10.9.09

C'est pas possible!

Gritou indignado um amigo meu senegalês ao ver para a foto da manchete do Expresso das Ilhas de 2 de Setembro de 2009 que mostra um senegalês (não vem escrito que é senegalês mas o meu amigo senegalês jurou ser um senegalês porque um senegalês reconhece outro senegalês a quilómetros de distância como uma caboverdiano reconhece outro caboverdiano em toda a parte do mundo) e um grande título que diz: "ASSÉDIO E INSEGURANÇA ASSOMBRAM TURISMO". O artigo referia-se à ilha do Sal.

Meu povo que amo tem por vezes essa capacidade de se fazer de burro. Por mais de uma década o turismo derivou num mar sem porto e sem rotas. Por tempo demais não se articulou oportunidades e políticas. Praticamos um turismo do deixa fazer o que o estúpido do investidor bem quiser e praticar os preços que achar devido e invadir as praias com monstros de betão como bem entender sem qualquer noção de limite. As autoridades locais e nacionais, cegos pela sua luta cíclica de assalto ao poder esqueceram que tinham um país a gerir. Veio a crise, que é a versão capitalista de purgatório, e demonstrou que construímos castelos de areia que se desabam com um só golpe e agora querem passar essa ideia que a culpa é dos chatos dos vendedores da costa africana!

Como dizia Arménio Vieira (nas suas fábulas quase realistas), um burro-burro é só burro; um homem-burro nem burro é, por respeito ao burro. Quanto mais quando sabemos que de burro não temos nada; é mais para chico-esperto que é uma espécie de carapau-de-corrida que está abaixo desse homem-burro que nem chega a ser um autêntico burro.

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