Pontos nos is. Não é pelo facto de não querer participar deste debate estéril e impregnado de frases feitas e fórmulas fáceis, que é a campanha eleitoral, que eu não tenha intervenção política. Vão àquela parte aqueles que em tempo de campanha sente-se os mais patriotas dos patriotas, os mais esclarecidos dos esclarecidos, os mais cometidos com o país que todos os outros. Esse é o pecado capital de muitos políticos: se sentirem no direito de achar e deixar de achar de tudo e de todos. Há qualquer confusão por aí. Quem está na política activa, está na luta pelo poder; isso é o básico da ciência política. Quanto à consciência política, no sentido lato do termo, que significa uma preocupação com a gestão do bem comum, as nossas opções estratégicas, as nossas preocupações sociais, económicas, ambientais, culturais, esses meus caros, não se resumem a 15 dias de campanha; isso se faz ao longo da vida adulta. Por isso não me venham com convicções cozinhadas num par de dias. Que tal começarmos a falar a sério? Que tal falarmos de política a sério? De opções, de soluções, de estratégias? Que tal se em vez dessa ladainha ridícula, apresentemos ideias concretas, exequíveis e verificáveis? Então, desafio aceite?
Regras do jogo:
- O debate é de ideias. Aqui não se trata de partidos. Quero conhecer-vos senhores de A e de B. Quero sentir a vossa fibra em questões realmente mais importantes que os vossos umbigos.
- Não é permitido slogans de campanha. Quem as usar prova que não consegue ter vibração nas ideias sem o refrão da campanha.
- Não é permitido referências pessoais. Frases como "eles são", "vocês são", "nós somos", etc., são pessoalizações típicas de quem foge ao debate e passa a atirar areia nos olhos.
- É proibido invocar o passado. A política, enquanto execução de acções, é do presente para o futuro.
- É desejável que uma crítica seja acompanhada de soluções ou alternativas. Sem isso a crítica é só maldizer, o que é terrivelmente fácil.
- É proibido citar os outros. Cada um deve pensar com a sua própria cabeça.
- Não vale remeter aos programas eleitorais. Tem o mesmo efeito que citar os outros.
- Não vale a pena mandar este blogue à merda, que não vai, o comentário será automaticamente deitado ao lixo e vocês continuam na mesma; a mesma treta de conversa,.
Agora quero ver quem vai aparecer e qual vai ser a sua tirada. Mais divertido ainda vai ser, ver quanto tempo alguém resiste sem pisar as regras anunciadas acima. O mais curioso ainda será, se vivalma vai sequer seguir este repto. Escolham as vossas armas, senhores.
5 comentários:
Espero que alguem siga este repto, em vez de promoverem a si mesmos e a sua lista de contactos...que alguem tenha luz de promover ideias e soluções..mas o que estás a pedir é muito complicado para muito, pedes que tenham caracter...e também tenham, tal como disseste, a consciencia politica e social, isso requer fibra e todo um trabalho baseado na maturidade.
E triste de quem mandar este blog á merda :)
beijos e feliz ano meu querido.
Excelente, Cesar, excelente. É proibido citar, mas eu vou transformar aqui um excerto em cafeína lá para o meu estabelecimento.
Abraço
JB
Gostei do repto. Mas, embora compreenda a ideia, eu não usaria os termos que veem na tua frase final "escolham as vossas armas, senhores". A política em CV já é feita com muita violência verbal e falta de ponderação. Para a próxima sê mais soft, mais ponderado... E força!
Meu amigo, esta é a temporada dos medíocres, correm atrás de líderes e de slogans à espera de um tacho que não conseguem pela via do trabalho, do profissionalismo, da honestidade. Reduzir a actividade política, como bem a definiste, a 15 dias é centralizar tudo num tempo de venda de promessas falsas, em que os medíocres sobressaiem porque impõe o retrógrado Código Eleitoral que bons e medíocres, apenas porque são formal e legalmente candidatos, sejam tratados de forma igualitárias. Quanto às ideias, elas vão de férias nesses 15 dias.
Mantenhas
Álvaro
Boa tirada Cesar!
Essas eleições legislativas apresentam algumas características que lhe impõem seguramente ser das maiores eleições, jamais vista em Cabo Verde. Quem perder perde provavelmente, um pouco mais do que “só” as legislativas 2011. Dai que os dois alinhamentos que concorrem a todos os círculos façam “tudo e mais que puderem para sair vencedor”. Proporia um pacto. Um pacto de não esbanjamento nesses poucos longos 15 dias. Pensam que os alinhamentos estariam dispostos a pensar nisso? Deixaria também um apelo que sejam os candidatos personificação dos ideais do respeito e da paz.
Fico …por enquanto!
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