Imagem: euronews.com
Feliz por iniciar o meu trabalho com as comunidades africanas imigradas em Cabo Verde. Hoje na Cidade da Praia, centenas (ou milhares) de fiéis muçulmanos marcaram o fim do Ramadão. Fui numa das concentrações, no largo do Estádio da Várzea. Parei em silêncio a observar, ouvir e sentir. Estou longe de ser um fã das religiões, principalmente porque dão azo a maus usos, ou não seriam as grandes barbáries humanas - da inquisição, à escravatura, o nazismo e o terrorismo - todas feitas em nome de Deus de uns, ou contra Deus de outros. No entanto, em qualquer espaço onde se celebra um culto religioso, emana uma espiritualidade, que vem da comunhão de pessoas em gestos fraternos uns em relação aos outros, que até parece que o ar muda. Quem não consegue sentir essa vibração, presumo que não consiga sentir vibração outra nenhuma.
O crescimento do Islamismo em Cabo Verde espanta, não pela sua dimensão, mas porque andamos distraídos e, de repente, quando os fiéis se concentram e mostram a força dos números, vem a constatação: Cabo Verde é também agora um país muçulmano. Quando vejo as benesses que a Igreja Católica usufrui do Estado dito laico, ainda, depois de acabar a escravatura, terminar o colonialismo, questiono-me como será quando o Islamismo for, digamos, 10% da população. E sei que estarei vivinho para testemunhar esse tempo. Só não sei se será de tolerância ou estupidez.
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