27.12.12

Pontos Pretos

Imagem ripada daqui: fotocommunity.de

De repente somos assaltados pelo anúncio que em Ponta Preta, Ilha do Sal, pretende-se fazer uma coisa para facilitar aos pobres turistas o seu chapinhar na água e que assim vão ficar mais contentinhos e assim prometem voltar mais vezes à nossa terra e assim teremos mais riqueza e bem-estar.

Fala-se em impacto ambiental. Uns argumentam que danifica a natureza, outros argumentam que não danifica assim tanto. Outros ainda preferem estribar argumentos legais, é legal, não é legal. Fala-se em interpor recurso na justiça, na desesperada tentativa de travar o que, alguns consideram, um absurdo. Sem se posicionar necessariamente de um dos lados da barricada, heis uma questão válida para ambos os lados da barricada: e o valor sentimental? E a necessária calma antes de se tomar grandes decisões? O que pensa ilustres cidadãos desta terra, tais como o campeão mundial de kitesurf, Mitu, sobre o assunto, não conta? Vamos parar um pouco aqui nesta ideia: campeão do MUNDO! Ele um dia, entre os centenas de atletas de todo o mundo, foi o nº1. Ele deve isso à sua ilha do Sal, às ondas, ao gosto pelo desporto do mar. E nós devemos a ele um pouco de respeito.

As estruturas legais e administrativas deste país precisa prestar um pouco mais de atenção a o que sente os seus ilustres cidadãos, guardiões da terra e dos mares, gente com ligação ancestral ao bocado de natureza onde vivem. Não se trata se tem impacto ambiental ou não, se é legal ou não, se é regulamentar, se preenche requisitos, se é tecnicamente bom e mais adjetivos. Trata-se de voltarmos para coisas básicas, sentimentais, ou estaremos perdidos, entre a frieza administrativa e a visão curta de um mero negócio.

Além disso, a natureza dessas ilhas é tão delicada, pela sua exiguidade, que a mentalidade ambiental devia ser: quanto menos, melhor! Mais delicadeza, por favor!

8.10.12

Língua materna vs Língua madrasta


Não haverá desenvolvimento verdadeiro sem o desenvolvimento da língua materna, ponto! Exercício diário, vulgo TPC (Trabalho Para Casa) que desde a minha infância são meros cumprimentos de obrigação, em vez de serem entusiasmantes prolongamentos dos ensinamentos nas aulas. E continua. Sempre me angustiou essas questões. Como uma filha a crescer rapidamente, para além da angústia vem-me a revolta. Vejam só este enunciado:

"Ao número anterior, adiciona uma unidade ao algarismo das dezenas e de seguida subtrai um unidade ao algarismo das unidades. Ao número obtido, faz a soma dos dois algarismos. O que verificas?"

Agora adivinhem de que ano escolar estamos a falar...A 3ª classe, o ano em que a minha filha de 7 anos frequenta! E como ela lida com isso? Mal, claro! Porquê? Por causa da língua, caraças!! Como descascamos esse ananás? É assim: antes de resolver o exercício de matemática, sento-me com ela a resolver o problema da língua. Pergunto-lhe, percebeste o que o texto quer dizer? Não. Então vamos por partes, lê um pedaço de frase de cada vez e explica ao papá em crioulo o que quer dizer. Assim, continua. Agora lê a frase toda e liga as ideias. Consegues agora perceber a frase? Sim! Ótimo. Pronto, agora que percebeste a frase, vamos lá resolver o problema da matemática. Qual é o algarismo das unidades? Boa! E qual é o das dezenas? Continua, agora adiciona-os. Pronto!

Esta novelinha acontece com todas as disciplinas, inclusive a disciplina de Língua Portuguesa. Raciocinar na língua materna e fazer a tradução, no sentido de compreender e no sentido de escrever a o resultado. Agora ponho a questão: e os milhares de meninos que sequer têm uma família coesa, quanto mais pais pacientes e com um pouco de metodologia para desembrulhar essa complicação do sistema? Pois, produzir meninos estúpidos ao 12º está plenamente explicado.

3.10.12

Cultura vs Agricultura

Artist: David Adamo

Ser pai é um desafio todos os dias.

Ter o noticiário televisivo ao pequeno-almoço é um avanço notável. Podemos bebericar vagarosamente o café, enquanto tomamos o pulso ao mundo, ao menos ao nosso pequeno mundo local. Passava uma notícia sobre a cultura, sobre o mês da cultura, sobre arte e sobre a grande confusão do que vem a ser arte e do que não chega a sê-lo. A filhota que também parecia se interessar pelas notícias, ou então ficou curiosa pelo facto do papá prestar particular atenção nessa notícia, veio com a fatídica pergunta: papá, o que é cultura? Apanhado, com a boca cheia e sem resposta na ponta da língua, antes que eu pudesse acabar de mastigar e remoer uma explicação para tão complicada pergunta da miudinha, ela complicou ainda mais a questão:

- Sei o que é agricultura, mas cultura não sei!

