30.1.12

Um ano tem doze meses

Artist: Georg Herold

De repente dei-me conta que o novo Governo já vai para um ano!

O ano todo não falei de Cultura, nem elogiei, nem critiquei, não disse nada. Se calhar seja pelo facto de uma pessoa ganhar uma certa religiosidade com o andar dos anos. É preciso aguardar com infinita paciência pela manifestação divina. Aprendi, ou foi-me ensinado pelo castigo da espera, a não reclamar dos desígnios das santidades que um dia virão nos mostrar o caminho da glória. É que do reino nada é revelado, se vai ter glória ou não, se vai ter recompensa aos fiéis ou não, se os penitentes um dia terão sombra e água fresca e se na velhice os que escolheram os caminhos das artes terão amparo ou se morrerão mendigos. Nada é dito mas se calhar nada terá que ser dito aos comuns mortais, porque esses não iriam perceber os meandros complicados do palácio.

Dei-me conta que, vangloriamos dos altos títulos mundiais, campeões da democracia e da liberdade de imprensa e no entanto não temos, desde a independência, uma política cultural que dignifique o seu nome. Não há nenhum capítulo da política cultural - da língua, passando pelo património, a investigação cultural, indo à educação artística, falando de financiamento da cultura, até chegar às carreiras artísticas e do ramo cultural - que possa enumerar ganhos substanciais. É a mesma procissão há décadas.

29.1.12

Terra de fartura

Um tanto farto disto.

Farto do Governo e da Oposição a encherem-nos os ouvidos das suas angústias no Parlamento, a fingirem-se de muito preocupados com o país. Combate político, dizem. Eu é que morro um bocadinho de cada vez que oiço descaradas acusações e ainda mais patéticas defesas de honra. Vão se...!

Cansado de ver advogados a usar a comunicação social como palanque para os seus recados com segundas, terceiras e sabe-se lá mais quantas intenções. Quem pode com essa novela de mulher que mandou matar marido, afinal é marido que montou um teatro para incriminar a mulher, uma estória que não pára de dar cambalhotas, de um vida privada, de uma vida que não nos diz respeito e ainda assim insistem em nos dar todos os detalhes sórdidos.

Já não dá mais para ouvir nenhum membro do Governo. Nenhum. A quererem nos impingir um nome para o aeroporto da Praia, em explicações imbecis, como se não tivéssemos convicções e fossem os ministros os encarregados de nos ensinar como valorizar a história. Mais uma vez, vão se...! Não dá! Quem pode com o discurso decalcado de todos os membros do Governo, de ministro a secretários de Estado, todos! Que falta imensa de criatividade e auto respeito.

Não posso mais com estórias de violência e com as autoridades a tentar negá-la, mascará-la, justificá-la. O facto é que dói na pele e está mais perto de nós do que imaginamos. O meu compadre Baluka foi atacada na rua, bem no centro da cidade, às 18h30, por três fedelhos. Que merda!

11.1.12

A Ribalta

Os políticos estão sempre na ribalta, mas por esses dias pelas terras de cá das ilhas estão ainda mais na ribalta, com dois assuntos interessantes. Um, trata-se de um manifesto chamado Acordar Cabo Verde, a circular aqui, que bate nos deputados, outro, tem a ver com a chamada de atenção que o partido no poder faz ao Presidente da República, a pedir-lhe que abranda a voz.

No primeiro caso vou dizer o seguinte, sim, os deputados precisam de umas valentes palmadas no rabo. É claro que há (?) os justos, mas já diz a velha frase, pagam os justos pelos pecadores. Aos deputados pedimos uma coisinha só, que trabalhem, que falem, que actuem, que não sejam o corpo ao qual pertence um braço que se levanta automatimente na plenária. Mas também sou obrigado a concordar com o deputado Abraão Vicente, que é muito fácil mandar manifestos anónimos online, enquanto que o mesmo manifesto podia ter dado entrada na casa parlamentar, por vias normais e com caras. Enfelizmente ainda vivemos como se estivessemos debaixo da PIDE e temos medo de falar abertamente. Outras vezes é só pura conveniência ou falta de, masculinamente falando, tomates. A vida pública é...pública, ou seja de todos nós. Todos usufruem da República, mesmo que não se queira. Quem pensa ao contrário que experimente ir viver numa montanha isolada e verá. No entanto só poucos intervem na República. A política é de todos e é mais que votar. É, pelo menos, ter uma atitude pública digna.

No segundo caso, parece bastante estranho que um partido, em plena democracia, peça ao Presidente da República que se cale. Digam todos em voz alta "Presidente da República" para terem a consciência de que figura tamos aqui a falar. Chega de Presidente corta-fitas! 




4.1.12

Best of

Eco e Narciso


The best of myself is me. I'm the best. I'm even better than myself. I'm the best of the best!

É isso que eu sinto quando vejo um "best of" de um artista em fase inicial de carreira, produzido pelo próprio.