26.11.11

Partida


Quando partimos os olhos demoram a largar o horizonte numa tentativa de reter lembranças, sons, cheiros, momentos com pessoas, os bons momentos. Por algum tempo essas ressonâncias vão parecer vida real, até podemos sorrir sozinhos num canto só de lembrar coisas pequenas, insignificantes toques de felicidade. Depois esvai-se no tiquetar dos dias, o ruído dos carros abafam a melodia das vozes. Partida é assim, é chorar de dor de partir, é prometer amizade eterna, trocar endereços e nunca escrever. É querer nunca ter partido e nem se lembrar disso tempos depois. Partir é guardar fotografias para se ver em silêncio, como quem escuta a canção favorita, com headphones.

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