Ocorreu-me, ainda a ver a notícia, que precisamos de muita coisa no nosso fazer da cultura e uma delas é ter curadores de arte, formados e, fundamentalmente, com experiência em museus e galerias de renome, de pelo menos 10 anos. Chega a ser insultuoso para os artistas, que trabalham anos a tentar perceber o que é isso de arte, que qualquer coisa seja chamada de arte, escancaradamente.

Confesso que esquivei-me à pergunta da minha filha, com as devidas explicações do adiamento da resposta. É uma pergunta complicada, estávamos atrasados para a escola e o trabalho e o papá ia procurar a melhor forma de responder. Está prometido, filha. É importante que ela cresça a saber distinguir muito bem o que é cultura e o que é agricultura.

2.10.12

Afrobias & Outras Particularidades Crioulas

Artist: Matthew Brannon

Menina com cabelo "Afro" é impedida de entrar na escola de freiras, escola essa que é paga com dinheiros públicos. De repente todos espantam-se com o seu próprio ser. Todos se põem de pé, bradando, eu não posso ser assim! Mas é assim, somos assim.

Ser crioulo é um caldeirão a ferver. O feijão ainda está crú, o caldo ainda não está apurado, falta sal, falta ajustar o tempero, a cor ainda varia entre tonalidades diferentes, ninguém consegue dizer ao certo o que vai sair desse lume. Freira com formatação medieval manifesta as suas crenças e todos se espantam. Mas ninguém se espanta que o serviço público passe a missa católica na TV de graça, que bispos tenham afirmações gratuitas acerca do islamismo, realidade já nesse caldeirão crioulo, que os políticos frequentem missas em tempos eleitorais, que os padres tenham mais força que a cidadania e que instituições privadas tenha que ter o nosso dinheiro, público entenda-se, para poderem se manter de pé, mesmo que essa instituição se chame igreja católica, uma das transnacionais mais ricas do planeta. Indignem-se à sério, porra!

Entretanto já vou para 48h sem energia eléctrica em casa e não tenha nenhuma força para me indignar. Somos assim.


16.9.12

Nós sentimos magia



Nós fazemos ilusionismo e vocês sentem magia, disse Corsa Fortes, o nosso mágico, perante um público de crianças e pais vibrantes, no pátio do Centro Cultural do Mindelo, apelidado de Casa do Mindelact. Seria antes Templo do Mindelact?

O que se passa no Festival Internacional de Teatro do Mindelo, ou simplesmente Mindelact, é do domínio do religioso. Trata-se da fé profundamente incrustada na alma dos seus fazedores. Trata-se de devoção, sacrifício, oferendas e trabalho, até à mortificação da carne. Só a religião explica o acontecimento do Mindelact.

No pátio do Templo do Mindelact crianças e pais vibrantes sentem a magia das estórias de Corsa. Mindelact criou um ciclo de contação de estórias. Não conheço maior investimento que se podia fazer para a Cultura. Ficamos a saber que em Alentejo, Portugal, contam-se estórias que se parecem com as que se contavam em S.Antão ou na remota ilha Brava. Ensinamos aos meninos e relembramos aos adultos as coisas fundamentais e tão básicas, como escutar os acumulados ensinamentos dos mais velhos. Ensinam-se regras de higiene, do bom comportamento, o valor das coisas, dão-se lições de moral, no meio de risos, espanto, excitação e maravilhamento. A escola devia ser um teatro.

Ana Madureira faz um jogo de cabra-cega e nós sentimos uma torrente de emoções. Aconteceu assim uma peça (Ou será uma performance? Ou será uma instalação?) num palco montado na ex-esquadra da polícia de Mindelo, edifício que deixou de ser povoado de almas rancorosas para passar a ser espaço de inúmeras possibilidades. Ana Madureira tem o poder de cantar, dançar, transformar-se numa aranha, numa cobra, para de seguida ser uma velha bruxa e no momento a seguir uma ingénua noiva. Cabra Cega, de Ana Madureira, é um espectáculo para todos os sentidos e sentires. É sobre nós, a nossa ruidosa solidão, as nossas estúpidas fantasias. É sobre carinho da avó e frieza da vizinhança.

Nós fazemos sons e vocês veem imagens. Khalid cria mundos em imagens 3D, somente com a sua voz. Ou aliás, com as suas 80 vozes. Faltou só sentir na pele o molhado do oceano que ele cria ou as flechas de índios que dispara contra ele. Faltou só provar o chá servido na sua aldeia povoada de cabras, galinhas, patos e outros sons.

Nós formamos artistas e garantimos o recomeçar do ciclo. Alunos do 14º Curso de Iniciação Teatral do Centro Cultural Português apresentam um exercício que revela já em que direcção vai continuar a acontecer a magia. A peça, de nome Pink Punk, é isso mesmo, é punk, é rock, é universal, é do Mindelo, o centro do Universo.

