13.10.09

Abriaspas #2

Depois da apresentação de clips de vídeos sobre o campo do Tarrafal (passado) e alusivo ao Guantanamo (presente), fica a pergunta: “O lugar do prisioneiro ideológico, e da prisão, na relação com a criação artística?”

Bem, ontem não pude ficar para ouvir o debate até ao fim, mas tenho uma opinião sobre isso. A arte é fúria e catarse. Um homem sem fúria e paixão é um homem apático, sem força motora e sem motivação. Esta noção é extensível a toda a sociedade que deve reagir, na minha opinião, sobre os factos da sua história e da sua vivência diária. Temos de amar e odiar. Um homem convicto e transformador é feito disso. A temática é violenta, suja e traumática mas aconteceu e vive algures escondido dentro de nós. Existe e suja-nos. A sua transformação em arte é ao mesmo tempo cura, libertação e…criação.

Sempre achei bonito fazer arte (por definição o estético, o belo) a partir de lixo, neste caso lixo espiritual. Parece uma parábola: o destruidor suja e causa dor; o criador revitaliza a vida e faz o belo do horrendo. A arte é o reverso da estupidez.

Sem comentários: