só mineral, como também humana (Mbembe, Brutalismo). O Ocidente é, portanto, um projeto finito e, provavelmente, estaremos a assistir às suas convulsões finais. Esse aspeto de final é expresso no acenar da bomba nuclear, o derradeiro pénis, o derradeiro falo. Séculos de ciência e filosofia conduziram a um espectro de extinção, palavra nunca tão usada, como na nossa geração. O comportamento convulsivo é patente no re-armamento urgente, em vez da diplomacia, o diálogo. Mas, todos sabem, uma escalada militar vai antecipar a morte de todos. Então, morrem-se devagar, num espectáculo de chacina e destruição.
Esses velhos (brancos, patriarcas, imperialistas, impotentes) morrerão um dia, mas antes terão arrasado séculos de civilização. Iraque, Síria, Afeganistão, Ucrânia. E no horizonte do mar, lentamente, levanta-se o dragão chinês. A pergunta que se faz, a partir desta parte do mundo, é: como podem outras cosmologias salvar o mundo? É o mote do fórum Les Ateliers de la Pensée, Dakar, 2022. Poderão outras concepções da vida, nomeadamente não-lineares, não-progressistas, não-dualistas, salvar os próprios ocidentais da sua obsessão futurista? Qual é o sentido de conquistar o espaço superior, quando não conseguimos resolver Tigray, Pemba, Síria, Ucrânia e mais uns tantos furúnculos, virulentos, na superfície deste planeta? Não conhecemos o desfecho de Ucrânia, mas definitivamente uma grande brecha se abriu, pelo menos no seio do Ocidente.