Somos violados prolongadamente, sem dor. Quando abrimos os olhos, as terras já não são nossas e as praias já só tem pedras. Dos mares vão desaparecer as tartarugas. Quando abrimos os olhos já haviam prédios vedados. As pessoas vão fingir felicidade em piscinas privadas, os vizinhos vão se ver nos interfones. Somos governados. A verdade hoje é relativa e os fins justificam os meios. A porrada, o roubo, os desvios e tudo o que pareça inadequado de momento, no fim será justificado.
Buscas policiais aos gabinetes e denúncias em jornais são só tentativas tardias de espernear. Somos atados e silenciados por mãos próprias, ou provavelmente aterrorizados por súbita liberdade. Por lei actos consentidos não se constituem abuso. É por vontade própria, ou embriagados em alucinantes expectativas? Não, é por amor mesmo, vendo caras e não corações.
Sem comentários:
Enviar um comentário