14.9.12

Ressaca de asfalto


A ilha vive assim, ao sabor das maré, que veem e trazem cardumes humanos, depois vão e deixam um cheiro de perfume caro, misturado com tabaco, com ecos de risos lascivos.

As marés trazem o Carnaval, a folia, a louca exuberância, o povo todo da ilha sacode o corpo em transe, depois pára a batucada e ficam pastilhas-elásticas grudadas no asfalto e carros alegóricos a apodrecer num pardieiro.

A ilha é uma concha na rocha. Come quando vem a maré, descansa quando ela vai.

13.9.12

Cal Velha e Fresca


Adoro os polos opostos das sensações causadas por Mindelo, minha cidade-natal. Gosto deste misto de belle époque e triste époque, das maneiras cosmopolitas e campesinas, da dilatação e contração dos espíritos. Em todos os lados, milhões de pessoas ou apenas milhares, as pessoas são complexas. Mindelo é complexo. Parado e vibrante, antigo e moderno, arrancando e parando. Mindelo dá um passo em frente, uns passitos para os lados, pára. Não sabe bem por onde ir. Dá um passo, passitos, pára. As mesmas pessoas estáticas nas mesmas esquinas são marcas que garantem que o sítio é mesmo o sítio de sempre. Bem como as imensas caras novas que são marcas de renovação do ciclo. O mesmo ciclo, certo, preciso.

12.9.12

Tempo de viagens


Sentado no Aeroporto do Sal, ao som de Wayne Shorter no iPod, em trânsito.

As viagens, de todo o tipo, pelo ar, pelo mar, ou pela música cósmica de Wayne Shorter, proporcionam afastamento da realidade. Afastamento em comprimento e em altura. Permite comparar e medir. Medirmos a nós próprios, principalmente. Da profunda Abidjan, à diversificada Praia, passando pela ligeiríssima Ilha do Sal, chegando no multi-facetado Mindelo, tudo é complexo, tudo é humanamente complexo.

Sentado na esplanada, tão quieta que pardais ousam chilrear bem ao meu pé, vejo movimentos de lá pra cá, de cá pra lá, porque é mesmo assim a vida, a movimentar-se, o que me faz ter imensa pena dos que estão sentados e imobilizados, sem capacidade de caminhar ou viajar. Vou me convencendo desta ideia, que o segredo da vida, de viver quero dizer, reside na nossa capacidade de movimentar e se movimentar. De outra maneira apodrecemos como uma banana esquecida numa fruteira.

4.9.12

Rotas Africanas


Sair de Cabo Verde às 07:30 e chegar a Abidjan às 19:30 não é propriamente uma viagem de sonho. Escala em Dakar. Valeu a excelente “Paella de Legumes” ao almoço no Chez Lutcha e valeu mesmo pela velocidade do serviço, porque havia outra avião a apanhar. Valeu a simpatia. Aliás, valeu breve paragem em Dakar.

Kenya Arways, direcção Abidjan, excelente serviço de bordo, atenciosos, sorridentes, belo avião, a contradizer muitos depoimentos sobre as viagens intra-africanas. A bordo, um encontro casual com Oumar, senegalês, de uma simpatia e abertura de espírito realmente pan-africano. 2h30 de voo e de conversas sobre os vários aspectos dos nossos países e sobretudo do continente, visto como um todo, visto com profundidade suficiente para se aperceber que um diálogo novo entre os nossos países começa a ser até ridículo que não se faça. Imensos mercados, imensos espaços, imensa gente, imediatamente aqui ao lado e continuamos a olhar obstinadamente para um horizonte bastante mais longínquo e bastante mais difícil de penetrar.

Abidjan, uma cidade de 4,5 milhões de pessoas, num país de 18 milhões. Um país de vários contrastes. Abidjan, uma cidade de uma natureza estonteante, construída à volta de vários lagos, em contacto com o mar e planícies a perder de vista. Uma cidade que espanta pelo seu downtown a lembrar grandes capitais do mundo e igualmente pelas grandes bolsas de pobreza. Uma cidade indecifrável, nas suas intermináveis combinações, para um africano oriundo de uma cidade de 150 mil pessoas.

25.8.12

Cultura é fod***

Artista: Jun Pestoni

Num dia regozijo-me com a criação da rádio Praia FM 2 - Rádio Cultura, onde passavam realmente boa música, basicamente jazz, noutro dia escuto, para profunda tristeza da minha alma, que tiveram de a encerrar por falta de viabilidade económica!..Por vezes é bem chato viver num país miserável.

Entretanto fiquei enchido de alegria quando dei-me conta deste projecto, um jornal cultural online, já encantador só pelo aspecto gráfico. Aguentem-se por favor malta!

Dejejum

Artista: Allen Ruppersburg

Dejejuo-me para falar de coisas que me irritam até a profundidade da carne e doutras que me alegram a ponto de compensar as outras.

