25.4.13

Liberdade, disseram.

Artista: Ei Arakawa

Hoje marca o dia de ontem em que todos os utópicos celebraram o retorno à liberdade. Foi necessário que milhares de jovens, dos dois lados da barricada, entregassem a vida, até que os velhos casmurros chegassem à evidência que um povo não se amarra. Lembro-me do nosso músico-poeta, Norberto Tavares, que disse: "amarrem-me as mãos e os pés, mas não podem amarrar-me o pensamento". Foi necessário que uma geração inteira de líderes escolhessem estar nas matas, ou na clandestinidade, vivendo com medo das sombras, no lugar de irem ao cinema, ou fazerem disparates próprias da idade, para que se conduzisse os povos a um estado de liberdade. Liberdade, disseram. E no entanto a liberdade não souberam guardar, pois mal descansaram de combater os usurpadores e já estavam sentados nas poltronas dos usurpadores, mal terminaram os discursos fervorosos e já estavam a construir os discursos falaciosos. Liberdade! Já ninguém(?) vai para a prisão por pensar. Liberdade sim e no entanto mal podemos escolher onde ir, onde trabalhar, onde morar, o que comer, quando comer, o que ter, como ter, como crescer e como levantar-se e dizer, a compreender bem a palavra: liberdade!

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