21.8.08

Nem toda a guerra é guerra

Abaixo a demolições das casas clandestinas!

Não gostei deste ataque do Monsieur le Presidént de la Câmara de Praia. Não que as casas clandestinas estejam correctas, mas sim porque é a pior forma de atacar o problema. É um golpe de campanha e todos sabemos disso. E pior do que tudo, temos provas, a demolição não resolve o problema: derrubam-se 2 e nascem 3 ou 4. Ora, vamos lá ver uma coisa: construir casas não é um acto negativo em si; muito pelo contrário: se as pessoas constroem, se têm dinheiro para fazer casas clandestinas de betão (!), se têm energia para o fazer, se conseguem mobilizar a comunidade à volta da construção de uma casa, se as pessoas precisam morar, as autoridades têm só que mobilizar toda esta dinâmica numa coisa muito simples: política de habitação: ordenamento de território, infra-estruturação, processos legais, financiamentos, blá, blá, blá.

Ora bem, se há sinergias para erguer Cidadelas, Golf Resorts, Pontas Bicudas e otras cosas mas, por parte de privados, as autoridades públicas têm que fazer o mesmo para o resto da população, nosotros pobrezitos. Dizem que a cidade da Praia é 60 a 80% de casas clandestinas! Porra! Vamos demolir isso tudo? OK, percebi o Monsieur: dar um sinal de autoridade. Mas olha ó Monsieur, dê um sinal lá para dentro da sua Câmara, que há muito boa gente a lucrar com isso. Vamos organizar o sistema, para depois ter autoridade (e legitimidade) para demolir casas. Vamos dar alternativas claras, corajosas. Vamos, pelo menos, reservar uma Achada, marcar o chão com giz e dizer as pessoas que têm urgência: construam aqui, mas por favor sigam a marca do giz, para depois podermos meter estradas, esgotos, electricidade, água, passeios, praças, etc. Mas, lá que está: digam-me quem tem power nesta Praia para fazer isso? Para reservar uma Achada? Se já está tudo comprado? Se já está tudo reservado? Ora, pois, pois.

Abaixo políticas de cosmética. A coisa tem que ser mexida nos ossos.

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