Na sexta saio para jantar, como ocasionalmente faço. Resolvi dar uma chance aos (raríssimos) restaurantes que existem no Plateau. Tremenda má decisão. Para começar, Plateau à noite é triste de morte. Há que retomar o "Plano de Salvaguarda do Plateau", embora não aprecie particularmente o título apocalíptico. Como é que pode o centro histórico da cidade ser a mais triste zona nocturna da cidade? Os bois os seus nomes, escolhi o restaurante Avis por sempre considerar o espaço de um charme quase que natural. Tal dama bonita que se estraga por má postura, o atendimento deitou por terra toda a mística que ainda tinha pelo espaço. Pedir uma comida vegetariana, constatar pela milionésima vez que os nossos restaurantes não tem uma ponta de imaginação, pedir para falar com o Chef e só ser possível falar com ela por um interfone (!!!) fez-me sentir um redondo idiota, a tentar dar dicas a chef e constatar que a chef, de chef não tinha nada! Desisti frustradíssimo e só me restou sair dali, com fome e com metade da noite arruinada. Escolho outro restaurante mais abaixo, onde fui importunado por um bando de capitães da tropa, que esgotaram o stock de palavrões de todo o exercito, não importando a presença de damas, crianças, pessoas mais crescidas, ou até mesmo dos seus superior, que tratavam por "comandante",  comandante esse que devia perder imediatamente o comando. Fico a indagar-me o que raio esses oficiais aprenderam nos seus cursos de oficiais!

É tempo de um sistema de rating, onde se possa classificar os sítios de lazer na capital, a ver se ganham  algum respeito pelos clientes.

28.6.12

Espelho nosso

Artist: Eli Hansen

As campanhas para as eleições autárquicas aqui são as mais divertidas, renhidas, acrobáticas, surpreendentes, sujas, polémicas, enérgicas, bucólicas, ilegais, imorais, descaradas, escarrachadas...no fundo as mais representativas da alma profunda deste povo. Do tipo, digam-me como são as vossas eleições locais e digo-vos quem são.

Bonequinhos

Artist: Eli Hansen

Eu adoro apoiantes de última hora. Parecem bonequinhos de pilha, frenéticos, saindo rapidamente da toca de onde estiveram hibernados durante 4 anos, a demonstrar de forma expressiva o seu inequívoco apoio, propalando que acabaram de conhecer o messias, cantam, riem, rebolam, mas se estão a fazer figurinha de merda, é somente para o bem da humanidade, declaram rapidamente que não esperam ganhar nada com isso e o messias finge acreditar. Se não ganharem nada, vão hibernar outra vez até passar a irritação ou descobrirem um novo messias. Adoro esses bonequinhos. Fofos!

25.6.12

Crónica de 2 dias sempre divinos

Foto in A Semana Online

É natural e sobrenatural amar Mindelo. Vou sempre de reencontro ao pedaço de terra no mundo que me viu nascer. Isso de lugar de nascença carrega forças para além do nosso entendimento. Sinto-o.

Nuno e Hadidja casaram-se num universo fabuloso de famílias, requinte e descontracção. Até S.João fez-se veementemente presente em forma de forte ventania. Muitos fizeram-se presentes, em demonstração de amizades a esses dois seres fabulosos. Foram aviões carregadinhos só para participar do casamento e de repente a cidade encheu-se de "estrangeiros". Mindelo ainda é uma cidade que se nota quando vem muita gente de fora, o que demonstra uma quietude, ao mesmo tempo, reconfortante e inquietante. Mindelo continua a debater-se com um marasmo difícil de explicar. Ao mesmo tempo parece que isso está a originar um cultura bem própria, de driblar as dificuldades, brincar com os obstáculos, reinventar a felicidade, estar sempre leve,  por cima.

Entretanto as campanhas eleitorais autárquicas, na mesma toada do resto do país, a nivelar-se bem por baixo. Mas a rasar o chão! Fico profundamente triste a ver pessoas, supostamente chiques, a fazer a vez de arruaceiros, com linguajares que lembram os ordinários, com gestos que lembram a falta de maneiras. Tudo para conseguir a porra de um lugar no poder, essa força magnânima, que puxa tudo para baixo.

Nódoas a parte, estar na Laginha é o coroar de um fim-de-semana sempre inesquecível, na terra que tem de tudo em ponto minúsculo, tem um charme próprio e tem macabrices próprias, mas sempre adorável. E quem adorou foi a minha filha.

28.5.12

As trevas

É perfeitamente inaceitável a situação da energia em Cabo Verde. É frustrante. É vergonhoso, por exemplo, quem trabalha com parceiros internacionais, estarmos a repetir a desculpa de que faltou a energia eléctrica. Deve soar até a desculpa esfarrapada. É imoral que nenhum dirigente venha a público explicar, sem tretas, a situação.

Contem-nos a verdade. Os cidadãos estarão dispostos a fazer sacrifícios pelo país, desde que nos contem a verdade. Digam-nos qual é a profundidade do problema. Peçam ajuda de todos, para juntos apontarmos caminhos diferentes, porque claramente que está a gerir o problema não está a fazê-lo de forma correcta, pelo menos na parte de informação.

