Por uma conversa que escapuliu da língua, soube que a empresa do camarada não está nada bem. E eu, nada bem como? Quanto nada bem? Nada bem a ponto de não poder pagar funcionários, o básico. Não era de fingir o meu súbito secar de palavras. Como podia a empresa do camarada falir, uma empresa daquele tamanho, daquele investimento, que o camarada conseguiu sem verter suores, porque é assim, o camarada não batalhou para ter uma empresa de sucesso.
O camarada foi Ministro, mau Ministro diga-se. Por razões de escandalosa incapacidade ministerial foi afastado e como prenda de consolação ganhou o PCA de um empresa pública, polémico. Depois de algum tempo, não dava mais, foi corrido ou correu, mas tratou de levar consigo os contactos, negócios chorudos de terrenos, alianças já firmadas, de modo que montou logo a sua empresa "Camarada e Cia SA". Floresceu em apenas 4 anos. Distribuiu carros topo de gama para os colaboradores directos, fez a casa mais estupidamente grande da cidade, ganhou estatuto de empreendedor modelo, um exemplo a ser copiado e seguido. Veio a crise e faliu. Como medida de combate a crise, finge. Mantêm o estilo de vida, os carrões, as viagens e as festas monumentais na mansão. Mas não paga os funcionários.
O meu interlocutor, perante o meu espanto, pergunta, porquê o espanto? Empreendedor camarada por regra é leviano, acaba por acontecer.
1 comentário:
César o pior é que o empreendedor que os camaradas apresentaram na tv como o empreendedor do ano, nem sequer é camarada.
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