24.7.08

To be black or not to be

Imagem: Jason Florio

Uma primeira interessante pergunta apareceu nos comentários: ser preto é bom ou mau? Esta pergunta pode desencadear uma infinidade de outras perguntas, a começar por esta: porque é que se põe esta pergunta? Ser branco é bom? E os amarelos? E os vermelhos? E os morenos? Ou então: porque é que existe uma correlação bom/mau, preto/branco? Colonialismo?

Das coisas mais chocantes que já li sobre Cabo Verde era de que: 70% da população CV é mestiça, 28% é negra e 2% é branca. Agora digam-me: que raio de ciência demográfica é que fez esta medida? Em que ponto do espectro de cor um mestiço deixa de ser mestiço? A população de Lisboa vai deixando de ser europeia, porque cada vez mais tem mais mestiços?

Ser africano é pertencer a uma "região cultural". A nossa Cultura, como todas no mundo, é algo de inédito, como a impressão digital, tanto é que é a Cultura que marca os limites de um povo. Agora, toda a Cultura se agrupa em Culturas similares. Por isso que as pessoas das Canárias são europeus, apesar da localização geográfica. Por isso que somos africanos, apesar da localização geográfica.

Tenho dito.

8 comentários:

Kuskas disse...

Apesar do meu tom de pele, que no Brasil é classificada de "Parda"( AHAHAHAHAHAH só mesmo no Brasil), sou preta, negra e africana.

Sou preta, porque minha ascendencia é negra, porque nasci, cresci e vivo em Cabo Verde, na região cultural africana.

Ser preto é mau, assim como ser branco é mau, uma vez que existem pessoas boas e más em todas as raças, incluindo os amarelos, vermelhos etc

Sabem daquela expressão "agora me deu uma branca?" .... quando isso acontece, é bom ou mau sinal??

Cesar Schofield Cardoso disse...

Kuskas, que atitude ahn!

JB disse...

Kuskas, o pessoal do teatro é o mais «pró-preto» que possa haver, porque ter «uma branca» é considerado o pior que nos pode acontecer em palco... hehe

Quanto ao resto, olhem, sou «bolicau», branco por fora, mas preto por dentro!

Abraço (de todas as cores)

Sams disse...

César,
Permita-me discordar de ti num ponto. Acho que sou africano porque pertenço à geografia africana.
Se pertencer a uma "região cultural" quer dizer estar situado numa região onde povos têm afinidades culturais, então não poderia discordar mais.
É que Egipto é África mas entretanto nós não temos mais afinidades culturais com eles do que a que temos com o Brasil ou Jamaica. Canárias é África sim. Pertence à região africana assim como muitas ilhas do pacifico são asiáticas, apesar de pertencerem (serem territórios) a europeus.
Se o chineses invadissem a Europa ou a América do Norte, estes territórios se tornariam asiáticos?
É que com o tempo (a globalização e grande circulação de pessoas) a única coisa que irá se manter é o território.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Bom, no Brasil, há muito que se lhe diga: não se pode dizer que seja uma cultura africana, não achas?

Canárias não me parece que seja uma cultura africana também.

Mas, pra já, de Cultura estamos a falar do quê? Não estamos a falar da cor; esta não serve como indicador absoluto. Mas podemos falar da língua, da música, da oralidade, da forma social de estar (a fisicalidade, a sensualidade,...). Muitos argumentam: não temos as manifestações que na África Negra tem. É certo, não temos. E na verdade temos muitos elementos que não existem no continente. Mas a minha forma de calcular a nossa africanidade é perguntar: de todos os elementos culturais que nos compõem (não eu, burguesinho da cidade; o povo na sua maioria) quais os que tem mais peso? Quando tento responder a esta pergunta, tenho uma resposta clara. Isto é para mim, bem entendido.

Anonymous disse...

apesar de concordar contigo acho que tb é notorio que temos uma herança europeia , não-negligênciavel,...exemplo sem querer ferir os mais sensiveis ,teu nome é Schofield, não penso que venha da costa africana ou do quilimanjaro...

Cesar Schofield Cardoso disse...

A minhokinha é que nos inspira a nós.

É tão importante satirizar sobre as nossas próprias vidas...

Abç

Anonymous disse...

Olá,

Apesar de concordar quase integralmente com o Max, tenho de lhe pedir para esclarecer o exemplo do Brasil, país onde me parece que a questão racial e de identidade não é de todo pacífica.

Um abraço

Catarina Cardoso