É lamentável.

2.5.12

Tempo de soltar os gases

Artist: Yuji Agematsu

O fantástico das campanhas eleitorais é ver muita gente a revelar-se. Estalam os vernizes, baixam as máscaras, descascam-se camadas e camadas de hipocrisia, o pessoal solta-se!!

Este jornal vai descobrir que um fulano em país x deu um golpe, está nas malhas da justiça e é um elemento destacado de partido A. Aquele outro jornal vai descobrir que sicrano em país y é acusado de mafiosidades n e m e é um elemento destacado de partido B. De palmadinhas nas costas o pessoal passa a expressivas demonstrações públicas de mal-dizer. Perdem-se os modos e o palavreado vira mais rasca. Dizem-se coisas que, em tempos normais, embrulhava o estômago a qualquer um, mas em tempos de campanha defecar em público é amplamente tolerado. Até as mãezinhas, pobres progenitoras que tanto sofrem para nos trazer ao mundo, muitas vezes ainda tem que ouvir esse e aquele mal-criado, filho de uma... na sua imedição de palavras a lhes faltar o respeito! Os jornais vão se tornar impossíveis. Os comentários nos fóruns online vão ser puro esgoto digital. Toda a conversa, nas esquinas, nos cafés, em qualquer espaço, tendencialmente descerá a níveis impróprios.

É tempo dos políticos soltarem-se daquela moldura que ostentam um mandato inteiro, de deixarem os seus serzinhos humanos virem ao de cima e de revelarem muitas vezes uma educação não propriamente... esmerada. Quem não gosta dessa merdaria pegada, que hiberne. Vai ser assim.

25.4.12

Desemprego Psicológico

Se não temos o maior Primeiro-Ministro do mundo, está lá perto. Ele acerta sempre e desta vez foi em cheio. Disse que o desemprego em CV é psicológico. Para além de contribuir decisivamente para a ciência económica, a afirmação é justa, pelos seguintes:
  • Não ter emprego mexe a sério com a cabeça de um fulano. É mesmo lixado. Só quem nunca esteve uns meses parados não sabe o quanto isso é psicologicamente uma afronta.
  • Ter trabalho semana sim, semana não, como milhares de homens e mulheres por esse país fora, não contribui para a confiança e força psicológica de ninguém.
  • Estar empregado e ter medo de perder o emprego, por outras palavras se chama "precariedade de contratos" e isso mexe com as estruturas de qualquer mente.
  • Estar empregado e sofrer pressões de toda a ordem dos empregadores já levou muito gente ao desespero. Já vi colegas, mesmo ao lado de mim, a fracassarem psicologicamente. A depressão por causas profissionais é um problema de saúde pública, a que ninguém se prenuncia.
  • Estar empregado, ralar-se uma vida toda e depois ver uns miúdos do partido a ascenderem aos cimos das hierarquias, em passes de mágica, é de deixar qualquer bom profissional louco.
  • Não ter condições de facto iguais na criação do auto-emprego (pomposamente chamado de "empreendedorismo")  e na protecção jurídica dos negócios, é, do ponto visto psicológico, uma desmotivação e tanto.

Sem querer, ou se calhar querendo, o PM acertou mesmo!

24.4.12

Excelência, Ministro da Cultura

Artistas: Ayreen Anastas & Rene Gabri

Toda a sua grande entrevista no jornal A Nação podia ser resumida numa única frase: "A verdade é que ainda não temos nada!".

E não há mal nenhum em ainda não ter nada caro Ministro. Um ano não é tempo de ter mais do que planos e projectos e intenções e possibilidades e conjecturas e uma série de outras construções teóricas, quando está tudo por fazer. Que me perdoe, caro Ministro, mas ao contrário do que diz, a casa não tinha nada! Senão como explicar tantos retiros, inclusive em locais remotos como S.Nicolau, tantos fóruns, tantas remodelações, uma orgânica (ainda secreta) nova, tantos projectos e tantas intenções? Se a casa tivesse já alguma coisa concreta, e bem feita segundo diz, então seria só dar seguimento e melhorar, sem que se sentisse esse timeout. Todos os dossiers abordados pelos jornalistas - do ensino, da língua, da carreira artística, dos direitos de autor, do financiamento, etc. - foram remetidos para planos, projectos, estudos e outras construções teóricas. Isso traduzido por míudos é: não ter nada ainda.

Não há mal nenhum em dizer que a casa está toda partida e é preciso refazê-la. Fico feliz de ter um Ministro da Cultura que fala de um modo estratégico (apesar de alguns atropelos com o turismo, o entretenimento e a confusão entre artista/ministro), mas é preciso abandonar esse discurso da negação, que não há problemas, e esse discurso do super-poder, que tudo vai ser diferente depois de si. Humildade precisa-se e não megalomania ou utopia, que essas coisas são para o artista e não para o gestor da coisa pública, por natureza escassa.

