6.6.13

À carga!


O projeto de quebra-mar de Ponta Preta, na ilha do Sal, foi aprovado!

É assim que nos dão a notícia. Podia ser, vamos derrubar o vulcão do Fogo, para construir um resort turístico. Ou, vamos acabar com o centro histórico do Plateau, para construir umas lojas baratas. Podia ser qualquer coisa, porque a lógica é que alguns decidem pelos outros, na base de valores imediatos. O que mais me corrói em Cabo Verde, a minha terra amada, é que a Cultura e o Ambiente são dois conceitos absolutamente vilipendiados. A facilidade com que se deita uma árvore abaixo, a ferocidade com que se acaba com espécies, a ligeireza com que se altera a paisagem, a rapidez com que se desmorona um edifício antigo, a facilidade com que se desfaz dos arquivos, a indiferença com que se convive com o lixo e esses argumentos sinceramente muito mal explicados que se usa para construir uma estrutura no meio do mar, contrariando na alma os utilizadores do local, no caso os cultores do espaço, praticantes de desportos náuticos, inclusive campeões mundiais, com o fim tão ridiculamente exclusivo de permitir um banhinho de mar tranquilo a turistas!...Há limites, senhores, há limites.

A questão da Ponta Preta não é se a geodinâmica altera ou não, se ficam mais tartarugas ou não. Nem se é legal ou não. A questão é de cidadania. A questão é que várias alterações vão sendo perpetuadas na frágil ilha do Sal e ninguém fala. Quando um grupo, realmente ferido na alma, protesta, o poder mostra como tem mão pesada. Decide!..O ponto essencial, que as autoridades fingem ignorar, é que para todo o fiel, neste caso os surfistas, que são das pessoas mais religiosas que conheço, quando se deita um lugar sagrado no chão, isso representa uma afronta que não podem calcular senhores. Fiquem atentos à raiva gerada.

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