12.3.10

Borbulhas de nervos

É o tempo ideal de comprar jornais. Comprem todos os jornais. O importante é que não os levem muito a sério, para não ter aquela sensação de deitar fora 100 escudos vezes 3, todas as semanas, o que dá 1200 paus por mês. Comprem com um espírito cómico, de diversão e até de criatividade.

É tempo de informação, contra-informação, desinformação, falta e abundância de informação. Pré-campanha oblige. Bem, jornais deviam ser isentos, mas sabem de algum lugar no mundo onde isso aconteça? Não é que eu conheça muitos, mas pela nossa natureza, digo nós da humanidade, não me parece que isenção e razão total seja do nossa fibra. Por uma razão muito simples, temos sentimentos, a maior parte dos quais raiando a paixão, e ainda bem. Já viram como isso seria uma seca insuportável se fossemos frios, verticais e constantes como uma barra de aço?

O problema dessa dualidade insolúvel, ou seja, a necessidade (não sei quem criou essa necessidade) de isenção e a nossa natureza sentimental, é que em Cabo Verde assume feições burlescas. É este jornal a apoiar descaradamente este candidato, é aquele outro ostensivamente a favor daquele partido, é o outro abertamente da oposição, é tal cronista a mandar das suas, é o outro a desmontar esse, são os jornalistas subtilmente a sugerir isso e mais aquilo, enfim, a humana comédia.

O remédio é não levar a peito. Perdoamos os que não sabem o que fazem. Ou sabem muito bem! Nesse caso não é perdoável.

4 comentários:

batchart disse...

"É este jornal a apoiar descaradamente este candidato, é aquele outro ostensivamente a favor daquele partido..." Exatamente... 1 Semanalmente ta ingraxá guverne, ote expresamente ta asumí kore de oposisão, e kel ote ainda es nasão ka tma sé kabeça!!!

Marco Além disse...

A notícia deve ser sempre rigorosa e isenta de paixões. Não confundir notícia com artigos de opinião.

Bernardino disse...

Caro Marco
Estou de acordo consigo que deve. A (dura) realidade é que não é, mormente num país como CV. Falta de recursos é um empecilho, natural. Arriscarias a escolher um órgão de Comunicação em CV, em que as noticias são, sempre foram isentas?

Marco Além disse...

Saudações Bernardino.
Cabo Verde é ainda país "green". Apesar de acreditar que a isenção total é uma miragem, acredito que com amadurecimento virá algo que se aproxime desse patamar. Pelo menos nos orgãos de comunicação do estado (não confundir estado com partido no poder). Até lá, temos que ter paciência e a capacidade de ler e perceber nas entrelinhas o que é de interesse (notícia) e o que é "palha embrulhada" (propaganda).