23.4.12

Castelos no ar

Imagem: Hans Haacke

Nós somos os campeões mundiais de construção de castelos no ar. Todo o povo tem um talento, pelo que é conhecido no mundo. Nós devemos ser (re)conhecidos pela nossa capacidade de construir castelos no ar.

Os nossos castelos são sempre grandes, tem tudo, água, luz, Internet e sistema de vídeo-vigilância. Têm infindáveis corredores, quartos, salas, saletas, salões, grandes janelas e formidáveis portais. Estão integradas com a natureza e têm vistas fantásticas. Quando terminadas, nalgum tempo sempre impreciso do futuro, vão trazer grande felicidade e prosperidade para a comunidade. Só temos de ter, e muito, é fé!

17.4.12

Flowing

photos by luka klikovac

13.4.12

Ah Guiné!!

Para quando vão se pacificar as almas nesse país?

10.4.12

Cacofonia

'cacophony' sound installation by studio nomad
 
Chegou a hora de pagar, a duras penas, o resultado de anos de políticas públicas viradas para o betão e para o asfalto. Toda a governação do PAICV foi marcada por grandes (?) obras públicas, umas bem impressionantes até, como a estrada fantasma, Circular da Praia. Tudo foi feito no pressuposto que grandes empreendimentos estrangeiros vinham aí, que íamos fazer negócios da china e que por milagre todos iam ficar ricos e gratos por essas escolhas à partida contestáveis. O resultado concreto agora é que, grupos privados ganharam muito dinheiro, os investimentos não vieram, ficamos com uns elefantes brancos de luxo e as populações continuaram na mesma, com tendência a piorar.

É claro que os propagandistas de serviço vai sair logo com os argumentos de índices de democracia e mais outros prémios que vão nos animando, como criancinhas que se animam facilmente com um doce. A situação real, no terreno merece uma outra conversa, porque afinal estamos a falar de vidas de pessoas. A situação é perfeitamente inaceitável, quando se vê para um determinado esbanjamento e má aplicação dos dinheiros públicos. É urgente um pensamento mais humanista na governação, sob pena de agravarmos as já graves situações de pobreza, desemprego, violência, prostituição, crimes, droga e o olvidado grande flagelo do alcoolismo.

Chegou o momento de dizer CHEGA! Com a actual subida de preços dos combustíveis a níveis píncaros, adivinhando já uma complicação generalizada ao nível dos preços, não percebo como podemos ficar caladinhos. CHEGA! Chega de moleza desse povo que tem uma capacidade quase masoquista de apanhar. Reduzam as despesas da Administração Pública, gorda, corrupta, inoperacional e sem escrúpulos. Acabem com os chupadores de dinheiro, Electra e TACV. Vigiem a pouca vergonha dos sugadores do Estado, os dirigentes bundões e sem ponta de sentido de Estado. Façam imensas outras coisas, façam o que quiserem, mas poupem o cidadão de mais apertos.

ALGO ESTÁ MUITO ERRADO!

19.3.12

Brincar com o fogo.

Depois, tudo desaparece e abre-se o espaço náuseo da ausência. Desaparece a azáfama do correr atrás, fotografar, filmar, gravar, falar, perder noites, entusiasmar-se, finalmente mostrar, brindes, sorrisos, abraços, amizades, promessas de eternidade, juras, lágrimas de separação. Tudo desaparece e só resta o chão seco da (re)criação.

A profissão da criação artística comporta riscos que nenhuma seguradora poderá um dia avaliar. Os riscos são sentimentais e emocionais. O risco da depressão é bastante forte. O risco da decepção e da frustração. O risco da extrema euforia que caracteriza certos momentos de muita emoção - os momentos com o público, os jornalistas, o foco da atenção - para depois se seguir o nada, o vazio.

A profissão da criação artística trabalha com a matéria mais inflamável de todas, que é a emoção. Tanto pode aquecer como queimar descontroladamente. E acontece extinguir-se também. Um artista é um profissional que brinca com fogo.

13.3.12

Regressar

Se fosse religioso ia agradecer a Deus pelo incrível périplo que fiz entre Mindelo, Brasil, S.Tomé e Príncipe e Lisboa, num espaço de 6 meses. Como não sou agradeço a congregação de todos os bons espíritos que me conduziram a isso. Em termos de balanço humano, ainda vou passar os próximos 6 meses a avaliar. Só sinto que foi mais que o meu peito podia comportar.

Mindelact tornou-se uma tradição, uma espécie de fonte de purificação artística anual. O teatro será a arte mais humana de todos, porque é directo, de humano para humano e isso tem consequências grandes no nosso espírito. Cineport em João Pessoa, Brasil, com todas as trapalhadas, foi um momento de conhecer novíssimas pessoas e horizontes que vão além do alcance da vista. No entanto, Brasil ainda parece um território complicado de entrar, de tão vasto que é. A Bienal de S.Tomé foi a experiência humana mais marcante do ano. Por um lado o drama da pobreza, por outro o conhecer pessoas de coração limpo que já se tornaram parte do meu círculo reservado. Lisboa, que foi a continuação da Bienal de STP, mais algumas exposições em galerias, foi um ponto alto de encontro entre várias pessoas que, se tivessem a consciência disso, podiam mudar o mundo. Lisboa é um dos mais importantes centros culturais africanos do espaço de língua portuguesa, mas falta assumi-lo.

