Elísio Freire, afirmou que "nem mesmo no tempo da administração colonial se assistiu a um cenário de perseguição aos cidadãos que decidiram identificar-se com outras forças políticas."
(RTC, via sapo.cv)
É dessas coisas que não perdoo aos meus colegas. Elísio Freire tem a minha idade, ou menos até. Eu não vivi no tempo colonial e nem mesmo senti a repressão que se fala da Iª República, por uma razão muito simples: era menino e ele também era. Mas, Elísio Freire fala da brutalidade da Iª República como se tivesse vivido alguma. E agora, uma verdadeira surpresa, fala da administração colonial, ele ainda nem embrião era! Claro, podemos sempre imaginar o que foi, mas imaginar nunca equiparou à experiência, que eu saiba. Mas se podemos imaginar, então:
- Nem sequer havia partidos no tempo colonial, nem único, nem múltiplos, só governadores e governados; conseguimos imaginar isso?
- Toda a cabeça pensante era puro e simplesmente perseguido pela PIDE; conseguimos imaginar isso?
- A PIDE prendia, torturava e matava sem a mínima necessidade de prestar contas à justiça; é concebível isso?
- Quando a PIDE não conseguiu apanhar os "criminosos" simplesmente perseguia os familiares; é aceitável isso?
- A PIDE levou a que muitas pessoas (caboverdianas) se tornassem denunciadoras, também sob ameaças; sabemos o que é isso?
- O regime colonial massacrou gente indiscriminadamente, na Guiné, em Angola, em S.Tomé e aqui, embora não houvesse massacres, houve episódios para esquecer (ou se calhar para se lembrar).
- Vários caboverdianos que acreditaram nos ideias da Independência, inclusive várias pessoas hoje afectas ao MPD foram presas e torturadas pelo regime colonial.
O Freire tem o descaramento de comparar os dias presentes ao regime colonial?! O Freire não tem um pouco de respeito pelas pessoas que lutaram, sofreram e morreram para que hoje ele não passasse de um indígena?!
Elísio, não somos a geração do colonialismo, nem sofremos os traumas da guerra; temos a obrigação de elevar o nível da política e não vai ser com essas tiradas de certeza que o conseguiremos. Consegues melhor amigo.
6 comentários:
Asvezes acertas na mosca nas tuas analises, mas hoje não sei porque escreve um post de caca. Em primeiro lugar o discurso não é de Elisio Freire um rapaz da tu idade ou mais novo, mas sim do Deputado e Lider de um Grupo Parlamentar. Então quem não viveu a historia jamais pode falar dela ou emitir opiniões? Mas que ideia mais absurda? Encontrasses outras razões para discordar do Freire. Vá retrate-se deste erro clamoroso.
A palavra "cáca" podia ficar de fora, mas enfim...
Falando estritamente de história, esquecendo o deputado, líder de bancada, Elísio Freire. Acreditas mesmo que temos hoje alguma coisa parecida com o tempo colonial? Já leste a história política de Cabo Verde do séc.XX, nomeadamente o Salazarismo, o fascismo, de inspiração nazista, as façanhas da PIDE/DGS? Achas que alguma coisa de hoje se compara a esses tempos???
Paciência para o pessoal quando não querem entender!
Cabo Verde não tem um único político de jeito. Tenho dito...
Todos os Deputados merecem meu respeito. Entretanto, alguns, devido a emoções do momento, são tentados a exprimirem-se mais em nome pessoal que no do colectivo, exagerando muitas vezes na linguagem; uns rasgando a gramática portuguesa, outros deliciando-nos com o "sontontonspék" e ainda outros, malcriadamente, ofendendo pessoas e a história.
Os nossos políticos têm falhado (quem não falha?) mas é curial que se consciencializem da falha. Tenho ainda presente a "gaffe" do Ministro Lívio em como atirar sobre um delinquente "é normal"...
O Primeiro Ministro a afirmar "vamos nos encontrar com todos os grupos de thugs" - essa é de bradar aos céus, comentei com meus botões.
Mas nem só de "gaffes" estamos habituados: gosto de ouvir a serenidade e clareza da Filomena Martins, a seriedade do Rui Soares, o humor do Pascoal Santos e o badiu di fora do Filipe Furtado. Contudo, prefiro ler Humberto Cardoso do que escutá-lo.
Ola Cesar
Tudo bem, eu não comparo o que se passa hoje com o Fascismo, mas que há abusos há, alias bem documentado no relatorio do Departamento de Estado dos EUA. Convenhamos que há coisas não são aceitaveis num Estado de Direito Democratico. P.ex o Chefe de Esquadra dos Mosteiros alegadamente agride um cidadão que é Professor e Politico, está sob investigação e no entanto é transferido para a cidade de S.Filipe ou seja é promovido. Claro está que o Ministro está convencido que não existe Justiça nesta Terra senão o homem ficaria em stand by. Agora que alguns foguenses se sentem perseguidos lá isso é verdade e merece ser denunciado e combatido com vigor.
Porque será que na tua incursão pela historia esqueceste das torturas em nome do Partido Unico. Lembras-te do Livro do Cuxim? Ou alguma vez leste o livro de Humberto Cardoso O Partido Unico em CV, Um Assalto a Esperança? Conheces pessoalmente algum familiar de Adriano Santos morto no 31 de Agosto? Conheces algum familiar do Titino Boxeur? Conheces o Buna Morais jovem que foi espancado no Mindelo nos anos 80? Precisas ler mais sobre a historia destas ilhas, para refrescares leia por exemplo: http://emcima.blogspot.com/2010/03/obsessao-pelo-controlo-da-memoria.html
Sim, há abusos em todo o regime ... inclusive o democrático. Mesmo depois de 91, já assisti a brutalidade policial, ou estamos a esquecer o excesso de zelo da polícia de choque em uma ou outra ocasião. Negar que a nossa polícia vem cometendo actos de brutalidade é uma hipocrisia, mas tenhamos atenção às comparações. Felizmente no nosso país, a sociedade vai ficando menos bruta e tacanha. Hoje já é possível processar a polícia; antes não era.
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