11.2.09

Raiz do mal

Massimiliano Boschini

Ontem via nas notícias deputados que denunciavam a situação sócio-económica alarmante que vive S.Vicente. Grande novidade, pois! Diziam também que há mais de quatro anos que S.Vicente aguarda os grandes projectos turístico-imobiliários. S.Vicente tem uma taxa de desemprego na ordem dos 27%. A indústria (?) está esgotada. O comércio desmantelou-se.

S.Vicente, a terra do meu umbigo, mexe com o meu sistema. Quando saí de S.Vicente ainda havia sinais de que outrora foi uma ilha importante. Depois vim a saber pelos livros de história (que não se ensina na escola) que realmente S.Vicente teve um breve e esplenderoso período de prosperidade, à volta da navegação marinha transatlântica e da stockagem e comercialição do carvão. Mindelo foi a primeira cidade moderna de Cabo Verde. A vida social era interessante: só lembrar que o golfe, o ténis, o cricket, os grémios, os bailes, o cinema, o teatro, a música, a literatura, etc., faziam parte da vida social do Mindelo. Foi este S.Vicente que se projectou em todo o Cabo Verde como imagem de superioridade e que nos legou a espírito cosmopolita. Mas, entretanto, a pobreza sempre este ali. Entretanto os proveitos económicos da época alta nunca foram aplicados para diversificar a economia e acompanhar a evolução dos mercados e da tecnologia. O que foi uma asfixia lenta no tempo colonialista, foi uma morte e enterro no tempo da "economia centralizada".

Afinal em S.Vicente, apesar das chorudas receitas desse tempo, não houve desenvolvimento económico. Apesar do cosmopolitismo e da sofisticação de uma (pequena) sociedade, não houve desenvolvimento social. Hoje, temos uma ilha a chorar por uma novo milagre vindo de fora. Uma ilha, com história, com cabeças pensantes, num mundo de oportunidades, a chorar por socorro.

E para o resto do país, quando acabarmos de vender tudo e privatizar tudo, vamos viver do quê?

1 comentário:

Rosi disse...

Long Time...
como bons Kriolos vamos viver de sombra e agua fresca. Fala Sério!!!