Nada causa espanto, consternação ou tão simplesmente uma reflexão. Nem a vitória do Filú, o reinado de José Maria Neves, o silêncio macabro de Jorge Santos, os laivos de Maquiavel de Carlos Veiga, o desemprego, a pobreza no mundo, se Manuel Veiga deve permanecer para sempre no Ministério de Cultura ou se isso não interessa a ninguém, se a terrível exposição de Abraão Vicente, chamada "No Limiar", é transgressora, libertadora, válida, se faz cócegas ou causa urticária. Se pelo menos gostamos ou não.
É verdade, Abraão Vicente não causa alívios a ninguém. Pelo contrário, causa-nos desconforto, jogando com a nossa própria concepção de conforto. Pois, conforto é fácil e desejável. Mas será tolerável em tal mundo de desassossego?
A nova exposição, "No Limiar", de Abraão Vicente, é destabilizadora dos conceitos de fronteiras e identidades. Fronteiras são fáceis: deixamos passar quem queremos e não deixamos passar quem não queremos. Identidades é que ninguém pode decretar. Passaportes são meros instrumentos de conforto. Por isso, Abraão Vicente rasgou-os, literalmente, para propor uma re-leitura desses objectos falsos de humanidade. As vivências são as únicas células da vida no mundo.
Aqui, dentro de casa, é hábito não reflectir sobre isso e mais uma data de coisas. Este trabalho já esteve cá exposto e ninguém ligou, como de resto só ligam as nossas expoisições o nosso querido círculo de amigos. Espero que Abraão, estando exilado temporariamente em outras partes, consiga olhos, ouvidos e bocas para essa sua proposta, No Limiar. Aqui há mais: http://www.traficolx.net/
É verdade, Abraão Vicente não causa alívios a ninguém. Pelo contrário, causa-nos desconforto, jogando com a nossa própria concepção de conforto. Pois, conforto é fácil e desejável. Mas será tolerável em tal mundo de desassossego?
A nova exposição, "No Limiar", de Abraão Vicente, é destabilizadora dos conceitos de fronteiras e identidades. Fronteiras são fáceis: deixamos passar quem queremos e não deixamos passar quem não queremos. Identidades é que ninguém pode decretar. Passaportes são meros instrumentos de conforto. Por isso, Abraão Vicente rasgou-os, literalmente, para propor uma re-leitura desses objectos falsos de humanidade. As vivências são as únicas células da vida no mundo.
Aqui, dentro de casa, é hábito não reflectir sobre isso e mais uma data de coisas. Este trabalho já esteve cá exposto e ninguém ligou, como de resto só ligam as nossas expoisições o nosso querido círculo de amigos. Espero que Abraão, estando exilado temporariamente em outras partes, consiga olhos, ouvidos e bocas para essa sua proposta, No Limiar. Aqui há mais: http://www.traficolx.net/
1 comentário:
Nao é de estranhar o desinteresse da populaçao pelas artes plasticas em Cabo Verde!! O "arrivismo" e a conceitualizaçao anacronica e "à outrance" nunca podem substituir a dexteridade, a criatividade, a tecnica, o trabalho que fazem as obras de destaco no mundo. Cofundir o discurso com o sentido tem causado muito dano as representaçoes artisticas cabo-verdianas. O que faz a diferença entre um Abraao Vicente e um Keith Haring por exemplo? Sera uma mania rasgar ou a manifestaçao de uma incapacidade?!
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