7.9.09

Aqui todos malham

Uma brasileira andou dedilhando algumas impressões sobre a comida que é servida na cidade da Praia o que incomodou muita gente. É certa que a senhora apressou-se nas ilações tais como "não doura-se cebola e alho, eles são cozidos junto com todos os demais ingredientes do prato" mas depois de nos passar a irritação de ver o nosso nome criticado não pelas melhores razões, vamos fazer um exercício de racionalidade e vamos perguntar: ela andou muito longe da verdade?

Em Cabo Verde come-se bem, diverte-se bem, vive-se bem, mas só para quem conhece e chega a traçar o seu próprio roteiro. De resto, para os visitantes, passamos uma péssima imagem e mesmo nós próprios dizemos muitas vezes: come-se mal na cidade da Praia! Exercício: tendo dinheiro, experimentem almoçar todos os Sábados e Domingos na cidade da Praia e verão se em duas semanas não estarão terrivelmente irritados.

Não vale a pena "chingar" a brasileira. No mundo de hoje da globalização e do tempo limitado, um país que se preze deve impressionar desde o aeroporto a todo o resto. Neste sentido, acho que a brasileira foi até "bacaninha", como ela própria disse, porque na verdade somos horríveis de turismo. Aceitemos os factos.

11 comentários:

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Meu querido César, estou sempre aqui na Bianda, mas parco em, comentários, porque tempo não sobra. Este teu post vem a propósito e as críticas que a brasileira recebeu dos crioulos não são de estranhar. Não porque ela pode ter sido um pouco imprecisa, mas porque revela o seguinte: o cabo-verdiano é bom em tudo, somos os melhores, até que alguém nos critique. Faço coro à tua pergunta e recomendação.

Anonymous disse...

Poupem a brasileira, ela foi é descuidada na escolha das palavras. Concordo com o César, só quem teve por necessidade que comer em restaurantes na Cidade da Praia sabe que em geral se come mal, a variedade é pouca, e onde podemos encontrar qualidade não somos correspondidos em criatividade. Há que reconhecer que há muito por onde evoluir.
F. Almada

Tchale Figueira disse...

Caro César, não duvido que existem bons cozinheiros (as) nesta terra. Mas há também uma falta de fantasia na cozinha como na politica etc. É so ver a pasmaceira e falta de rigor nos restaurantes deste país. Um país de peixe todos comem galinha e bifes(aqueles que tem dinheiro amigo, pois há (muitos pobres, nada, nada) Se a brazileira criticou acho bem des que a critica foi com pés e cabeça. Ma se formos ao fundo da história da culinaria destas ilhas sem basofaria não há muito... O prioritário do Cavoverdiano era encher a bariga de bugiganga como diz o J. Humberto para sobriver a fome. Sei que podemos melhorar hoje a nossa culinaria. Basta criatividade e fantasia. A maioria das comidas italianas como pasta com tomate foram inventados nas guerras para não parecerem. Em Portugal tambem, no Alentejo foi a mesma coisa. Hoje comem-se estas deliciosas iguarias em Rest finos... saborosos manjares... Basta um pouco de fantasia meu amigo.
Abraço.
Tchale

velu disse...

Eu também entro no coro com o Ludjero! Caboverdiano adora pavonear-se! Turismo? Onde está? Basta ir até aqui ao lado, á nossa vizinha Canárias para percebermos o quão distante estamos. O nosso aeroporto "internacional" (falo da Praia) é já presságio do que vem a seguir. Tenho um post preparado sobre um tema mais ou menos parecido, para colocar.
Abraço.

velu disse...

Mas que a brasileira perdeu o controle com suas palavras, lá isso perdeu!
Mas esse tipo de gente, não merece sequer um comentário nosso!
Nós sabemos que o nosso turismo é uma pé na .... mas falar assim tão levianamente sobre uma série de aspectos do nosso país, é ignorância absoluta, convenhamos!

Cesar Schofield Cardoso disse...

Pois é Velu. Daí o título do post: "aqui todos malham". Mas minha amiga, fazer o quê? Quando vamos a outros sítios não fartamos de malhar nas coisas que não nos agradou? Sim, a menina foi leve nos comentários mas vê-se que ela gosta de dar um show de culinária. Mas nós, se queremos que essas coisas não acontecem, temos de cuidar da nossa imagem. Olha, ainda hoje almocei num restaurante...É tudo tão surreal!!!!

MS-Mnininha Soncente disse...

Olà Cesar...acabo de fazer um postr sobre isso... e qdo resolvo fazer minha ronda habitual encontro um post teu sobre isto... sensação de "uff" já nao me sinto ET...
todo o mundo indignado quando muitas vezes nós já fizemos criticas iguais ou piores....mas se é de alguém defora..toca esfolar

João Marcelo disse...

César,

Depois de acompanhar a repercussão toda na net (e nos comentários de amigos, que nem bem chegamos de viagem vieram nos contar sobre o tal post), só posso te congratular pelo seu post... pelo menos encontrei mais alguem que leu o post original da mesma forma que eu :)

Joshua disse...

Também se come mal no Sal. Já na Ilha do Porto Santo, tão parecida com o Sal, come-se divinamente.
Quanto à atitude da generalidade dos caboverdianos que trabalham nos serviços relacionados com o turismo...nem vou comentar. É uma pena.

Cesar Schofield Cardoso disse...

Acho que a brasileira foi sim leviana na escolha das palavras, mas fala de coisas que sabemos bem. Como um de vocês comentaram, às vezes só faltava a apresentação e o bom atendimento para transformar aquele produto que nem é intrinsecamente tão bom assim, numa maravilha. Nunca compraram uma coisa de tanto que o vendedor era simpático.

Esta discussão enquadra-se noutra que há muito tempo vemos tendo: a noção de estética do caboverdiano.

Sal Pimenta disse...

Caro César, ela foi mesmo infeliz na escolha das palavras, mas se olharmos na generalidade, vemos que há uma crítica de quem conhece mas que está habituado a fazer diferente, e que há também elogios que parecem genuínos.

Não podemos pedir a todos que digam bem de tudo o que encontram no país, se nós mesmos não gostamos de muita coisa e pomo-nos mesmo a jeito de ser criticados, como quando não atendemos bem, não somos profissionais, não somos rigorosos, etc.

Ás vezes também somos um bocadinho apressados a reagir para defender nossa honra, dando assim protagonismo demais a quem muitas vezes não merece.