A Ministra sempre foi Ministra. Anda no carro do Governo de tronco recto e nunca vendo para os lados. Sai do carro, sobe as escadarias do Palácio com passos firmes, raramente deita um olhar ao pessoal da portaria, ou a um eventual cidadão a tratar de assuntos ministeriais. Traz em permanência no semblante o peso das decisões do Estado. Era uma Ministra!, com M maiúsculo e todas as letras. Portanto, foi um Carnaval inabitual vê-la de jeans, de camisola de campanha, a distribuir outras camisolas de campanha a dezenas de jovens, que em outras alturas seriam os patinadores desordeiros, os barulhentos capoeiristas, ou até perigosos meliantes. Os jovens, um por um, a disfarçarem-se de apoiantes do partido, iam afinando os tambores para a batucada. Samba! Descobri que a Ministra tinha todos os dentes alinhados, porque naquele instante abandonou o semblante de Estado e sorria. Suas cadeiras e coxas apertadas num jeans adolescente começaram a saracotear, primeiro numa ginga ligeira, depois frenéticas e compassadas, sorrindo e agitando os braços no meio dos repiques dos paus nos tambores. Uma força poderosa tirou-a da sua armadura de Ministra.
3 comentários:
Palmas César!!
Obrigado pelas palmas Sheila :)
César, A Minsitra para além de gingar ao som da batucada, é também boa de Bola. Sorte do Zemas foi o maurinho não ter passado lá para as bandas do Moinho e vê-la a jogar futebol com os jovens da Zona...
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