4.9.08

Digno de uma cidade

Vai acontecer hoje e amanhã (4 e 5 de Setembro) uma daquelas coisas que acontecem muito raríssimas vezes nesta cidade: espectáculo de qualidade. Um homem, uma mulher e um frigorífico, uma obra do teatro, escrita por Mário Lúcio (quantos dramaturgos caboverdianos é que conhecem?), que tem feito um trabalho notável para o teatro, não só pela escrita, mas também pela música.

A encenação é do maior encenador caboverdiano da actualidade (e digo isto com emoção, com parcialidade, injustamente, sem rigor e sem necessidade de me justificar): João Paulo Brito. Olha ó Dom Manuel Veiga: largue da mão esta estória de fazer peditório para trazer um barco a CV e pague a este grande valor da arte, para que ele não tenha necessidade de trabalhar num escritório, para que ele implemente teatro de qualidade cá no burgo. Fazendo isso o Sr já podia dormir o resto do seu mandato.

As interpretações (que seria do teatro sem actores? Digo, a-c-t-o-r-e-s! Não sei se me entendem?): Ela, Raquel Monteiro, é mãe de filho bébé, trabalhadora, esposa de executivo, uma mulher com idade respeitável, mas vê-la num palco a esbanjar talento faz-me acreditar que ainda há gente com alma no mundo. Ele, Valdir Brito, é um GRANDE talento; desses actores que encarnam um personagem, que ficamos a pensar que ele, na realidade, é assim mesmo. Enfim, dupla de peso. O facto desses 2 actores terem seguido um curso de 1 ano com João Paulo Brito terá algo a ver?

A equipa (que seria do teatro sem os seus invisíveis?): Bety Fernandes, figurinos e direcção de movimentos...não me canso de espantar com a Bety dos Raiz di Polon; ela faz tudo, com infindável amor. Paulo Silva, desenho de luz. Manu Preto, cenografia. José Pedro Bettencourt. É assim: sabem desses indivíduos que fazem, literalmente, TUDO? Bettencourt é desses tipos; ele tem sido os andaimes, as redes de segurança, a chave-mestra, as vigas e a fundação desse grupinho que tem feito coisa boa no teatro na Praia. Dulce Sequeira, direcção de cena. Pessoal, no dia em que acharem que um palco está perfeito (tudo está no lugar, tudo corre na perfeição, ou não) lembrem-se que esta função (direcção de cena) é determinante. César Schofield Cardoso, euzinho, fiz a foto, o cartaz,o programa e estou mortificado por não ter participado do projecto desde o início, indo todos os dias aos ensaios.

Mindelact é o maior evento artístico do país (provem o contrário) e esta peça vai ficar a matar no encerramento da edição deste ano.

ADORO TEATRO!!!

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