Enumerar nomes seria injusto para os esquecidos, mas seguramente terei ganho umas boas dezenas de novas amizades de alto valor. É uma sorte.

Terminei um ciclo, o que é uma sensação transcendental na criação artística. Já iniciei um outro com o intuito de saltar de patamar, evoluir, aprender a falar uma língua superior.

19.2.12

Sensação de Quo Vadis


Queremos causas, coisas para lutar, coisas para fazer juntos, outra via ficamos aqui sentados a ver qual o macaco que culpamos. Falta-nos causas, coisas que acreditamos até ao ponto de nos perdermos nela. Temos falta de pertencer.


A vida tem que valer o suor e eventualmente algum sangue. A vida tem que ser mais que acordar e cumprir o dia, depois deitar-se, cansado do dia. É preciso conseguir e conseguir juntos, que o conseguir só tem um estado de prazer curto. Conseguir juntos, à grande, perdura a sensação ébria. Conseguir grande diminui a depressão de ser simples humanos. Precisamos conseguir...e grande.

14.2.12

Show!

Artista: Martin Klimas

13.2.12

Um dia num minuto

Imagem: Antoni Tàpies

Na sexta-feira pode-se assim dizer que estive com todas as amostras da sociedade num só dia. É tipo contar a história social do país em poucas imagens. De manhã e à tarde trabalhamos nas escolas da periferia e ouvi um rol de problemas reais, histórias de deixar uma pessoa sem apetite, desde das miúdas de 13, 14, 15 anos engravidadas por um estupor qualquer, ou pelos coleguinhas, passando pelos problemas profundos dentro de casa de um menino cujo pai enche a cara e resolve partir a cara de todos dentro de casa, até ouvir um menino de 14 anos a contar com todos os detalhes os preparativos de uma gang para meter um balázio num outro gang. A caminho de casa, na zona média, oiço pela rádio as subidas de combustível e consequentemente de toda vida e ponho-me logo a fazer contas e a adivinhar que tempo de apertos se avizinham. Por fim estou na noite glamourosa da cidade a assistir o desfilar de roupas, sapatos e acessórios arrojados, homens de fato, mulheres de vestidos magníficos, porque ao que parece o país comemorava a assinatura de mais um donativo de dinheiro do Estado americano e o pessoal teria andado em alguma recepção em alguma repartição do Estado ou hotel caro da cidade.

O país anda assim, entre a quase obrigação de se congratular pelas conquistas diplomáticas, donativos, compactos, pontuações na arena internacional  e a urticária viva e extremamente persistente das dificuldades do dia-a-dia, da falta de tudo e mais alguma coisa e ainda ter que ver e ouvir todos os chico-espertos a justificar que devemos é congratular, apesar de tudo.

9.2.12

Via Fácil

Artista: Phyllida Barlow

Não sei se fico muito contente com a onda de detenções de pessoas importantes no meu país, ou se fico francamente triste. Se por um lado é verdade que repõe-se a confiança nas instituições quando vemos que elas fazem o seu trabalho, indicando claramente que crime não compensa, por outro lado dá uma mágoa enorme ver gente que está junto de nós a ir presa. A Justiça precisa ainda se pronunciar, porque vale o primado da inocência que diz que, todos são inocentes até prova em contrário, mas o simples facto de uma pessoa ser indiciada pela justiça é já uma afronta. Como se sentirão as mães dessas pessoas? Como se sentirão os filhos? Como se sentirão todas as pessoas próximas? Como poderão andar de cabeça erguida após uma afronta dessas?

O facto é que todos sabemos, com ou sem a acção da justiça, que várias pessoas estão a ir numa direcção muito errada. O pior disso tudo é uma certa aceitação social do ilícito. Tenho a sensação que ninguém tem mais paciência para trabalhar longamente para conseguir as coisas, que queremos as coisas no dia seguinte, que queremos coisas demais, maiores que as nossas próprias pernas. Ainda por cima, quem trabalha honestamente, ganha medianamente e não tem uma vida fausta que se vê por aí, quase que é visto como um coitado, que não tem sucesso ou não tem coragem suficiente para fazer determinadas coisas.

Que a tranquilidade regresse as nossas casas, aos nossos bairros, ao nosso país.

7.2.12

Quando Caem as Árvores


Morreu Antoni Tàpies aos 88 anos de idade, um dos mais importantes e influentes artistas do séc.XX, nascido na Catalunia, terra que pariu também Miró, dos pintores que mais admiro na história da arte. Nomes que fazem-nos vibrar. RIP

30.1.12

Um ano tem doze meses

Artist: Georg Herold

De repente dei-me conta que o novo Governo já vai para um ano!

