Atravessando a mata. A mata vive, tem ossos, carne, coração, espírito. No carro o condutor conta a história da árvore que foi cortada num dia e no dia seguinte apareceu de pé, ainda com as marcas da serra, mas de pé e eu vi, vi mesmo. A mata tem mistérios.
Na roça do João oiço as histórias de S.Tomé, que são tantas, cruzadas, emaranhadas, resolvidas, mal resolvidas, problemáticas, esperançosas e por aí fora. O céu desaba-se em água. Chove sempre, sempre e forte. A mata tapa tudo, só se vislumbrando um punhado de casas ali, um troço de estrada mais além, o cume dum monte ao longe, uma breve vista do mar e as vozes. A mata tem sons e vozes.
S.Tomé tem povos vários, atirados do mar para dentro da mata. Com o lento escoar do tempo os povos se cruzam mas ainda dizem, nós, eles, aqueles, este é nosso, aquele é deles, não queremos saber nada deles e assim. Os povos ainda não sabem se juntar, num único abraço.
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