O ano todo não falei de Cultura, nem elogiei, nem critiquei, não disse nada. Se calhar seja pelo facto de uma pessoa ganhar uma certa religiosidade com o andar dos anos. É preciso aguardar com infinita paciência pela manifestação divina. Aprendi, ou foi-me ensinado pelo castigo da espera, a não reclamar dos desígnios das santidades que um dia virão nos mostrar o caminho da glória. É que do reino nada é revelado, se vai ter glória ou não, se vai ter recompensa aos fiéis ou não, se os penitentes um dia terão sombra e água fresca e se na velhice os que escolheram os caminhos das artes terão amparo ou se morrerão mendigos. Nada é dito mas se calhar nada terá que ser dito aos comuns mortais, porque esses não iriam perceber os meandros complicados do palácio.

Dei-me conta que, vangloriamos dos altos títulos mundiais, campeões da democracia e da liberdade de imprensa e no entanto não temos, desde a independência, uma política cultural que dignifique o seu nome. Não há nenhum capítulo da política cultural - da língua, passando pelo património, a investigação cultural, indo à educação artística, falando de financiamento da cultura, até chegar às carreiras artísticas e do ramo cultural - que possa enumerar ganhos substanciais. É a mesma procissão há décadas.

29.1.12

Terra de fartura

Um tanto farto disto.

Farto do Governo e da Oposição a encherem-nos os ouvidos das suas angústias no Parlamento, a fingirem-se de muito preocupados com o país. Combate político, dizem. Eu é que morro um bocadinho de cada vez que oiço descaradas acusações e ainda mais patéticas defesas de honra. Vão se...!

Cansado de ver advogados a usar a comunicação social como palanque para os seus recados com segundas, terceiras e sabe-se lá mais quantas intenções. Quem pode com essa novela de mulher que mandou matar marido, afinal é marido que montou um teatro para incriminar a mulher, uma estória que não pára de dar cambalhotas, de um vida privada, de uma vida que não nos diz respeito e ainda assim insistem em nos dar todos os detalhes sórdidos.

Já não dá mais para ouvir nenhum membro do Governo. Nenhum. A quererem nos impingir um nome para o aeroporto da Praia, em explicações imbecis, como se não tivéssemos convicções e fossem os ministros os encarregados de nos ensinar como valorizar a história. Mais uma vez, vão se...! Não dá! Quem pode com o discurso decalcado de todos os membros do Governo, de ministro a secretários de Estado, todos! Que falta imensa de criatividade e auto respeito.

Não posso mais com estórias de violência e com as autoridades a tentar negá-la, mascará-la, justificá-la. O facto é que dói na pele e está mais perto de nós do que imaginamos. O meu compadre Baluka foi atacada na rua, bem no centro da cidade, às 18h30, por três fedelhos. Que merda!

11.1.12

A Ribalta

Os políticos estão sempre na ribalta, mas por esses dias pelas terras de cá das ilhas estão ainda mais na ribalta, com dois assuntos interessantes. Um, trata-se de um manifesto chamado Acordar Cabo Verde, a circular aqui, que bate nos deputados, outro, tem a ver com a chamada de atenção que o partido no poder faz ao Presidente da República, a pedir-lhe que abranda a voz.

No primeiro caso vou dizer o seguinte, sim, os deputados precisam de umas valentes palmadas no rabo. É claro que há (?) os justos, mas já diz a velha frase, pagam os justos pelos pecadores. Aos deputados pedimos uma coisinha só, que trabalhem, que falem, que actuem, que não sejam o corpo ao qual pertence um braço que se levanta automatimente na plenária. Mas também sou obrigado a concordar com o deputado Abraão Vicente, que é muito fácil mandar manifestos anónimos online, enquanto que o mesmo manifesto podia ter dado entrada na casa parlamentar, por vias normais e com caras. Enfelizmente ainda vivemos como se estivessemos debaixo da PIDE e temos medo de falar abertamente. Outras vezes é só pura conveniência ou falta de, masculinamente falando, tomates. A vida pública é...pública, ou seja de todos nós. Todos usufruem da República, mesmo que não se queira. Quem pensa ao contrário que experimente ir viver numa montanha isolada e verá. No entanto só poucos intervem na República. A política é de todos e é mais que votar. É, pelo menos, ter uma atitude pública digna.

No segundo caso, parece bastante estranho que um partido, em plena democracia, peça ao Presidente da República que se cale. Digam todos em voz alta "Presidente da República" para terem a consciência de que figura tamos aqui a falar. Chega de Presidente corta-fitas! 




4.1.12

Best of

Eco e Narciso


The best of myself is me. I'm the best. I'm even better than myself. I'm the best of the best!

É isso que eu sinto quando vejo um "best of" de um artista em fase inicial de carreira, produzido pelo próprio.